Se um sujeito desavisado aterrissasse direto dos anos 90 em um dos bairros criativos, boêmios e de classe média de uma grande cidade nos dias de hoje – seja ela São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque, Londres ou Berlim – poderia acreditar que a barba foi inventada na última semana, tamanho o fervor com que os pelos faciais têm sido cultivados.
Pois a barba não nasceu ontem, meu amigo. A ideia de que ter pêlos no rosto pode ser sinônimo de virilidade, sabedoria, credibilidade ou canal de expressão para a beleza masculina já atravessou mares e montanhas através dos séculos e das tendências de moda – não foi aquele moço hipster com um palmo desgrenhado abaixo do queixo que a inventou.
Duvida? Confira essa lista com 23 curiosidades e fatos sobre barbas ao longo da história.
1. É Pau, é pedra
Se você costuma se cortar com a navalha ao aparar os pêlos, não reclame de barriga cheia. Acredita-se que os primeiros homens a raspar a barba, cerca de 30 mil anos atrás, usavam lascas de pedras afiadas para fazê-lo.
2. Teoria da evolução
Diversos biólogos acreditam que os pêlos exerceram, historicamente, um papel natural no processo seleção sexual. Charles Darwin, pai da teoria da evolução e dono de uma senhora barba, acreditava que elas funcionavam como um importante indicador de maturidade sexual.
Das duas, uma: o sujeito realmente sabia das coisas e levava suas descobertas à sério ou advogou em causa própria.
3. A barba nos campos de batalha
Na Grécia antiga cultivar barba era um sinal de status, força, coragem e sabedoria – os espartanos, por exemplo, raspavam o rosto daqueles que consideravam covardes. Tudo corria bem até Alexandre, o Grande, a quem se atribui a "culpa" pelo fim da cultura barbada após essas civilizações. O macedônio proibiu os pêlos de seus comandados por que acreditava que a barba significava um ponto fraco em combate corpo a corpo.
Será que para além de brandir espadas e escudos os antigos curtiam mesmo era puxar umas barbas durante as lutas? Isso os filmes não mostram!
4. Sem barba, sem sexo
Na Idade Média a barba voltou a significar virilidade e honra entre os nobres enquanto a cara limpa dos clérigos da igreja Católica era considerada um sinônimo de celibato.
Ou seja: sem barba, sem sexo.
5. Os piratas e as colônias de rum
No século XVI, os marinheiros misturavam rum e bay (uma espécie de folha de louro, orignária das Índias Orientais) para criar uma colônia. E se era importante ficar cheiroso ao atracar em um porto ou outro, essa mistura ganhou outra função séculos depois, quando assumiu a função de loção pós-barba.
De acordo com a Barbearia Cavalera, que criou um produto à imagem e semelhança da criação, o rum possui propriedades cicatrizantes e o louro entrega aroma. Juntos, são úteis para fechar os poros, absorver a oleosidade e revitalizar a pele.
6. O pirata barba Negra…
Pois se seus companheiros de mar inventaram uma maneira de ficar com a pele lisa e saudável, Barba Negra, um dos piratas mais famosos da história, fez o contrário para merecer a fama e alcunha.
Cruel, Edward Teach fazia questão de ter a aparência mais marcante e sinistra possível antes de abalroar navios no Caribe.
7. … e sua barba negra
Dono de uma barba grossa (e claro, negra) que ia quase até sua cintura, costumava separá-la em tranças amarradas com fitas coloridas. Fofinho? Não quando a imagem que ele passava era completada por pavios de cânhamo que pendiam do chapéu para deixar o seu rosto envolto em fumaça e um artefato com duas ou três pistolas sobre o ombro.
Os marinheiros que esbarravam com a figura costumavam pensar que ele era o Diabo em pessoa. Isso sim é uma barba de respeito.
8. Tropeçou na barba
Se empolgou? Cuidado! Cultivar a barba pode ser perigoso. Se os pêlos bem cuidados são capazes de matar mancebos de orgulho, também existem relatos de que ela já foi capaz de fazer isso literalmente.
Em 1567 o austríaco Hans Steininger – que supostamente teria portentosos 1,40 metro de barba – tropeçou na sua demonstração facial de masculinidade, caiu e quebrou o pescoço. Triste fim para o líder da cidade de Braunau.
9. A barba de Tiradentes
Esqueça o que você aprendeu nos livros de história. Principal propagandista da Inconfidência Mineira, Tiradentes não tinha barba.
“Se você perguntar por aí o que foi a Inconfidência, a grande maioria das pessoas vai dizer que foi um movimento brasileiro liderado, em Minas Gerais, por Tiradentes, um sujeito barbudo. Não há conhecimento muito além disso, e história e mito se misturam, porque, para começar, o Tiradentes nunca teve barba”, explica o jornalista Pedro Dória, autor do livro 1789 – A história de Tiradentes e dos contrabandistas, assassinos e poetas que lutaram pela independência do Brasil. Apesar disso, o alferes era gente como a gente: “sabe aquele cara que toma dois chopes e já começa a fazer discurso? Esse era o Tiradentes”, disse.
10. Machado de Assis e amor à barba
Mais respeitado escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis não abria mão da sua distinta barba. Ele também não se furtava a escrever sobre o imaginário que cerca os pêlos. No romance Esaú e Jacó, penúltimo que publicou, há esta passagem:
“– Nasci no dia em que Pedro I caiu do trono.
Natividade repreendeu a Paulo a sua resposta subversiva. Paulo explicou-se, Pedro contestou a explicação e deu outra, e a sala viraria clube se a mãe não os acomodasse por esta maneira:
– Isto hão de ser grupos de colégio; vocês não estão em idade de falar em política. Quando tiverem barbas.”
11. Melhorando o rosto do presidente
Abraham Lincoln não costumava usar barba. Dizem que isso só mudou depois que uma carta escrita por uma garotinha de 11 anos lhe dizia para “deixar crescer algum bigode” pois seu rosto era muito fino.
12. Barba até no nome
Um dos pioneiros do escotismo americano, Daniel Carter Beard levava barba até no nome. Não é de se espantar que dedicou parte da vida à tradição de transformar meninos em homens (antes de fundar a organização Filhos de Daniel Boone e o Boy Scouts of America, chegou a ilustrar livros de Mark Twain).
13. O imposto da barba
Você provavelmente já ouviu falar que o Brasil possui uma das maiores taxas de impostos do mundo. Pois agradeça por ninguém ter tido a brilhante ideia de recriar as "taxas de barba" por aqui. Em 1535 o rei britânico Henrique VIII criou um imposto sobre pêlos que variava de acordo com a posição social do indivíduo. Algum tempo depois sua filha, Elizabeth I, recriou a taxa. Dessa vez, todos os donos de barbas com mais de duas semanas de crescimento precisavam entregar uma graninha à coroa.
Algo semelhante aconteceu na Rússia de Pedro I, que queria modernizar a sociedade que governava com padrões da Europa Ocidental. Os contribuintes deviam carregar uma insígnia que dizia “a taxa da barba já foi paga” (custava 100 rublos) e “a barba é um fardo supérfluo”.
14. It's me, Mario!
Bigodudo mais famoso dos videogames, o encanador Mário deve seu bigode aos limites gráficos dos videogames de outrora.
Shigeru Miyamoto disse em entrevista ao apresentador Conan O’Brien que criou a marca registrada do personagem porque o bigode deixava mais fácil enxergar o nariz do personagem nos games de 8 bits.
15. O vilão mais ridículo
Pense em um vilão ridículo do universo dos quadrinhos. Pensou? Pois te apresento um mais ridículo ainda: o Beard Hunter (criação de Grant Morrison, pai dos Novos X-Men).
Nascido com uma deficiência hormonal que não lhe permitia deixar a barba crescer, Ernest Franklin acumulou tanto rancor e inveja em seu rostinho de bebê que começou uma cruzada contra os pêlos faciais: nas histórias da DC em que aparece, ele caça e mata suas vítimas para levar suas barbas para casa como troféus. Casa essa em que, diga-se de passagem, o sujeito morava com a mãe. Sem mais, meritíssimo.
16. Vingadores barbados
Que a Marvel costuma pegar pesado naquela coisa de inventar trocentos multiversos, a maioria dos fãs de HQs já sabe. Mas acho difícil de alguma ideia ser mais bizarra do que aquela que rege o universo Terra 200500: nessa realidade, todos os Vingadores têm barba. Sim, até a Feiticeira escarlate.
17. Barba malvada
Maldade e barba andam juntos? Para os criadores de Star Trek, sim. Ao criarem o “Evil Spock” para o episódio “Mirror, Mirror”, que explora a junção de universos em uma realidade alternativa, os autores fizeram o ator Leonard Nimoy adotar um cavanhaque.
18. Bigode de respeito
No universo das séries americanas, cabe a Ron Swanson o título de bigode mais portentoso dos anos 90 para cá.
Um verdadeiro discípulo do Magnum Tom Selleck, o personagem possui até um código para a bigodeira em sua pirâmide da grandeza: “Pêlos faciais: cheios, espessos e alinhados. Nada esculpidos. Se você precisa esculpi-los, isso provavelmente significa que você não consegue fazê-los crescer”.
19. Não tira o bigode não!
Lenda das lutas armadas na televisão, Hulk Hogan avisou que ia raspar o bigode característico quando anunciou sua aposentadoria, em 2012.
O Instituto Americano dos Bigodes (sim, ele existe. O que estamos esperando para criar o nosso?) protestou, afirmando que Hogan era uma “figura de liderança na sexualmente dinâmica comunidade americana do bigode”. Tá pensando que é bagunça? Com grandes poderes, grandes responsabilidades.
20. Campeonato Mundial de Barba & Bigode
Desde 1995 a Associação Mundial de Barba e Bigode realiza, a cada dois anos, o Campeonato Mundial de Barba & Bigode.
A grande controvérsia é que os americanos criaram, em 2014, um evento com o mesmo nome (na verdade, trocaram o nome do campeonato nacional para mundial, como gostam de fazer no basquete, beisebol ou futebol americano). Um abaixo assinado contra a competição americana foi criado e assinado por 103 clubes espalhados pelo mundo. Batalha de testosterona.
21. ZZ Top, os caras que não venderam suas barbas
Donos das barbas mais icônicas do rock, os guitarristas Billy Gibbons e Dusty Hill, do ZZ Top, usam o estilo desde a década de 70 (o baterista do grupo, que ironicamente se chama Frank Beard, é o único a não adotar a marca registrada).
Nos anos 1980 eles receberam a oferta de raspar as barbas por 1 milhão de dólares cada, mas ao contrário do chicleteiro Bell Marques não cederam à pressão econômica. Vida longa o rock and roll!
22. As barbas mais bonitas… e de mentira
O filme Grande Hotel Budapeste, dirigido por Wes Anderson, faturou o Oscar 2015 na categoria de cabelos e maquiagem ao desfilar uma impressionante variedade de bigodes e barbas. Apesar dos sucesso, os pêlos não eram o que pareciam ser: 70% dos bigodes espalhados pelo filme eram falsos, e foram criados a partir de cabelos humanos.
Uma exceção mais do que honrosa vai para os pêlos ostentados pela lenda Bill Murray. Não esperava menos de você, mestre.
23. Amém
Por fim, mas não menos importante: Gandalf, Dumbledore e até Jesus têm barba. Coincidência? Acho que não.
Mecenas: Philips
Nos próximos meses, Philips será mecenas de um canal especial sobre barba e estilo: vamos abordar todos os caminhos da barba, desde quem está deixando os pelos crescer até a conservação de quem já tem tudo no lugar.
Independente de como for a sua barba, a Philips possui a linha mais completa de aparelhos de barbear e aparadores para você criar diferentes estilos com rapidez e facilidade.
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