Comprei um jogo de lençol. Eu estava precisando, de fato. O curioso é que comprei pensando em você. É inevitável. Me sinto idiota. Mais idiota ainda quando percebo que até hoje não tive coragem de tirar da embalagem.
Comprei uma calça de couro pensando no nosso jantar. Até escolhi o restaurante. Percebi que faltava uma blusa legal para combinar com a calça de couro. Comprei a blusa. Agora sim posso usar minha calça de couro, né?
Mas não usei.
Não tem jantar algum.
Aprendi a fazer um prato novo. Comprei as pimentas. Eu nunca compro pimenta, mas você precisa experimentar esse prato. Me sinto idiota. Mais idiota quando me dou conta que nunca abri a pimenta. Talvez nem me lembre mais como se faz aquele prato. Senti ciúmes de você. Além de sentir ciúmes, me senti idiota. Não faz sentido sentir ciúmes de uma fantasia minha.
Li um livro novo e quis te mandar um trecho porque lembrei de você. Mas lembrar de você é idiota. Mandar o trecho do livro, mais ainda. Sorri quando meu pai perguntou de você. Ele sorriu de volta. Eu menti. Ele sabe que menti. Me sinto idiota mentindo. Forcei diálogo com outras pessoas. Elas, misteriosamente, conseguem ser mais idiotas do que eu. E olha que todo mundo sabe que ser idiota é meu ponto forte.
Meu personal falou que eu "preciso dar". Eu não consigo pensar em sexo sem pensar em você. Falando nisso, sempre te encarei como uma farra sexual, como o ápice da minha atração física. Hoje te encaro diferente. Eu não queria ter me dado conta disso.
Eu não queria ter me dado. Só queria ter dado.
publicado em 21 de Abril de 2017, 00:00