Há pelo menos um destino incrível a uma curta distância de você. É isso que tenho tentado mostrar nessa série de textos: é possível viajar mais pelo Brasil, no modo econômico e conhecendo lugares e pessoas incríveis a cada esquina.
E não faltam roteiros interessantes para mochilar em terras verde e amarelas. Já falamos sobre as cidades históricas mineiras, sobre os destinos coloniais no sul do país, de algumas praias do nordeste e até da Amazônia. Neste texto, vamos focar em outros lugares? Começando um cantinho fantástico: o centro-oeste.
Goiás e o Distrito Federal
260 quilômetros separam Brasília da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Se você mora na capital federal, aí a coisa fica fácil: basta pegar um carro ou ônibus e seguir para Alto Paraíso de Goiás, São Jorge ou Cavalcante, as melhores bases para conhecer a Chapada.
A partir de Brasília, é preciso pegar a BR-010, que logo se transforma na GO-118. E, se tiver tempo, o ideal é dividir as bases: passar duas noites em Cavalcante, onde está a belíssima cachoeira de Santa Bárbara, entre outros atrativos, e três em Alto Paraíso, oportunidade para conhecer o Vale da Lua, a Catarata dos Couros e o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
Quem não for de Brasília pode aproveitar para conhecer também a capital do país. Na ida ou na volta, pode ser uma boa ideia incluir uma parada em Formosa, que está a 80 quilômetros de Brasília. É lá que fica o Salto do Itiquira, uma queda d’água de 168 metros. E lá ainda estão as Cachoeiras do Indaiá, que reúnem quase 40 quedas d’água numa trilha curta, de apenas quatro quilômetros.
E, olhe só, Brasília está a 150 km, pela pela BR-070, de Pirenópolis, cidade histórica super charmosa em pleno cerrado. E se você chegar até lá, Cidade de Goiás, Patrimônio Histórico e Cultural Mundial segundo a Unesco, está a 168 km. De lá, basta seguir por quatro horas, rumo ao sul do país, para chegar em Goiânia. Tem mais tempo? Bem, Caldas Novas acabou de ficar mais próxima de você.
Percebeu como Goiás e o Distrito Federal rendem um mês inteiro de férias?
Espírito Santo
Eu devo ter passado uns dois anos da minha vida no Espírito Santo, um dos estados mais incríveis do país, mas que não recebe a atenção turística necessária. Pelo menos não em nível nacional.
Gosto tanto que já estou com passagens compradas para lá – dessa vez vou para a praia, mas o ES também tem serra, cidades fundadas por imigrantes, uma espécie de Rota Romântica, nos moldes da gaúcha, mas que ali se chama Rota do Lagarto, destinos de aventura e até uma cidade que foi engolida pelas dunas.
Além de conhecer Vitória, aproveite para dar um pulinho em Vila Velha, que fica do outro lado da ponte. Mas o mais famoso balneário do Espírito Santo é Guarapari, uma vila de pescadores que passou por um processo de verticalização nas últimas décadas, mas ainda guarda praias bonitas e comida boa. Guarapari está a apenas 60 quilômetros da capital.
Já ouviu falar do Parque Estadual da Pedra Azul? Esse é o principal destino de inverno do ES. Fica em Domingos Martins, um município da Serra Capixaba que está a menos de 90 quilômetros da capital do estado. O nome do parque é por conta da Pedra Azul, formação rochosa de 1800 metros, cercada de Mata Atlântica, pousadinhas e restaurantes charmosos. Uma vez ali, aproveite para conhecer as cidades coloniais do Espírito Santo, que recebeu muitos imigrantes italianos e alemães, mais ou menos como aconteceu no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina.
Além de Domingos Martins, aproveite para conhecer Venda Nova do Imigrante, ótimo lugar para comer bem e mergulhar no agroturismo. E ainda tem um destino que parece incrível, mas que não conheço: Santa Teresa, outra das cidades italianas do estado.
Repare que falamos de seis destinos, todos eles a menos de 100 quilômetros da capital do estado e do aeroporto. Só para completar a lista, se tiver tempo passe também na Igreja dos Reis Magos e a Praia de Maguinhos, que ficam em Serra, a apenas 35 km de Vitória. Você vai gostar – eu achei parecido com Trancoso, na Bahia.
Por fim, pé na estrada e suba o estado. Tem muita coisa legal no ES, do Parque Nacional do Caparaó ao Pico da Bandeira, na divisa com Minas. E muitas praias. As mais bonitas ficam em Itaúnas, distrito de Conceição da Barra que está a 260 km de Vitória. Se Conceição tem águas mornas, Itaúnas é a tal cidade que foi coberta pelas dunas e teve que se mudar de lugar. O Parque Estadual de Itaúnas, que protege a área, é outra região que foi tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
Quer continuar viagem? Bem, agora você já está na divisa com a Bahia. É só continuar subindo.
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte
Tem algumas semanas de férias? Se você morar no nordeste ou tiver como ir para lá, que tal percorrer estados? As capitais estão bem próximas umas das outras – e com várias praias incríveis entre elas. Por exemplo, a distância entre Recife, em Pernambuco, e João Pessoa, na Paraíba, é de apenas 119 quilômetros. E da capital da Paraíba para Natal, no Rio Grande do Norte, são apenas 189 km.
Montar um roteiro por essas três capitais é fácil: comece a viagem aproveitando Recife e Olinda. Depois do tempo no Recife, siga para João Pessoa – se você estiver de carro fará o trecho em cerca de duas horas. As passagens custam em torno de R$ 25 e a viagem leva três horas.
Entre João Pessoa e Natal fica Pipa. que merece uma parada de dois ou três dias para relaxar. Aí é só seguir viagem para Natal – mais 83 km, pela BR 101. Se não estiver de carro, há ônibus rodoviários entre Natal e Pipa. A passagem custa cerca de R$ 10.
Viu como é fácil? Bem, a mesma lógica funciona para o nordeste inteiro, que pode ser percorrido com facilidade, de São Luís a Salvador, com paradas interessantes a cada duas ou três horas de estrada. Nesse texto eu listei seis roteiros de viagem pelo nordeste.
Santa Catarina e Paraná
Já falei aqui no Papo de Homem sobre um roteiro fácil de fazer pelo Rio Grande do Sul, envolvendo Porto Alegre, Gramado, Canela, Bento Gonçalves, Garibaldi e Cambará do Sul. Mas o sul do país oferece muito mais.
Se você tiver duas semanas, em Santa Catarina dá para conhecer Florianópolis, Blumenau e Balneário Camboriú, entre outras cidades. A viagem entre Floripa e Balneário Camboriú tem pouco mais de 80 km, dura 1h20 e a passagem de ônibus custa cerca de R$ 30.
E a partir de Balneário Camboriú é fácil chegar em Blumenau, cidade de colonização alemã e que recebe a Oktoberfest. De carro, a viagem pode ser feita pelas BR 101 e BR 470, num trecho de 68 km. De ônibus a viagem dura 1h30 e custa R$ 21. E fiquei só nos três destinos básicos: tem muita coisa legal em Santa Catarina. De Balneário Camboriú você também estará a um pulo de Curitiba: apenas 220 km.
Além da capital, o Paraná tem Foz do Iguaçu, Morretes e a Ilha do Mel. Só mesmo Foz que fica mais distante – está a 637 km de Curitiba. Por outro lado, da capital do estado é fácil seguir para Morretes, cidade histórica a 67 km dali e que pode ser alcançada também pelos trilhos, durante o passeio de trem pela Serra do Mar. E ir para a Ilha do Mel é fácil: primeiro vá até Pontal do Sul (119 km ,via BR 277, e com ônibus por R$ 34). De lá, pegue o barco para a ilha – a viagem dura meia hora. Nesse texto listei roteiros de viagem pelo sul do país.
Amazônia: Manaus, Santarém e Belém
A viagem que ainda não fiz, mas que ocupa o topo da minha lista de desejos: percorrer a Amazônia de barco. Como ainda estou na fase do planejamento, ou melhor, de sonhar acordado, só sei da parte prática por pesquisas na internet, mas parece ser fácil. Em primeiro lugar, basta entender a logística. A viagem de barco entre Manaus e Belém dura quatro dias e percorre 1650 km do Rio Amazonas, com direito ao encontro das águas do Rio Negro com o Solimões logo no começo da aventura. Que fica bem mais longa se feita no sentido contrário ao da correnteza.
Modo de transporte comum na Amazônia, as viagens de barco levam dias e – como já ficou famoso mundo afora – podem ser feitas em redes penduradas na embarcação. Há também a possibilidade de alugar um camarote só para você.
Na metade do percurso é possível descer em Santarém e ficar por alguns dias lá, para só depois seguir para Belém. Em Santarém está Alter do Chão, que já foi apontada como uma das praias mais bonitas do Brasil. De Santarém você pode seguir para Belém ou até mesmo mudar o roteiro – que tal conhecer Macapá? Pode ser sua chance.
Agora, se a ideia é dar a volta ao mundo…
Já pensou em tirar um ano sabático? Passar 12 meses longe do escritório e das demandas do dia a dia? E usar esse tempo para fazer algo que você sempre sonhou: viajar. Visitar lugares incríveis, mergulhar em outras culturas. Fazer um curso de italiano na Toscana ou um curso de gastronomia na Tailândia. Você pode passar meses morando em outro país ou organizar uma longa viagem de volta ao mundo.
Lógico, esse tipo de experiência não custa pouco e não é simples, mas também passa longe de ser impossível. Em 2011, fiz as malas e encarei uma viagem de quase um ano que passou por quatro continentes. Junto com duas amigas e sócias, escrevi o ebook "Como Viajar pelo Mundo por um ano", que tem milhares de dicas para te ajudar a organizar e tornar uma viagem dessas possível para você.
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