Moralismos bem à parte, quando uma mulher decide desfrutar do prazer com um homem comprometido precisa saber respeitar as regras do jogo. Quando o lance é só sexo, não adianta ficar querendo investir em prorrogação.

Tem que ser low profile, estilo mulher-gato ou mulher-invisível, entrar e sair de cena sem ninguém perceber. Mesmo sabendo das condições, algumas não resistem e insistem na marcação. Além de estragar a brincadeira, a mulherada que não respeita o fairplay fere a reputação das outras que sabem se divertir sem arrumar encrenca.

Algumas sabem aproveitar enquanto outras só arrumam pra cabeça

O problema não é uma exclusividade feminina, também tem muito macho que se perde depois que experimenta a bendita fruta do quintal do vizinho. Mas as regras costumam ser mais claras perante à objetividade masculina.

Os homens geralmente sabem melhor como evitar uma encrenca. Não dá para negar nem tentar ser politicamente correta para equilibrar as coisas, existe muito mais amor de pica do que amor de buceta, tanto que a segunda expressão nunca se popularizou para valer e parece até dissonante.

O tchacanabutchaca com homens comprometidos exige discrição e baixa expectativa. Nada de ligar ou mandar mensagem no celular. Nesses casos, o melhor meio de comunicação costuma ser o e-mail ou o tête-à-tête. Adicionar no Facebook e ficar de conversê online também não convém, é muito risco para pouco benefício. Se a femme fatale em questão não sabe agir na surdina e quer atenção de namorada, melhor desistir do jogo e investir em homens disponíveis que podem se expor sem medo de deixar rastros.

Sexo com homens comprometidos é só para quem realmente quer se entregar a uma sacanagenzinha sem compromisso, sem juras de amor eterno e, muitas vezes, sem telefonema no dia seguinte.

Nem sempre é fácil ser jogada para escanteio depois de um rala-e-rola da melhor qualidade, porém, esse tipo de jogo exige essa preparação. Às vezes, é difícil encarar o banco de reservas até mesmo quando o sexo não foi lá essas coisas. Mesmo preparada para o silêncio que viria depois, confesso que fiquei bastante decepcionada quando um sex-affair sumiu logo depois de um encontro, me deixando à míngua de um elogio qualquer.

Mas o que eu esperava? O cidadão era bem casado, pouco afeito a puladas de cerca e nunca me fez nenhuma promessa. Para piorar, também havia sido meu professor na pós-graduação, completando a lista de dilemas éticos. Minha vontade inicial foi de ir até a faculdade confrontá-lo para ao menos arrancar a resposta à velha pergunta clichê:

“foi bom para você?”

Ficar seguindo, espreitando, cercando homem comprometido é a estratégia mais errada

Felizmente, dominei essa comichão maligna e fiquei na minha, apenas lhe enviando e-mails esporádicos para o endereço secreto que ele havia criado para nossa correspondência, tentando seduzir o camarada para uma segunda vez. A primeira tinha sido decepcionante. Novato nas artes da traição, o professor não soube como conduzir o prelúdio e partiu logo para o ataque, que saiu desengonçado, praticamente uma rapidinha no tapete da minha sala.

Como não queria guardar essa recordação para uma fantasia tão idílica quanto fazer sexo com o professor (e também achava que existia ali mais potencial a ser explorado), insisti sutilmente, sem pedidos frequentes, e esperei pacientemente pelo segundo encontro, em um exercício quase zen.

Como não dei uma de louca apaixonada, o professor resolveu se arriscar em uma segunda tentativa. Dessa vez, mudei o esquema tático. Assumi a liderança e usei todas as técnicas orais que conhecia. Comecei bem lentamente, dedicando atenção particular às suas bolas carentes, até tentar engoli-lo como se aquele fosse o último pau do planeta.

Analisando a situação, agora no replay, consigo perceber que o que eu mais queria naquele momento era ser memorável para ele. A vontade de ser especial era muito maior do que a minha preocupação com o prazer, tanto dele quanto meu.

Essa necessidade compulsiva das mulheres de acreditarem que são especiais (todo mundo tem este anseio, porém no sexo feminino ele parece vir em dobro, junto com o cromossomo X), de que com elas vai ser diferente, é o que costuma estragar tudo.

O cara pode até dizer com todas as letras que não está mais a fim, que não quer se envolver, que gosta da namorada/noiva/esposa, que foi só uma aventura sexual, mas algumas mulheres fazem questão de não entender. Encontram as explicações mais esdrúxulas para o comportamento fujão do homem e continuam na batalha da conquista, pegando no pé e complicando a vida do camarada. Já ouvi relatos de torpedos indesejáveis chegando de madrugada, de olhares indiscretos propositais na frente da oficial e muitas outras faltas.

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No meu caso, bastou um elogio do professor para eu sair de campo (obviamente que o ideal é que não precisasse de nada), era tudo o que queria naquele momento, deixar uma marca. Mas nem todas se contentam tão facilmente. Algumas mulheres até encaram o jogo dispostas a respeitar as regras, entretanto, depois que a bola começa a rolar perdem a convicção e mudam de estratégia.

Ao final, acabam ouvindo “Everybody Hurts”, do R.E.M. repetidamente

Antes que levantem a bandeira contra o meu excesso de racionalidade e pragmatismo, admito que existem muito mais coisas entre um desejo e uma gozada do que supõe nossa vã filosofia. O sexo é muito mais do que um monte de carne em atrito e sentimentos inesperados podem surgir. Porém ainda assim é preciso seguir com as regras estabelecidas e continuar na moita. O ritmo da partida e a mudança de time estão nas mãos de quem já é comprometido.

O outro lado

Algumas mulheres desrespeitam o fairplay, entretanto, também existem homens comprometidos que não jogam limpo. Não deixam claro quais são suas intenções, vão seduzindo com meias palavras, não dizem nem desdizem. Por saber da necessidade das mulheres de se sentirem especiais, omitem informações importantes ou atacam com aquele velho papo do relacionamento em crise, da namorada que nega fogo e balelas afins. Muitos homens não têm culhões para afirmar com todas as letras que querem apenas sexo.

Eles me dizem que as mulheres fugiriam com uma declaração assim. Mas vale a pena investir em um jogo capcioso desses?

Será mesmo que a maioria das mulheres declinaria um convite direto e reto, sem rodeios? Eu fico com as pernas bambas só de lembrar daquela cena do filme Vicky Cristina Barcelona, do Woody Allen, em que o sedutor Juan Antônio (Javier Bardem) se aproxima de Cristina (Scarlett Johansson) em um restaurante e a convida para conhecer a cidade de Oviedo, comer bem, tomar um bom vinho e fazer amor. Mas na vida real esse tipo de ousadia e sinceridade costuma passar longe.

Os homens que agem na malandragem desperdiçam a chance de fairplay. Quem esconde o jogo não está em condições de exigir nada. Contudo quem expõe a realidade dos fatos e não promete nada além do que pode dar merece um jogo limpo, sem batom na camisa, chupão no pescoço e perseguição. Se a mulher não está pronta para se entregar ao prazer profano puro e simples, sem expectativas de laços posteriores de qualquer sorte, o melhor é não entrar nessa dividida.

Mas, se decidir encarar o lance, o certo é honrar a camisa, mesmo que seja a 16, sem pressão para sair do banco de reservas.

Com isso, sempre existirão novos convites e, claro, todo mundo sempre sai feliz

Regras básicas do fair play

Para a mulher

  • Não mande recados, mensagens ou indiretas nas redes sociais, encontre a hora e o lugar certo para falar com ele;
  • Evite telefonar ou mandar sms, principalmente nos horários em que você sabe que ele estará acompanhado
  • Controle suas expectativas, você não está em posição de exigir um jantar romântico ou uma viagem no final de semana, se não consegue encarar o jogo sem esses programas, caia fora;
  • Jogue limpo, não vale dar mordida, chupão e deixar marca de batom de propósito para complicar a vida dele
  • Viva sua vida, não fique esperando ele ligar ou deixe de fazer qualquer coisa que você queira para jogar na cara dele depois;

Se você se apaixonou, conte para ele, decidam juntos o que fazer, não fique tentando conquistá-lo secretamente.

Para o homem comprometido

  • Jogue limpo, revele desde o início sua verdadeira situação (sem hipérboles ou eufemismos) e deixe claro quais são suas intenções;
  • Não prometa nada que não possa cumprir;
  • Não diga nada que não sente apenas para romantizar o momento;
  • Não fique falando da sua oficial ou comparando performances;
  • Se não vai rolar mais, deixe claro, não enrole ou suma sem dar explicações;
  • Mantenha o radar de perigo em alerta, não saia transando com qualquer uma disposta a entrar no jogo, perceba as expectativas da mulher e veja se será capaz de correspondê-las para evitar problemas depois.
Francesinha

Francesinha é uma mulher que gosta de falar e escrever sobre sexo. Também adora contar suas experiências e aventuras. Depois que descobriu a masturbação, aos 19 anos, nunca mais parou. Para estimular a libido feminina, criou o blog <a>Para Pensar em Sexo</a>