Imagina a cena.
Você passa semanas trocando mensagens e organizando para se encontrar em um evento com amigos que há muito não via. O dia vai se aproximando e seu trabalho e as aulas começam a parecer que estão mais demorados, os dias parecem correr mais devagar que o habitual.
O evento chega, todos os detalhes estão acertados e você está arrumado, até cortou o cabelo para a situação. Chega cedo, não quer que digam que os anos passam e você continua sendo o atrasado de sempre, deseja mostrar que mudou.
Dá a hora marcada e você está lá, com os pés fincados no local combinado, já cansado de olhar para cada rosto com semblante de cachorro sem dono e para aquela palmeira à sua frente revisitando mentalmente todas as árvores que você conhece e que se encaixariam melhor naquele ambiente do que aquela árvore baixa e feia.
Ninguém aparece.
Você busca no bolso o celular, abre o aplicativo de mensagens e pergunta onde eles estão, acompanhado de 10 emoticons com uma expressão de impaciência. Percebe que sua mensagem não é enviada, e lembra que realmente seu pacote de dados estava perto do limite e você não tinha saldo suficiente para renová-lo. Talvez fosse isso.
Decide ligar para sua amiga, mesma operadora, ligação mais barata, não poderia dar errado. Dá. Você simplesmente não tem sinal, culpa da quantidade de pessoas no mesmo local, desculpa que as operadoras usam para esconder que a qualidade do sinal realmente não é tão boa e sem fronteiras assim.
Isso já aconteceu com você? Pois saiba que não é só uma historinha divertida para deixar o texto mais leve, aconteceu comigo.
E por mais que tenha conseguido aproveitar sozinho o evento, foi bem frustrante não estar do lado dos meus amigos.
Se houvesse uma rede WiFi disponível ali, certamente os teria encontrado e tudo ficaria no ritmo de “tá tranquilo, tá favorável”.
Os pontos de WiFi livre são a salvação em muitos casos e uma das maravilhas do mundo moderno para universitários como eu, que tem o 9090 salvo na frente dos contatos mais frequentes.
Uma conexão WiFi aberta pode ser realmente muito útil em determinados momentos, e é muito bom que elas aumentem cada dia mais.
Mas ela também traz alguns riscos e deveríamos estar atentos em como evitá-los.
Não precisa de um conhecimento avançado para conseguir informações de outros usuários conectados na mesma rede. Essa facilidade e uma rede aberta mal intencionada pode representar alguém roubando suas informações, senhas, e até dados mais sigilosos, como sua conta bancária. A coisa é tão simples que uma menina de 7 anos de idade pode roubar seus dados.
Precisamos ter cuidado. Mas como?
Pergunte sobre a rede
A melhor forma de garantir que uma rede aberta é autêntica e não fruto de uma alma mal intencionada não precisa de nenhum grande conhecimento tecnológico, mas sim de algo presente há muito na sociedade e que fez chegar onde estamos: a comunicação.
Deixe a timidez ou o orgulho de não parecer um pobre necessitado de WiFi de lado, e pergunte a alguém do estabelecimento se ali tem WiFi, e qual seria o nome. Se estiver em um local aberto (como um parque ou uma praça), procure alguma placa que indique que ali possui um hotspot Wifi aberto.
Estratégia simples e que já evita parte do problema.
Use o básico
Não é porque você descobriu que onde está tem um WiFi livre que você encontrou o paraíso e só existe agora a mais completa paz. Calma, amigo.
Uma rede autêntica garante que você não está entrando em nenhuma feita especificamente para coletar seus dados, mas não é garantia que não há alguém ali com o objetivo de roubar suas informações.
Para evitar maiores riscos, utilize o básico. Evite entrar em qualquer tipo de conta com informações sigilosas, como a conta bancária e seu email, pessoal ou de trabalho. Utilize a internet para buscas simples, artigos que possam estar sendo pauta da conversa ou aquele vídeo do gatinho fazendo coisas fofas que você está comentando para ganhar pontos no encontro.
O Whatsapp não está sendo chato em bloquear o uso do aplicativo em certas conexões.
Quando se trata de WiFi aberto, fique no básico.
Internet banking não existe nesse momento
Apenas reforçando: internet aberta é sinônimo de uso básico. Nessas situações, passe longe do aplicativo ou do site de seu banco.
Não arrisque ter seus dados bancários roubados, e se realmente está precisando realizar alguma movimentação, como transferir o dinheiro para aquele seu conhecido, que você evitava encontrar para não pagar a dívida da balada de dois anos atrás e agora está na mesma festa que você e te olhando com cara de reprovação, faça um esforço e vá à agência ou caixa eletrônico mais próximo.
Não arrisque.
HTTPS é nosso porto (quase) seguro
Dica simples, mas que ajuda a aumentar a segurança e diminuir os riscos de qualquer invasão: procure sempre utilizar sites usando os protocolos seguros, o famoso HTTPS que aparece antes do endereço de muitos sites.
É basicamente uma camada à mais de segurança em um protocolo HTTP que garante uma maior segurança ao usuário, dificultando algum tipo de quebra. Se você decidiu que é ousado e irá ignorar todas as dicas anteriores e entrar, por exemplo, em seu email, certifique-se em usar o protocolo HTTPS.
VPN não é coisa de hacker (e você deveria usar)
VPN, ou uma rede privada virtual, é um tipo de conexão que se tornou conhecida entre 8 de 10 brasileiros no período negro que o Whatsapp foi bloqueado pela justiça.
Mas o VPN não foi criado só para permitir que você acessasse o Whatsapp enquanto ele estava bloqueado em terras tupiniquins ou para assistir aqueles filmes e seriados maneiros do catálogo da Netflix americana e você não deveria usar somente para isso.
Sua funcionalidade é muito maior do que essa, e você não precisa ser um hacker ou qualquer coisa do tipo para fazer uso.
O VPN é, simplesmente, a forma mais segura de se conectar com conexões abertas e que possam trazer algum risco para nós. Ele cria uma conexão segura e privada para nosso uso.
Hoje existem aplicativos que facilitam todo o processo e não exigem nada mais avançando do que apertar um botão. As lojas de aplicativos estão cheias de opções, com diferentes funcionalidades e (algumas vezes) preços.
Eu, particularmente, recomendo o Betternet (Android e iOS), simples e funcional.
Coloque em prática
Pode parecer um cuidado excessivo, mas é a melhor forma de evitar dores de cabeça maiores.
Atentar-se à rede que está se conectando, perguntar e procurar saber se é realmente daquele local, usar apenas o básico evitando acessar dados mais sigilosos, e procurar usar um VPN.
Quatro atitudes simples que só exigem um pouco da sua atenção, mas que garantem uma segurança e uma liberdade maior para você. E que irá proteger seus dados, na melhor das hipóteses, de uma garotinha de 7 anos esperta demais pra idade.
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