Nada melhor do que viajar e ter todo o conforto e mordomia do qual você raramente dispõe em casa, não é? Aquele café da manhã bacana todos os dias sem ter que fazer nada, aquela cama que se auto-arruma magicamente quando você volta para casa no fim de tarde, aqueles empregados bem vestidos e solícitos que estão ali unicamente para fazer da sua estadia uma experiência prazerosa e sem qualquer tipo de stress.
Mas tudo isso custa consideráveis somas da unidade monetária vigente no país em questão, que poderia ser talvez melhor aplicada nas atrações turísticas e culturais disponíveis. Especialmente em Amsterdã – if you know what I mean –, onde fica o Hans Brinker Budget Hotel, que resolveu abraçar a imagem de um hotel barato, mas ruim.
Link YouTube | Você precisa mais do que isso, neném?
As propagandas do Hans passam a mensagem de maneira particularmente clara, como mostraram os nossos bróders do Brainstorm #9. Os vídeos já mostraram pessoas que pagam pela cama e depois resolvem dormir em outro lugar, além de uma versão animada em stop motion de uma velhinha hardcore limpando quartos com ratos mortos e cadáveres nas camas. E o site do hostel dá as boas vindas aos possíveis novos hóspedes de forma bastante singela:
O Hans Brinker Budget Hotel orgulhosamente decepciona viajantes há quarenta anos. Oferecendo níveis de conforto comparáveis aos de prisões de segurança mínima, o Hans Brinker também tem água encanada e uma cantina pública que às vezes está aberta e serve uma ampla variedade de pratos baseados em ovos fritos com gema mole.
Isso sem contar a lista de facilidades, que inclui “um elevador que quase nunca quebra entre um andar e outro”, “um bar no porão com pouca luz e nenhum ar fresco” e “um pátio de concreto onde você pode relaxar e curtir a pouca luz do sol que consegue passar por entre os prédios dos dois lados nos extremamente infrequentes dias em que de fato faz sol”. Do caralho.

Mas, na real? É só marketing. Eu passei quase três meses morando de hostel em hostel na Europa esse ano, e a julgar pelo perfil do Hans Brinker no Hostelworld (a bíblia da hospedagem barata), ele não é nem tão ruim nem tão barato. Os hostels com pior avaliação de Amsterdã têm cerca de 40% de aprovação no Hostelworld, enquanto o Hans tem 74%. E com diárias custando no mínimo 25 Euros, ele é bem mais caro do que grande parte dos seus concorrentes na mesma cidade: dá para achar hospedagem na cidade por preços entre 10 e 15 Euros com muita facilidade.
Mesmo assim, quando eu for para Amsterdã, vou querer ficar no autoproclamado pior hotel do mundo. Quem disse que marketing não funciona?
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