Great Scott! Todos os Delorean do Doc Brown

Todos os Delorean, detalhes da produção de De Volta Para o Futuro e os destinos de cada carro

Estamos no futuro! E ao menos que você viva vendendo castanhas para visitantes do Himalaia em uma pequena choupana em Catmandu, você provavelmente pegou algum relance do mundialmente celebrado “Dia do De Volta para o Futuro”, que aconteceu em 21 de outubro de 2015. E a comoção global, praticamente sem precedentes, é justificável.

Em De Volta para o Futuro (1985), acompanhamos as desventuras do jovem Marty McFly (Michael J. Fox), que através de uma máquina do tempo inventada pelo amigo Doc. Emmet Brown (Christopher Lloyd), acaba voltando acidentalmente para 1955, e não somente precisa achar uma forma de voltar para o futuro, com a ajuda do próprio Doc Brown em versão mais jovem, como ainda precisa resolver algumas confusões que ele causou ao separar o destino de seus pais adolescentes, o que pode comprometer sua própria existência.

É um filme impecável em qualquer aspecto que se olhe, da performance do elenco e da estupenda trilha sonora, aos efeitos especiais fascinantes, de uma época onde só era criado em computador aquilo humanamente impossível de se fazer com as mãos. E para os amantes de carros, o filme apresentou aquele que, de longe, talvez seja o veículo mais fascinante da história do cinema: o DeLorean DMC-12 máquina do tempo. Nas palavras do próprio Doc Brown, ‘Se você vai construir uma máquina do tempo em um carro, por que não fazê-lo com estilo?’.

Entretanto, ao contrário do que alguém mais desligado possa supor, o fabuloso DeLorean que acompanhamos em cena durante os três filmes da trilogia De Volta para Futuro (1985-1990), na realidade, foi composto de sete carros diferentes.

É como as gêmeas Mary-Kate e Ashley Olsen, que juntas interpretaram o mesmo papel no seriado ‘Três é Demais’. Lembra dele, criançada dos anos 90?

As razões para isso, como discursaremos, não poderia ser mais óbvia. Reza a lenda que os membros da lendária banda britânica Queen viajavam somente em aviões diferentes, pois caso um deles caísse, a banda poderia continuar. Sim, é extremamente mórbido, e um tanto quando egoístico, se me pergunta, mas faz todo o sentido.

No cinema, as razões para se criarem vários itens cenográficos idênticos durante a pré-produção segue os mesmos parâmetros da ideologia da banda de Freddie Mercury: precaução e economia.

O ator Chris Pratt, por exemplo, ao responder sobre a liberdade de improvisação em um filme como ‘Jurassic World’, que ele promovia em entrevista à jornalista Isabela Boscov, acabou dando uma luz ainda mais ampla ao tema:

“Numa série como Parks and Recreation, a improvisação é encorajada, até porque ela não sai cara: se uma gag não deu certo, você deleta o arquivo da câmera e começa de novo, sem pressão. Numa produção complicada e repleta de efeitos visuais como Jurassic World, é bom pôr o senso de responsabilidade para funcionar: seu improviso é tão bom assim que valha o risco de desperdiçar os milhares de dólares que aquela tomada custa?”

Desta forma, assim como arriscar uma improvisação, manter apenas um DeLorean equipado com acessórios cenográficos colocaria em risco o tempo e o orçamento do filme caso qualquer problema acontecesse durante uma filmagem.

E é justamente por isso que existem objetos cenográficos (chamados de prop, em inglês) que se definem no meio como ‘hero’ e ‘stunt’.

Vamos aos conceitos

Um item cenográfico será chamado de ‘hero’ (herói, em tradução literal) quando for aquele mais detalhado e bem-acabado, voltado para sequências em close-up e que necessitam de maior qualidade.

Já o ‘stunt’ (dublê, em tradução literal), normalmente é mais cru e menos refinado que o ‘hero’, pois é mais usado em sequências distantes, ou que poderiam colocar em risco a integridade do adereço original.

Um bom exemplo da diferença entre um prop ‘hero’ e um ‘stunt’ pode ser encontrado no filme ‘Se Meu Fusca Falasse’ (1968). Em uma das sequências mais notórias do filme, o fusca Herbie perde duas rodas no meio de uma corrida, devido à uma sabotagem orquestrada pelo vilão Peter Thorndyke (David Tomlinson).

O piloto Jim Douglas (Dean Jones), então, junto de seu fiel mecânico Tennessee Steinmetz (Buddy Hackett) e da co-piloto Carole Bennet (Michele Lee), precisam encontrar uma forma de continuar a corrida até chegarem a algum lugar para efetuar as trocas dos pneus. Para tanto, utilizam de um elaborado esquema que deixaria qualquer professor de física orgulhoso, ao usar de seus pesos, e do teto-solar do carro, para manter o veículo rodando com apenas duas rodas.

A cena é clássica e virou até mesmo a capa do filme em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil. Entretanto, ao preparar o ‘stunt’ Herbie que seria usado especialmente nesta cena, filmada com dublês e pilotos profissionais, a equipe de produção trocou a porta direita do carro por uma mais curta, que não raspasse na pista, e acabou deixando de colocar nela o icônico número 53, resultando num erro de continuidade óbvio. Na mesma cena, por sinal, repare na placa dianteira do Herbie, que está fixada em outro ponto do parachoque.

Mas não é apenas para poupar os ‘hero props’ que existem os ‘stunts’. Não, senhor. Você talvez nunca tenha percebido, mas durante os créditos finais de qualquer filme, normalmente há elencado, dentre uma infinidade de outros profissionais, o nome do diretor de segunda unidade. E neste ponto, você pode questionar o que diachos faz um diretor de segunda unidade.

A segunda unidade de um filme fica responsável por todos aqueles planos de inserção, que são cenas menores que não necessitam do elenco principal, e que servem apenas para ‘cobrir buracos’, na falta de outro termo mais apropriado.

Sabe aquela cena de ‘007 contra o Homem com a Pistola de Ouro’ (1974), onde ator Roger Moore aparece em uma rua deserta, e rapidamente consulta seu Rolex Submariner? Sabe aquele close-up do relógio, onde se vê o ponteiro de segundos mexendo e de quebra insere uma publicidade básica? Aquele, senhores, não é o braço de Roger Moore.

Assim como mãos de personagens digitando em um teclado, ou mexendo em um mouse, ou trocando a marcha do carro. Estas todas são típicos planos de inserção filmados pela segunda unidade.

Entretanto, mais notoriamente, façamos justiça, cabem à segunda unidade sequências complexas de ação, que usam dublês. Lembra da lendária cena da perseguição do caminhão em ‘Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida’? Ela é um exemplo perfeito de sequência rodada pela equipe de segunda unidade.

Desta forma, os objetos cenográficos ‘stunts’ também servem para o uso nas sequências gravadas pela equipe de segunda unidade. Após a breve introdução, resta-nos analisar, em detalhes, os sete DeLoreans do Doc Emmett Brown, bem como seus destinos após o encerramento das filmagens.

Mas primeiro, um rápido mapa geral de contextualização: três DeLoreans foram usados na gravação do primeiro filme, de 1985, e além destes, outros quatro carros extras foram usados nas gravações conjuntas das partes II e III, lançadas em 89 e 90, respectivamente.

Bora lá!

1. Carro ‘A’, o ‘hero’ DeLorean

É o DeLorean mais icônico da série. É aquele carro que vemos pela primeira vez, saindo do furgão do Doc Brown no Twin Pines Mall, e aquele onde Doc coloca seu cachorro Einstein – o primeiro viajante no tempo. Basicamente, é este veículo que contracena em todas as cenas em que tenha os atores Michael J. Fox e Christopher Lloyd.

Após encerrar as gravações da trilogia, o carro ‘A’ foi usado exaustivamente pela Universal Studios para fins promocionais, como a gravação de especiais de televisão ou a gravação de algumas cenas usadas no Back to the Future – The Ride, no parque temático em Orlando, atração já extinta e que hoje dá lugar a um brinquedo dos Simpsons.

Usado também em paradas, o carro acabou ganhando dois alto-falantes instalados na parte traseira. Entretanto, após encerrar suas principais atividades como astro, o veículo foi praticamente abandonado pelos estúdios, que o estacionou ao relento, numa garagem precária erguida para acomodar somente veículos do cinema.

Sendo a Universal Studios de Hollywood mais estúdio de cinema do que parque temático, embora existam algumas atrações, a parte reservada para filmagens também recebe visitantes no chamado ‘Backlot Tour’, onde trenzinhos rodam com um guia por variados cenários ainda existentes por lá – como a casa usada no filme Psicose (1960), de Alfred Hitchcock, ou os destroços de aviões usados em Guerra dos Mundos (2005), de Steven Spielberg.

A própria praça com a Torre do Relógio, usada na principal sequência do primeiro De Volta para Futuro, ainda existe, e embora mude constantemente de visual, já que continua sendo usada em uma variedade de produções, é uma das principais locações vistas no ‘Backlot Tour’.

É justamente para compor um pequeno deleite visual neste ‘Backlot Tour’, que o carro ‘A’, bem como a garagem precária descrita alguns parágrafos acima, compõe uma das rotas dos trenzinhos.

Alguns podem até argumentar que deixar o carro exposto ao público, podendo ser visto por qualquer pessoa, é nobre o bastante. Concordo com isso.

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O problema, entretanto, é que a Universal não possuiu qualquer interesse em prestar manutenção ao veículo, que ficou exposto por muito tempo aos elementos, e a transeuntes mal-intencionados que simplesmente começaram a depenar a máquina do tempo em busca de ‘recordações’.

Foi devido à indiferença que o carro ‘A’ chegou em 2012 completamente depenado e quase irreconhecível.

Já não havia mais a grade dianteira, ou praticamente nenhum dos artefatos cenográficos que tanto caracterizavam o veículo. As portas não ficavam trancadas, e qualquer pessoa poderia abri-las para entrar no carro e levar o que quisesse, desde a bolinha do câmbio, aos icônicos ‘circuitos do tempo’. Uma infiltração de água também contribuiu para que o forro do teto começasse a cair, e o interior começasse a apodrecer.

Foi graças aos apelos do produtor e roteirista Bob Gale, que a Universal concordou, naquele mesmo 2012, a realizar uma reforma com qualidade museológica no veículo. O mais curioso, entretanto, é que Gale colocou na equipe de restauração alguns fãs dos filmes, conhecidos por terem construído réplicas precisas da máquina do tempo.

Com uma página do Facebook chamada Time Machine Restoration, os restauradores começaram a pedir a ajuda de todos que pudessem saber o paradeiro de alguma das peças originais que haviam sido depenadas do carro ao longo dos anos. E o retorno foi surpreendente.

Foi um ano de trabalho intenso, cujas etapas foram compartilhadas pelo Facebook, até a equipe conseguir recolocar o carro ‘A’ no estado de conservação que ele merecia ter ficado. Desde então, ele segue exposto na mesma Universal Studios Hollywood, desta vez em um local interno, protegido por vidros, na atração chamada NBC Universal Experience.

Há um documentário sobre a restauração chamado “OUTATIME: Saving the DeLorean Time Machine”, e o trailer você pode conferir abaixo.

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2. Carro ‘B’, o ‘stunt’ DeLorean

Como sua própria definição já explica, o carro ‘B’ precisou ter muito mais flexibilidade para as gravações do que o carro ‘A’. No primeiro filme, o carro ‘B’ foi basicamente usado em cenas onde o carro aparece rodando em alta velocidade. É o carro, por exemplo, que foge da Kombi dos terroristas líbios e que sai em disparada e destrói o celeiro da fazenda do Velho Peabody, na clássica cena em que o confundem com uma nave espacial, em 1955.

Para a gravação das sequências, entretanto, a história foi um pouco mais complexa.

Como é notoriamente sabido, em De Volta para o Futuro – Parte III, Marty McFly leva o DeLorean para o Velho Oeste, precisamente para o ano de 1885.

Entretanto, após um acidental encontro com índios nativo americanos, um rombo no tanque de gasolina faz com que todo o combustível seja perdido. Como bem aponta Doc Brown, conseguir gasolina em 1885 não é uma tarefa fácil. Cabe ao cientista, então, encontrar uma maneira de fazer com que o DeLorean atinja as 88 milhas por hora capazes de acionar os circuitos do tempo e leva-los de volta para o futuro.

A solução, enfim, é fazer com que o carro seja empurrado por uma locomotiva. Para gravar as cenas em que a máquina do tempo repousa nos trilhos, o carro ‘B’ acabou sendo o escolhido para ser convertido, e neste momento, ele deixou de ser ‘stunt’ para se tornar o ‘hero’. Assim, todas as principais sequências em que vemos o DeLorean nos trilhos, principalmente naquelas rodadas com os atores principais, estamos diante do carro ‘B’.

Felizmente, nos momentos mais tensos do longa, o DeLorean consegue atingir as 88 milhas por hora a tempo de carregar Marty McFly de volta para 1985. Relaxado, e vestido ainda de Clint Eastwood, Marty mal consegue respirar tranquilo após retornar ao seu próprio tempo e um vigoroso trem aparece em sua direção. Ele consegue escapar, mas o DeLorean é totalmente destruído.

Como vocês já podem deduzir, é justamente o carro ‘B’ aquele destruído ao final do filme. Para gravar a sequência, que só pôde ser filmada uma vez, o carro ‘B’ foi recheado de explosivos, e se você pausar, é até possível ver a explosão que detona o veículo em vários pedaços.

Após as filmagens, os pedaços foram montados – precariamente, é claro – e vendidos para a rede de restaurantes Planet Hollywood, que o dependurou no teto em sua filial de Honolulu, no Havaí.

Esta filial acabou fechando as portas em 2010, e o atual paradeiro dos restos do carro ‘B’ é desconhecido.

3. Carro ‘C’, o meio DeLorean

O carro ‘C’, apesar de não ser convencional como os dois primeiros, sem dúvida foi essencial para a gravação da trilogia. Para conseguir filmar as sequências onde os atores estão dentro do veículo, a produção pegou um DeLorean e o cortou ao meio.

O ‘meio DeLorean’ chegou inclusive a ser levado para locações externas, e foi usado em todos os filmes, sem exceção. Após as filmagens, o carro ficou esquecido em um depósito na Universal Studios. Seu paradeiro atual é desconhecido.

Muitos dos artefatos cenográficos de seu interior, entretanto, foram reaproveitados para a construção da réplica que enfeita o parque da Universal no Japão.

4. O DeLorean voador de fibra-de-vidro

Em algum momento de 2015 - o mítico, não o real - Doc Brown transformou seu antigo DeLorean em um carro voador. Como visto em ‘De Volta para o Futuro – Parte II’, transformar seu carro em um veículo voador era algo totalmente possível, ao custo de US$ 39.999,95.

É bem verdade, vale dizer, que a intensão original de transformar a máquina do tempo em um carro voador era apenas uma piada para encerrar o primeiro filme, já que quando feito, não havia qualquer perspectiva de se produzir sequências. Para aquela cena, então, o DeLorean voador era nitidamente fruto de efeitos especiais.

Entretanto, sendo uma realidade a gravação do segundo filme, a equipe de efeitos especiais criou dois conceitos para que o carro voasse de verdade. Primeiramente, uma miniatura filmada com um fundo azul, que seria usada nas cenas em que o carro de fato aparece voando. Como na cena em que o DeLorean chega a 2015 pela primeira vez, e rapidamente, em uma manobra arriscada de Doc Brown, desvia de um táxi.

Entretanto, apenas uma miniatura não seria capaz de suprir toda a demanda para as cenas onde o DeLorean voador aparecesse. Foi justamente para isso que a equipe de efeitos especiais criou, em fibra-de-vidro, um DeLorean voador quase em tamanho real.

O modelo possui interior, bem como rodas dobráveis. Entretanto, possui algumas incongruências. As portas parecem não fechar corretamente, o emblema DMC na grade dianteira é enorme, e principalmente, por alguma razão que até hoje não consegui compreender, os famosos dutos traseiros foram encurtados.

Nada disso poderia comprometer o filme, se o profissional responsável pela continuidade tivesse prestado atenção. Mas isso nem sempre acontece. Lembra do Herbie sem o 53 na porta? Exatamente!

Porém, ao filmar este DeLorean bem por trás, os dutos curtos ficaram evidentes, e se tornaram num dos mais óbvios erros de gravação da trilogia. Repare na foto abaixo.

Me pergunto: quem autorizou a inclusão desta cena no filme?

O DeLorean de fibra-de-vidro, basicamente, pode ser visto em todas as cenas onde vemos o veículo voando, com interação dos atores. Como na famosa cena no topo do prédio da Biffco, no 1985 alternativo, ou na cena em que Doc Brown deixa Marty bem próximo ao carro do Biff, em 1955, quando ele tenta recuperar o Almanaque esportivo.

Mas basta você vislumbrar o gigante DMC na grade dianteira, para saber em quais cenas ele aparece.

Após as filmagens, tanto o de fibra como a miniatura foram expostos em conjunto no Special Effects Stage, parte da atração The World of Cinemagic, de 1991 a 2001, na Universal Studios Hollywood. Entretanto, após cortarem a parte que envolvia De Volta para Futuro da atração, este DeLorean acabou sendo destruído pelo estúdio.

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5. O primeiro Buggy DeLorean

Ao final da Parte II, Doc Brown acaba, acidentalmente, sendo enviado para 1885, conforme ele mesmo conta através de uma carta que escreveu e deixou nos correios por 70 anos, com ordens específicas para serem entregues a Marty segundos após ele presenciar sua partida.

Para que Marty pudesse retornar para 1985, Doc esconde o DeLorean em uma mina abandonada, e ainda conforme sua carta, pede que o seu eu de 1955 o ajude a restaurar os circuitos do tempo, a fim de que a viagem fosse feita.

Como sabemos, tão logo Marty descobre que o Doc morreu assassinado, dias após escrever a carta, ele desiste de voltar ao futuro, e resolve ir a 1885 para salvá-lo. Quanto ao DeLorean, após permanecer 70 anos enterrado, seus pneus já não existem mais. É evidente que não existem pneus semelhantes nos anos 50. É justamente por isso que a máquina do tempo ganha os famosos pneus vermelhos com faixas brancas.

Os circuitos do tempo, conforme especificou a equipe de efeitos especiais, precisaria ser reformado com peças que o Doc teria à disposição em 1955. E é este o efeito pretendido com a caixa de madeira colocada no capô.

Os produtores sabiam que haveria algumas cenas rodadas no Velho Oeste, e por isso, encomendaram a produção de um DeLorean que pudesse aguentar o ‘off-road’. Ele foi criado através de uma engenharia curiosa, por uma empresa especializada na construção de buggys. Basicamente, a carroceria e interior de um DeLorean foram colocados por cima de chassis feitos especialmente para o veículo, com mecânica Volkswagen de alta performance e suspensão especial.

Este carro foi mais notoriamente usado nas cenas que se passam em um ‘Drive-In’, quando Marty confidencia ao Doc Brown de 1955 que está com medo de se chocar com os índios que aparecem pintados na parede do local. Doc lhe conforta dizendo que aquilo não faz sentido, mas de qualquer forma, tão logo chega a 1885, Marty realmente se depara com vários índios nativo-americanos, iniciando uma divertida cena de perseguição.

Com o fim das filmagens, este carro foi precariamente conservado, e permaneceu exposto no ‘Backlot Tour’ por muitos anos. Assim como aconteceu com o carro ‘A’, mas aqui com mais intensidade, este DeLorean ficou exposto aos elementos, e foi depenado e depredado de todas as formas possíveis.

Em 2000, já praticamente destruído, o carro foi liberado para ser exposto no Peterson Auto Musem, em Los Angeles. Para isso, ele foi levemente – e porcamente – preparado. As rodas vermelhas com faixa branca foram retiradas completamente, e o carro foi apoiado em cima de uma plataforma com o intuito de simular ‘voo’.

Algumas luzes e lâmpadas foram instaladas na traseira para cobrir o espaço existente, bem como neon rodeando todo o carro. As janelas foram pintadas de preto, para esconder o interior deteriorado. Tirando os dutos traseiros, não sobrou nenhum artefato cenográfico que pudesse identificar o modelo como um dos carros de De Volta para o Futuro.

Após este embaraçoso momento, o veículo foi vendido para a ScreenUsed, empresa especializada em artigos de filmes, que resolveu realizar uma minuciosa reforma no veículo o deixando zerado. Foram 7 anos de trabalho, que incluíram a recriação até da caixa de madeira no capô. Restaurado, o carro até apareceu em um episódio do seriado Hollywood Treasure.

Este veículo acabou sendo leiloado pela Profiles in History, casa de leilões especializada em vender objetos cenográficos, em 2011. Mas antes de colocá-lo sob o martelo, a Profiles o expôs em seu estande na Comic Con de São Francisco, e cobrando um valor simbólico – todo doado para a fundação do ator Michael J. Fox, que busca a cura para o Mal de Parkinson – ficou à disposição de qualquer fã que quisesse entrar nele para uma foto. O carro foi leiloado, eventualmente, por US$ 541 mil.

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6. O segundo Buggy DeLorean

Este carro foi usado nas sequências onde Marty McFly é perseguido por índios, dentre outras. Foi construído exatamente do mesmo modo que o ‘Drive-In’ Buggy DeLorean, com chassis especial e mecânica VW.

Este carro também chegou a ser exposto no ‘Backlot tour’ em determinado momento, e igualmente, acabou em péssimo estado de conservação. Embora seu atual paradeiro seja desconhecido, várias de suas peças foram usadas para a construção da réplica exposta no Universal Studios Japan, se juntando às peças do carro ‘C’.

7. O ‘stunt’ DeLorean usado nos trilhos

Uma vez que o carro ‘B’ foi transformado em ‘hero’ para as filmagens nos trilhos, tendo sido, inclusive, destruído ao final do filme, este DeLorean foi comprado e adaptado para servir de ‘stunt’ para as sequências de alta velocidade nos trilhos. É este o carro, por exemplo, que empina em determinado momento do filme.

Após o encerramento das filmagens, o DeLorean recebeu suas rodas tradicionais de volta, e foi usado na gravação da cena em que Biff Tannen bate com o carro nas paredes do Instituto de Tecnologias Futuras, parte da extinta atração Back to the Future – The Ride, no parque da Universal em Orlando, Flórida.

Desde então, é este DeLorean que fica exposto no parque da Universal em Orlando, juntamente com a locomotiva máquina do tempo do final de De Volta para o Futuro – Parte III. E apesar de a atração Back to the Future – The Ride ter sido fechada em 2007, como mencionado acima, tanto o DeLorean quanto a locomotiva ainda estão expostos no parque.

Logo, se você quiser ver um dos carros originais usados nas filmagens da trilogia De Volta para o Futuro, você possui duas ótimas opções, nobre leitor: o DeLorean dos DeLoreans, o hero ‘A’ car, na Universal em Hollywood, ou o ‘stunt’ usado nos trilhos durante a produção da Parte III, na Universal de Orlando.


publicado em 22 de Dezembro de 2015, 00:05
Cassio

Cássio Delmanto

Advogado, colunista automotivo, beatlemaníaco, fanático por carros, filmes, séries, música, tecnologia e cultura inútil em geral. Se a vida lhe fechar uma porta, faça uma limonada!


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