Hoje, um grande momento da história

Diante de tanto lixo sendo divulgado, às vezes eu vejo algumas notícias que realmente me dão orgulho de estar vivo e ser capaz de acompanhar tais momentos.

Vemos tantas revoluções no passado e não temos tanta nitidez para olhar para baixo e contemplar as grandes ondas nas quais estamos surfando.

Por não fazer isso, muitas vezes ficamos preocupados com nossas micro revoluções, nossa vidinha, nossos objetivos pessoais a ponto de perdemos vários trens bala que passam. Saíssemos nós da bicicletinha e pronto, poderíamos pular em um desses trens e potencializar muito nossas habilidades em grandes projetos, em sonhos muito maiores do que nós.

Eu vou dar um exemplo de uma grande onda dessas e depois gostaria de ouvi-los, não exatamente sobre o que vou falar, mas sobre os momentos atuais dos quais vocês se orgulham.

Instituto Mind & Life e ciências cognitivas

Ontem descobri (no Twitter do @DalaiLama) o site do Center for Investigating Healthy Minds. Essa e várias outras iniciativas – como o Instituto Mind and Life (sobre o qual já escrevi) – mostram que estamos começando a aplicar o método científico em primeira pessoa no estudo da mente.

Além de EEG e mil outros recursos da neurociência (terceira pessoa) ou psicanálise (segunda pessoa), e se usássemos a própria mente como instrumento para ver a si mesmo assim como usamos telescópios ou microscópios? Não faremos apenas ciência do cérebro, analisando sinapses e processos bioquímicos. Não faremos apenas ciência comportamental. Vamos olhar pensamentos, imagens e emoções no mesmo campo em que surgem, a mente, sem reduzi-las a sinapses e alterações fisiológicas do cérebro.

Link YouTube | Apresentação do Mind and Life

Mais ainda, estamos analisando não apenas distúrbios, mas nossos potenciais. E já sacamos que esse instrumento precisa estar regulado, com foco, pois não se faz ciência com telescópio desfocado. Ou seja, precisamos de métodos científicos para regular a mente. Alan Wallace, um dos grandes pioneiros nesse trabalho, sugere que esse método seja a meditação de shamatha. De fato, ele tem projetos muito rigorosos para isso, incluindo cientistas em todos os passos do processo.

E não há nada de misticismo new age nesses trabalhos. Só encontramos filósofos geniais como Evan Thompson, cientistas do naipe de Francisco Varela, professores do MIT como Otto Scharmer, economistas, educadores, psicólogos, matemáticos, médicos, físicos...

Tenho a sorte de acompanhar esse processo bem de perto pelo trabalho do Lama Padma Samten (que lecionou física por 25 na UFRGS) aqui no Brasil. Ele foi o responsável pelas duas visitas do Alan Wallace ao Brasil, passando por várias cidades, palestrando em universidades e até diretamente para doutores do Instituto do Cérebro, no hospital Albert Einstein.

Eu era o único leigo nesse dia. Fiquei impressionado tanto com a longa troca de experiências que ocorreu quanto com o trabalho seríssimo em ciências cognitivas e meditação que está sendo feito pelos doutores do Albert Einstein. Eles mostraram até aparelhos, pesquisas e uma super rede de processamento que já tem trocentos TB de dados armazenados.

Saber que estou vivo bem no momento em que isso está acontece e poder ajudar como posso (fazendo sites, aprendendo shamatha, divulgando na web, estudando), isso me dá um puta tesão.

Quais outros trens você acompanha ou ajuda a tocar?

Olhando para os noticiários, do que você se orgulha de estar vivo? Qual grande onda está acompanhando com empolgação? Está agindo de algum modo para ajudar algum grande movimento a seguir?

Está inserindo sua história pessoal em grandes histórias ou apenas está observando os trens passarem ao longe enquanto faz o seu pique-nique e se diverte como pode antes de morrer?


publicado em 26 de Maio de 2010, 11:11
Gustavo gitti julho 2015 200

Gustavo Gitti

Professor de TaKeTiNa, colunista da revista Vida Simples, autor do antigo Não2Não1 e coordenador do lugar. Interessado na transformação pelo ritmo e pelo silêncio. No Twitter, no Instagram e no Facebook. Seu site: www.gustavogitti.com


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura