O Pará é uma terra culturalmente fértil.

Fico especialmente feliz ao observar como os olhos e os ouvidos têm andado muito mais atentos ao que acontece mais ao norte do país. Tem algum tempo que o interesse deixou de ser apenas pelo exotismo da novidade e, agora, parece que a região é muito mais respeitada e contemplada quando se fala em música brasileira.

Ainda assim, é bem difícil entender o que acontece no Pará sem visitar a terra. 

O Pará ferve, não só pelo calor insano, mas por que as coisas mudam e se transformam muito rápido quando o assunto é cultura. De um ano pra outro a cena se renova, surgem novos artistas, novas iniciativas, novas festas, novas tendências. Ao mesmo tempo, há retornos às origens, artistas já consolidados lançam novos trabalhos e até mesmo alguns há muito tempo inativos acabam ressurgindo.

As coisas no Pará são assim, vivas.

Eu vim para cá agora, no final do ano, para revisitar os amigos, tocar e, claro, renovar as energias antes de 2018 chegar quebrando tudo e, confesso, sinto uma alegria imensa ao ver como tudo segue se revolvendo como o rio.

A efervescência está mais intensa que nunca.

Para quem não tem a mesma proximidade com a cena, resolvi reunir alguns artistas já velhos de guerra ao lado de outros menos conhecidos ou com carreiras mais novas mas igualmente sólidos. 

Tem um pouco de tudo: do carimbó, ao brega, ao pop, ao rock.

Minha lista de forma alguma pretende esgotar o assunto. Aliás, se souberem de alguém que eu tenha esquecido, favor colocar nos comentários. Todo mundo ganha.

Dona Onete

A Dona Onete é um fenômeno. Cantora de carimbó, do alto dos seus 78 anos, conquista todo mundo com aquele carisma de vó carinhosa. É um tesouro da música tradicional paraense.

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Félix Robatto

O seu visual imediatamente o concede o título de Billy Gibbons paraense. O Félix já tem uma longa história na cidade, é um dos principais apoiadores da música em Belém e vem transformando a noite da cidade com a Lambateria, uma festa de música tradicional paraense que rola todas as quintas. Aliás, se eu fosse recomendar uma experiência pra quando você estiver por lá, seria: vá na Lambateria.

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Felipe Cordeiro

O Felipe Cordeiro faz um tipo de música que bebe diretamente da fonte do brega, guitarrada e carimbó, mas dá um ar meio pop e alternativo pra coisa toda. Coloca fogo em qualquer festa na Vila Madalena.

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Luê 

A Luê é uma ótima cantora e, ao mesmo tempo, toca rabeca maravilhosamente. Começou com um disco bem tradicional que flertava com o erudito, mas agora vem com um novo álbum bem mais experimental. Não chegou a abandonar as origens paraenses, mas está cheia de novos sabores e com uma sonoridade bem mais urbana. Vale conferir.

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Sammliz

A Sammliz é ex-vocalista de uma das melhores bandas de rock que já existiram em Belém, a Madame Saatan. Agora está em carreira solo e lançou um disco bem legal feito em conjunto com vários dos melhores músicos de rock da cidade.

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Keila Gentil

A Keila é ex-vocalista da Gang do Eletro, um grupo que leva o tecnobrega a uma outra esfera. Ela vem em carreira solo e não deixa nada a dever ao seu grupo de origem. 

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Strobo

Banda de música instrumental do qual já cheguei a falar aqui na coluna. Procure o nome do Leo Chermont e do Arthur Kunz e você vai perceber que a influência deles na música paraense é bem maior do que só a banda. Eles estão em parceria em inúmeros projetos diferentes. Não é raro ver que algo tem o dedo deles, seja como músicos de estúdio ou produtores.

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Uaná System

É uma injustiça pedir pra você ouvir o Uaná System. Eles são uma experiência audiovisual que mistura músicas tradicionais com efeitos eletrônicos e que, definitivamente, precisa de todos os elementos apresentados para fazer jus ao que querem proporcionar. Ainda assim, aí vai uma gravação deles no Soundcloud:

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Molho Negro

Banda de rock no sentido mais estrito da palavra. Ouvir o Molho Negro é muito melhor se você é de Belém e entende as referências à cidade contidas nas letras. Ainda se você nunca visitou o Pará, vale ouvir pela qualidade da banda mesmo. Eles também já estiveram na coluna outra vez, caso queira conferir.

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Lucas Estrela

O Lucas Estrela traz uma linguagem muito própria à guitarrada. O som tem uma influência bem aprofundada dos antigos mestres, mas é repleto de timbres alienígenas se considerarmos o contexto tradicional.

Vale tentar ouvir ao vivo. Aliás, como todos os artistas aqui listados. Garanto uma experiência intensa. 🙂

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Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no <a>Youtube</a>