Ao completar 18 anos, às vezes mais cedo, encontramos uma grande encruzilhada pela frente. Somos apresentados a dezenas de profissões, cursos superiores que prometem uma profissão e, possivelmente, sustento pelo resto da vida.
Não sei quanto a vocês, mas aos 17 anos eu estava bem perdido, e hoje, aos 30, não me sinto muito mais certo das coisas. Ao que parece, quanto mais vivemos e sabemos, mais dúvidas vão surgindo. Conversando com amigos e conhecidos, descobri que essa sensação é bem mais normal do que a gente imagina.
Recentemente, decidi fazer um novo curso, dessa vez seguindo a trilha da paixão. Minha curiosidade por Física veio se arrastando pelos últimos 4 anos, ao ponto que, para ter acesso a mais pessoas e ferramentas, acabou se tornando o próximo passo para isso me integrar à academia.
Como não quero desembolsar dinheiro para bancar uma universidade privada, acabei precisando enfrentar o temido vestibular das grandes universidades públicas do país.
Você deve imaginar que já é difícil passar no vestibular quando concluiu o ensino médio recentemente e ainda respira o conteúdo cobrado nas provas, imagine como é para alguém que terminou o ensino médio faz mais de 10 anos, às vezes 20.
Pessoas com vontade de fazer algo novo, mudar o rumo da profissão e respirar novos ares existem aos montes, este é um texto para eles.
Otimize seus estudos (ou estude de verdade)
Talvez eu não precisasse destacar a importância de efetivamente estudar, mas não posso deixar implícito.
Como muito tempo passou, você deve estar bem enferrujado sobre a matéria cobrada pelas provas. Muita coisa muda rapidamente e algumas matérias são cobradas de forma diferente, com informação atualizada. Hoje também são cobradas, e com vigor, matérias que, pelo menos na minha época, não eram tão requisitadas, como artes, sociologia, filosofia e música.
Ao invés de passar por toda bibliografia do ensino médio e revisar tudo do zero, é mais eficiente entrar em contato com alguém que acabou de entrar na universidade que você pretende cursar e conseguir apostilas de cursinhos.
Cursinhos estudam a prova e montam um conteúdo direcionado, cortando a gordura e focando em otimização de resultados. É isso que você precisa agora, o máximo de dinamismo e eficiência. Grupos do Facebook trazem apostilas e materiais aos montes.
Eu gastei entre quatro e oito horas de estudo por dia por alguns meses enquanto estudava para o vestibular da Universidade de Londrina e posso dizer, menos que 4 horas por dia não seriam suficientes para alguém que, como eu, estava bem cru em praticamente todas as matérias.
Tente focar no que realmente lembra menos, normalmente física, química, biologia e matemática. Matérias como história, geografia, literatura e artes costumam trazer um grande texto introdutório para cada questão, muitas vezes sendo o suficiente para responder com propriedade.
Leia provas antigas e entenda os padrões, utilize isso para otimizar seu estudo.
A tecnologia facilita muito
Uma das coisas mais fantásticas ao estudar para o vestibular foi perceber quantos recursos atualmente existem para facilitar o processo todo.
Quando terminei o ensino médio, a internet ainda era uma criança, quase nada do que temos hoje existia naquela época. Conversávamos pelo ICQ e mIRC, as informações que existiam online sobre o conteúdo escolar era sempre copiada de algum livro ou bastante resumido. Hoje, as coisas mudaram.
Utilizei diversos aplicativos de celular que condensam questões simuladas do ENEM, assisti incontáveis horas de vídeos explicativos no Youtube e encontrei ferramentas fantásticas que facilitaram demais todo o percurso. Também contei com sites de cursinhos que oferecem conteúdo de qualidade gratuitamente como o QG do Enem, destacando a fantástica aula que fornecem ao vivo às vésperas do Enem.
A primeira ferramenta que indico, é para quem precisa renovar os conhecimentos em matemática e física. O Khan Academy possui aulas de todos os níveis, com professores narrando tudo enquanto demonstram a execução num quadro negro virtual. A explicação é boa e o percurso muito bem conectado. A Khan Academy foi uma peça chave para relembrar aquela parte de matemática que não utilizamos com frequência no cotidiano. O site é inteiramente gratuito e o conteúdo – quase todo – já está traduzido para o português.
Outra ferramenta que merece ser mencionada é o WolframAlpha, que provavelmente também utilizarei bastante ao longo da graduação em Física. O WA é um motor de computacional de conhecimento. Apesar da página inicial possuir apenas um campo de busca, as informações apresentadas pelo sistema são computados na hora, construindo uma estrutura absurdamente completa de resultados.
Utilizei bastante o Wolfram para entender onde estavam meus erros, inserindo equações no campo de busca e analisando os resultados. O sistema possui a capacidade de reapresentar equações nas diferentes formas possíveis, gerar um passo a passo da resolução e plotar os gráficos referentes. O motor de conhecimento também possui informações sobre praticamente tudo, permitindo ampla flexibilidade no cruzamento de informações. Se quiser, pode pedir uma análise do seu perfil do Facebook para ter uma leve amostra da capacidade de organização de informações que o WolframAlpha tem.
Apesar de ter a tecnologia como uma aliada, lembre-se que é muito importante não se apegar a calculadora durante o processo de estudo. A maioria das universidades não permite uso durante o vestibular e se você já passou dos 10 anos sem estudar, certamente precisa relembrar como executar algumas contas na mão.
Cálculo Hipotético Universal Técnico Estimativo – CHUTE
Mesmo estudando muito, você vai acabar encontrando questões que não sabe ou que apresentaram dúvida na resposta. Chutar não vai garantir sua aprovação, mas certamente pode aumentar alguns pontos no final de tudo, quando houverem questões que não sabe responder.
Existem várias técnicas e dicas para um chute mais eficiente. Aqui vou citar as que realmente funcionaram para mim ao longo do Enem e do vestibular.
Estes são os pontos para se observar ao responder questões quando não se tem certeza da resposta:
Inadequação social
Buscar se entre as opções existe algo que seja socialmente inadequado como incitação a preconceitos, violência ou crimes. Provas públicas sempre buscam fixar conceitos morais, facilitando a eliminação da opção.
Item conflitante
Todos os itens estão certos, mas um deles falseia todos os outros, sendo uma resposta “mais certa”.
Combinação de opções
Muitas questões possuem pequenas respostas incompletas que podem confundir o candidato, por estarem certas, mas não serem exatas. A dica é tentar encontrar a resposta que englobe mais itens apresentados nas outras opções. (Por exemplo: A) Livros, B) Livros e Cadernos, C) Livros, Cadernos e Apostilas).
Palavras muito fortes
Quando uma resposta utiliza palavras afirmativas muito firmes, sem deixar possibilidade de exceção, a opção tende a estar incorreta.
Pegadinha do malandro
A resposta quase toda está certa, mas existe um trecho errado escondido, pegando o candidato que leu com pouca atenção.
Não faz sentido
A resposta é certa, mas não diz respeito ao enunciado.
Pense na esquerda
Não sei em outras universidades, mas na Universidade de Londrina essa é uma dica chave. A resposta que representa uma ideologia política mais de esquerda tende a estar certa.
Vale também lembrar, que para ganhar tempo, é recomendado ler a pergunta antes de fazer a leitura do texto de introdução, favorecendo uma leitura mais objetiva na busca da resposta.
Idade é experiência
No inicio, eu considerava ter mais idade como algo ruim, por não lembrar mais da matéria da escola e ter muita coisa para revisar, mas não foi bem o caso. Com o passar dos anos, ganhamos acesso a muita informação, principalmente no quesito de humanas, que acabamos vivenciando na pele.
Eu praticamente não precisei estudar Geografia e História. Anos assistindo documentários, lendo jornais e revistas me trouxeram um conhecimento bacana sobre esses assuntos, bastando uma lida nos principais temas para me encontrar na matéria.
Também pude observar uma calma maior e ausência de ansiedade em relação aos candidatos mais novos. Ao final do ensino médio e durante o período de cursinho, os alunos são bombardeados com ideias sobre como aquela prova é importante e a vida deles depende daquilo. Quase todos estão nervosos e não sabem muito bem como lidar com essa pressão. Você, macaco velho, já sabe que sua vida não vai parar e você não vai morrer se for mal naquela prova, que no dia seguinte a vida continua e as contas estão lá para serem pagas.
No fim, as dicas podem ajudar, mas tudo vai depender mesmo da dedicação, esforço na busca pelo atendimento dos requisitos da faculdade em questão.
O importante é saber que os caminhos estão facilitados e que é mais fácil do que nunca retomar os estudos e tentar uma vaga no sistema público.
Abuse de todas as ferramentas que encontrar, entenda sua maturidade como uma forma de fazer as coisas com maior eficiência e aceite que pode demorar um pouco, mas se é o que parece certo no momento, vale a pena se dedicar um pouco.
Alguém mais aí andou tentando o vestibular depois de muito tempo parado? Compartilhem as experiências de vocês na caixa de comentários.
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