Futebol é coisa de mulher?

Nós, do sexo frágil, crescemos ouvindo que futebol é coisa para homem.

Nós, do sexo frágil, crescemos ouvindo que futebol é coisa para homem. Fazer ballet, chorar sem motivo e comprar sapatos seriam “coisas de mulher”. Interessante, não? Pois bem...

22 homens – ou mulheres, hehe –, uma bola.

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E alguns milhares de torcedores com desodorante vencido

Objetivo final: o gol! Simples assim? Longe disso! São 90 minutos de suor, de bolas na trave, de faltas, de impedimentos mal marcados, de lances polêmicos. E o juiz? Fiiilho da puta!!!! Claro. Seja de um lado ou de outro. (É, mãe de juiz sempre sofre! Hehe).

Eu cresci em volta dos gramados graças ao meu pai (torcedor fanático) e ao meu irmão (ex-jogador que enveredou para outros caminhos e hoje é árbitro de futebol). Minha mãe achava um absurdo passarmos os domingos em frente à televisão acompanhando os campeonatos – e queria morrer quando me via gritando ou, até, xingando o pobre do árbitro e o time adversário.

Hoje a inserção das mulheres no esporte é tida como mais natural tanto nas arquibancadas como também nas coberturas, comentários e na prática. Vide Fátima Bernardes, Renata Fan, Milena Ceribelli. As jogadoras da seleção brasileira que deixam a arquibanca de queixo caído quando entram em campo. Sem falar na árbitra Sílvia Regina e na bandeirinha Ana Paula Oliveira que fizeram história.

O futebol não é “apenas” um esporte. É sinônimo de raça, amor e loucura para um país inteiro. Mais importante que as eleições, as contas a pagar ou a morte da sogra, o futebol é o único esporte capaz de unir todas as classes da sociedade. Do presidente ao porteiro da empresa, todo mundo tem sua própria “análise” da rodada do fim de semana.

Há quem proteste contra a apatia do povo diante dos problemas sociais em contrapartida ao amor pelo futebol. Mas o futebol está “no sangue”. E o equilíbrio é a chave de tudo. Torcer faz bem. Futebol é alegria. E as mulheres fazem parte disso dentro e fora de campo.

Tem até muita mulher que entende mais de futebol que alguns cuecas por aí. Estes, aliás, estão cada vez mais acostumados com a presença feminina nos estádios. Vibramos juntos, cantamos juntos, quebramos tabus. É claro que a presença masculina é muito maior. O que afasta a mulherada do estádio é a violência, assim como a falta de educação de uma minoria machista que freqüenta os jogos.

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Dá conta de fazer igual, Pelézinho?

Mesmo assim, continuamos sofrendo pelo nosso time do coração, vibrando pela seleção brasileira... unidos por uma mesma paixão. Só é uma pena o futebol feminino não ter conquistado o mesmo espaço na mídia que o masculino tem. Mas isso é questão de tempo, porque o talento das meninas é inquestionável!

Então, futebol é coisa de mulher? Na verdade, futebol é coisa de todo mundo. Do presidente, do gari, do jogador, da dona de casa e de mulher também! Estamos aí pra torcer e discutir com vocês (de igual para igual) todos os lances polêmicos dos gramados. Tudo isso sem, é claro, perder a elegância. O que nos torna torcedoras especiais e essenciais. De salto alto, mas sempre “de olho no lance”!


publicado em 03 de Novembro de 2008, 17:52
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Marcia Batista

Marcia Batista, fazedora de livros e bruxa anarco-feminista nas horas vagas. É claro!


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