Você já decidiu o destino que irá conhecer nas férias. Já definiu o orçamento, juntou dinheiro e até comprou as passagens. Já traçou seu roteiro, reservou sua hospedagem, garantiu o seguro de viagem e checou toda a documentação necessária.
Agora é só arrumar as malas.
O problema é que ela, a mala, merece também um tanto de atenção.
Mochilão ou mala?
A última coisa que um mochileiro precisa ter é um mochilão. Para mochilar pelo mundo – ou seja, fazer uma viagem independente, econômica e que vai te deixar com lembranças incríveis – não importa se você vai de mochila, mala comum ou mala de rodinha. Isso fica a seu critério.
Quando comecei a viajar com mais frequência, eu usava um mochilão enorme, daqueles com capacidade para receber minha vida inteira lá dentro – e ainda sobrava espaço. Depois, diminuí o tamanho da mochila. Foi a melhor coisa que fiz. Hoje, vou além: quando caio na estrada, levo o mochilão quando ele vai tornar minha vida mais prática. E escolho uma mala de rodinhas quando isso vai me deixar mais confortável.
E quanto mais confortável, melhor.
Exemplo: Índia.
Ao viajar pelo país, ter um mochilão foi fundamental. Imagine puxar uma mala de rodinhas pelas ruas esburacadas, sujas e cheias de gente, obstáculos (e outras coisas) de Varanasi, a cidade sagrada dos hindus. Te garanto, não será uma experiência legal.
E o mochilão não ajuda apenas em países em desenvolvimento. Já viajei pela Europa com uma mala de rodinhas. No metrô de Paris, onde acessibilidade nem sempre é presente, eu morria um pouco toda vez que tinha que escalar as escadas infinitas carregando a mala. Por sorte, os parisienses adoram quebrar estereótipos – e várias vezes fui ajudado a carregar a mala, digo, o trambolho escadaria acima. E sem nem precisar pedir.
Por outro lado, não tiro meu mochilão de casa há mais de um ano. Como tenho feito viagens mais curtas e pelo Brasil, levar uma mala de rodinhas é bem mais prático. E eu não deixei de ser mochileiro por optar por isso.
Fora que tem muita gente que simplesmente não suporta o peso de um mochilão nas costas. Se for o seu caso, não tenha receio de se assumir como um mochileiro de mala de rodinhas. A palavra de ordem é uma só: praticidade. Vale o que for melhor para você.
Como escolher um mochilão
Prefere um mochilão? Ótimo! Não estou aqui para apontar uma marca que considero melhor, mas para te dizer o que eu já fiz – e me arrependi.
E nada me causou mais arrependimento do que viajar com um mochilão enorme. Não adianta. Você pode estar no auge da sua forma física, pode passar bem longe do sedentarismo, mas carregar vinte quilos nas costas por muito tempo é ruim. Péssimo. Dói. Vai te fazer invejar as rodinhas alheias. Para evitar isso, aprendi a viajar com menos bagagem.
Está em dúvida se uma roupa ou equipamento será útil na viagem? Acredite, provavelmente não será. As coisas necessárias mesmo não criam dúvidas. Só certezas. E o problema de um mochilão muito grande é a tendência, quase impossível de escapar, de encher aquilo tudo até o talo, simplesmente para não deixar a bagagem vazia.
Hoje, penso que um mochilão de bom tamanho tem 50 litros. Achou pouco? Então opte por um que possa ter a capacidade expandida – mais 10 litros, por exemplo. E só faça uso dela em caso de necessidade.
Não importa se você vai viajar por duas semanas ou um ano. A verdade é que depois de uma certa quantidade de tempo – pra mim algo em torno de 15 dias – a bagagem que você vai levar pode ser a mesma. É possível lavar as roupas durante a viagem, até mesmo no mais vagabundo dos hostels. Faça isso.
Viagens que envolvam dois climas distintos (verão e inverno rigoroso) podem exigir um pouco mais de bagagem. A mesma coisa acontecerá caso você tenha que acampar. Pense e pese bastante isso antes da viagem.
Outras dicas importantes na hora de escolher um mochilão:
Produto bom custa mais
Evite a tentação de economizar uns trocados até na mochila e não faça economias porcas. Não vai ser nada legal se sua bagagem arrebentar ao receber o tratamento carinhoso dado em aeroportos.
Invista num produto bom. O tamanho da garantia de fábrica é um indicativo da qualidade do produto.
Compartimentos são bons. Aberturas também
Meu primeiro mochilão tinha apenas dois compartimentos, aceitava uns 70 litros e tinha sido a peça mais barata da loja. Enfim, era ruim.
Ter mais compartimentos e aberturas te ajuda a distribuir melhor as coisas e tirar alguma coisa do fundo da mala sem necessidade de desfazer toda bagagem.
Considere ter uma mochila de ataque
É uma mochilinha, bem menor que a grande, usada mais no dia a dia. Você deixa o mochilão no hotel e leva a mochilinha com coisas básicas, tipo uma câmera e água. Ajuda bastante.
Em alguns casos, é possível acoplar a mochila de ataque ao mochilão. Mas cuidado com o peso extra desnecessário. Quando a mochila de ataque for inútil, basta deixá-la vazia. E nem precisa ser uma mochila. O que importa é ter um compartimento menor para usar no dia a dia.
Se possível, teste o produto
Veja se você se sente confortável com a mochila nas costas. Produtos ótimos podem não funcionar para você. E alguns itens podem tornar sua vida melhor, como a barrigueira, aquela alça que prende a mochila também à sua barriga, ajudando a distribuir o peso.
A possibilidade de regular a altura do mochilão, nas costas e no peito, também é importante. Tem quem diga que o mochilão precisa ter uma capa de chuva – eu raramente usei, mas pode ajudar, dependendo do tipo de viagem. Na maioria das vezes serve mais na hora de despachar a bagagem, evitando que alças sejam perdidas ou danificadas. Algumas mochilas permitem que as alças sejam recolhidas na hora de despachar. Acho isso mais útil que a capa de chuva.
Como escolher uma mala
Quer uma mala? Boa escolha. Embora você não vá carregá-la nas costas, vale a mesma regra do mochilão: evite comprar uma muito grande, a não ser que esteja de mudança. Se você precisar carregar a mala por uma escadaria, por exemplo, vai se arrepender caso exagere no tamanho da bagagem. Além disso, tenha em mente o seguinte:
Apenas duas rodinhas?
Não compre. Sim, elas são mais baratas, mas duas rodinhas, apenas na parte traseira da mala, é quase a mesma coisa que nenhuma. O ideal é comprar aquelas malas que têm quadro rodas, todas capazes de girar completamente.
Na próxima vez que for a um aeroporto, repare na praticidade de quem empurra, puxa e manobra malas assim, sem esforço. Não é preciso nem inclinar a bagagem e ainda dá para acoplar uma mala menor. Só falta motorizar a bagagem.
Dinheiro bem investido sempre vale a pena
A mala é quase de graça? A tendência é você se arrepender. E cuidado para não comprar uma mala muito frágil – te garanto que a viagem que sua bagagem fará nunca é confortável.
Preste atenção ao tamanho e ao peso da mala
Qualquer empresa aérea vai te dar limites de bagagem. E não vai ser nada legal se só a mala já ocupar boa parte do peso disponível.
Assim como nos mochilões, compartimentos ajudam
E muito. Assim você pode separar as coisas e deixar tudo organizado.
Malas chamativas não são necessariamente ruins
Na realidade, é mais fácil encontrá-la na esteira de bagagem do que aquela mala que se parece com todas as outras. E também mais simples de ser encontrada pelos funcionários da empresa aérea, em caso de extravio de bagagem.
Se quiser uma mala sóbria, uma opção é colocar nela algo que se destaque, tipo um adesivo.
As vantagens de não despachar
Dito isso, preciso fazer um parênteses: se puder, tente não despachar a mala. A liberdade de descer do avião, passar direto pelas esteiras de bagagem e curtir suas férias é fantástica. Para viagens mais curtas isso é até simples. Nesses casos, opte por uma mala que se adeque ao padrão de bagagem que não precisa ser despachada.
Segundo o site do Aeroporto de Guarulhos, em voos domésticos, a bagagem de mão “não pode ultrapassar 115 cm, incluindo rodas, alças, bolsos externos, etc. As medidas máximas para cada dimensão são de 23 x 40 x 55 cm. Seu peso não deve exceder 5 kg”. Isso pode variar em voos internacionais, mas raramente muda muito. E, vale lembrar, há itens que não podem ser transportados na cabine.
E viagens longas? Dá pra fazer só com bagagem de mão? Claro.
Basta ser econômico no que você levará. Deixo aqui a indicação de um texto fantástico, da Camila, do blog Viaggiando, em que ela explica como viajar só com a mala de mão. Ela já passou quase um mês na Ásia – e levou só uma mochila pequena. Pequena mesmo.
Por fim, mas não menos importante, há grandes chances da sua mala voltar mais cheia do que foi. Para isso, basta você comprar alguma coisa. Mais um motivo para não encher a mala até o limite.
Dicas na hora de organizar a mala
Link YouTube | Cena do filme Up in the Air. Como um experiente viajante se prepara
Algumas coisas podem te ajudar. A mais importante delas, como diria Douglas Adams, é a toalha. Prefira uma de secagem rápida, que além de prática, ocupa bem menos espaço. Você pode comprá-la em qualquer loja de material esportivo. Acredite, tá aí um investimento que vale a pena.
Usar um saco a vácuo também ajuda a diminuir o tamanho da bagagem – embora, óbvio, o peso permaneça o mesmo. É uma boa principalmente caso você precise levar roupas de inverno, como aqueles casacos gigantes.
Houve um tempo em que eu vestia o casaco, mesmo no calor. Parei de fazer isso (a gente evolui, né?) . E vi que, outro dia, um mochileiro desmaiou no avião por causa do calor, ao vestir 12 camadas de roupa só para não pagar excesso de bagagem.
Sobre esse assunto, aqui você acha um ckeck list com o que não pode faltar na mala. Até coisas úteis, mas que a gente quase sempre esquece. E também como fazer uma mala pequena mesmo no inverno ou organizar sua mala de mão para viagens internacionais.
Ter algumas sacolas de pano também pode ser útil. Assim você separa as roupas, mas sem aquela zona que sacolas de plástico podem causar.
Percurso “Como viajar mais, passo-a-passo”
Como viajar mais, passo-a-passo | Vencendo a burocracia
Como viajar mais, passo-a-passo | Como organizar uma viagem responsa
Como viajar mais, passo-a-passo | É hora de falar de dinheiro
Como viajar mais, passo-a-passo | Dicas pra quando você já estiver na estrada
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