Se você for como eu, há uma chance considerável de ter passado horas em frente a uma televisão com um cartucho inserido em um videogame, apertando botões e tentando superar desafios cada vez mais difíceis.
Naquela época, a trilha sonora tinha um papel essencial, o de motivar o jogador a se engajar com jogos que eram essencialmente monótonos, com paleta de cores limitadas e dinâmicas muitas vezes repetitivas.
Assim, apesar dos parcos recursos técnicos, que possibilitavam uma gama limitada de timbres e possibilidades, os primeiros funcionários de disciplinas diferentes da programação de computadores foram os músicos. E a missão era traduzir a emoção do game em trilhas que fossem ao mesmo tempo cativantes e dessem aquele gás pra se engajar na aventura proposta.
Mas, para além da sua funcionalidade nos jogos, as trilhas de games tiveram um papel importantíssimo na cultura pop como a conhecemos hoje.
Você provavelmente já ouviu essa música centenas, se não milhares de vezes.
Street Fighter II não é qualquer game, é praticamente um artefato cultural, tão importante quanto Super Mario Bros. Basta olhar pelo Youtube e ver a quantidade de remixes e versões das mais variadas, dessa trilha como um todo.
O jogo em si tem muitas qualidades e foi responsável por todo um boom de games de luta e também pelo ressurgimento dos fliperamas como uma sensação durante a década de 90.
A trilha sonora é extremamente icônica. Ken, Ryu, Guile, Chun-Li, Sagat, Dhalsim, Zangief, Balrog, Blanka… é bem provável que você consiga lembrar de todos os temas ou, pelo menos, uma boa parte deles.
Escolha uma. Você conhece, eu sei.
Sim, é raro que os compositores de trilhas sonoras de games ganhem algum tipo de holofote. Em geral, o trabalho deles acontece no background e fica ali mesmo, ainda que o impacto seja bastante profundo na cultura.
Ainda assim, é menos conhecido ainda o fato de que a trilha de Street Fighter II foi composta por uma mulher, chamada Yoko Shimomura e que ela fez outras trilhas bastante marcantes no universo de música de games. Breath Of Fire, Legend Of Mana, Super Mario RPG, Kingdom Hearts e até uma pequena participação na trilha de Mega Man 5.
Aqui eu deixo um álbum que contém o melhor das suas composições para orquestras. Se você, como eu, gosta de trilhas sonoras (em especial de games), vale ouvir.
Se não conhece o mundo de trilhas de games e gostaria de saber um pouco mais, recomendo o documentário Diggin’ in The Carts, feito pela Red Bull Music Academy. Esse é um universo cheio de particularidades e com uma bela história. Recomendo bastante.
E, se nada disso for do seu interesse, fica a dica de tirar a poeira do seu cartucho ou baixar um emulador e matar a saudade de Street Fighter II. Nunca é demais, né?
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