13 filmes para assistir em maio

Se dê ao luxo de uma ida ao cinema no meio da tarde para gozar de sua própria companhia

Dia desses contei pra um amigo que gosto de ir ao cinema sozinha.

Posso sentar bem ao fundo, onde a maioria dos colegas míopes reclamaria, bem no meio da fileira, de ladinho, com um braço apoiado do lado direito e a perna cruzada, o lenço enrolado no ombro. A cada cena impactante eu mudo de lado, cruzando os joelhos ao contrário.

O ar condicionado friozinho e o som potente das salas de cinema são ácido lisérgico para os meus sentidos. Consigo até pensar melhor. E, quando o filme acaba, não preciso olhar pro lado na expectativa de uma opinião – fico até o fim dos créditos, se quiser, refletindo sobre o que assisti.

Esse meu amigo partilha da minha paixão, mas por motivos bem diversos. Se eu gosto de ir ao cinema só pra olhar pra dentro, ele curte ir só pra olhar pra fora.

Me contou que adora a sala lotada. Gosta de observar como se comportam as pessoas que ali estão. Curte ver em que cenas dão risadas, quando choram, suspiram, tensionam o corpo.

Fato é que estar no cinema sozinho é uma experiência. Não precisa ser sua preferida, mas experimentar gozar de sua própria companhia num bom filme é algo imprescindível na vida de alguém que se preze.

Neste mês, se dê ao luxo.

1. De amor e trevas (5/5)

Se a Natalie Portman já tomou seu lugar no cinema bom de Hollywood, ela também não fica pra trás na sua primeira aventura como diretora – escolheu nada mais, nada menos do que contar a história do escritor Amos Oz.

Isso porque 'De amor e trevas' é a autobiografia do escritor israelense, que tem coisa por demais pra contar.

Tudo começa em 1940, quando Amos e seus pais Arieh e Fania – interpretada pela Natalie Portman, que fala hebraico – deixam a Europa por causa do antissemitismo perpetuado em razão do nazismo. A família vai viver na Palestina e a partir daí se desenrola um cenário metonímico para a tensão entre árabes e judeus e a criação do Estado de Israel, em 1948.

A carga dramática da história fica por conta da mãe do escritor, Fania, que sente-se deprimida e tem uma relação problemática com o marido, apoiando-se em Amos para ganhar forças.

2. Maravilhoso Boccaccio (5/5)

Carregado dessa teatralidade lúdica que têm os filmes históricos italianos – ou pelo menos os poucos que vi – Maravilhoso Boccaccio conta histórias dentro de uma história.

Volte ao surto da peste negra e ao século XIV na Europa para localizar o cenário desse filme. Para fugir do risco de morte, dez jovens mulheres se isolam em um castelo em Florença e passam o tempo contando histórias – as famosíssimas de Giovanni Boccaccio em Decamerão.

3. O começo da vida (5/5)

Documentários não são exatamente uma preferência nacional – apesar de existirem excelentes produções –, mas esse aqui realmente vale assistir.

Se nos preocupamos tanto com a educação, formação intelectual e conforto material dos nossos jovens, por que ainda cuidamos de bebês de modo mecânico, como se fossem pequenas máquinas com funções fisiológicas?

Não seria hora de colocarmos mais atenção nos estímulos cognitivos e cuidados que estamos oferecendo àqueles que vivem seus primeiros mil dias no mundo?

4. O décimo homem (5/5)

Já faz um tempo que o cinema argentino tem chegado no Brasil com constância, principalmente nos cinemas aqui de São Paulo. Chegou mês passado e agora em maio vem de novo, dessa vez com 'O décimo homem'.

Na comédia, o argentino Ari, funcionário bem-sucedido morador de Nova York, pensou que sua vida feita não lhe reservasse muitos sobressaltos até que seu pai, Usher, que gerencia uma instituição de caridade judaica o chama de volta à cidade natal.

5. Demon (12/5)

Quando Piotr e Zaneta se casam, recebem de presente de casamento do avô da noiva um terreno para construírem sua casa. No processo, o noivo descobre ossos humanos. E esse é só o princípio de uma série de bizarrices que passa a acontecer no longa, que é uma interpretação do mito judaico dybbuk.

Você já viu um filme de terror polonês-israelense? Eu também não. A nacionalidade inusitada e o trailer que se baseia numa narrativa puramente visual instigam qualquer curiosidade de cinéfilo que gosta de conhecer coisa nova.

6. Prova de coragem (12/5)

O longa brasileiro tem jeito daqueles dramas tensos que se desenrolam em mil pendências emocionais da juventude. Pra quem gosta dos jogos psicológicos, esse filme deve funcionar.

A história gira em torno de Hermano, que encontra uma mulher de seu passado ao mesmo tempo em que descobre a gravidez inesperada de sua esposa, com quem vive há sete anos. O cenário lhe evoca lembranças da morte de seu melhor amigo e a cabeça confusa lhe faz partir em uma escalada arriscada na Terra do Fogo, mesmo com as perspectivas futuras de paternidade.

7. Os anarquistas (19/5)

Lembra da Adèle Exarchopoulos, excepcional em 'Azul é a cor mais quente'? Então, ela está nesse filme e isso já é motivo suficiente pra vê-lo.

Caso você ainda queira saber mais, antecipo que a história é focada no movimento anarquista francês, ambientada na Paris de 1899.

8. Pais e filhas (19/5)

A história de uma filha criada por um pai novelista e mentalmente instável avança alguns anos para sua vida adulta quando, vinte anos depois, ela já está trabalhando com crianças com problemas psicológicos enquanto ainda tenta resolver suas questões de uma infância complicada.

O filme tem direção de Gabriele Muccino, o mesmo de 'À procura da felicidade', drama de doer os ossos.

9. X-Men: Apocalipse (19/5)

Eu já perdi as contas de quantos filmes ou produtos culturais no geral já foram lançados sobre X-Men, mas me parece que isso simplesmente não importa: todo mundo ainda quer ver X-Men. Nossa indústria cinematográfica, sagaz que é, preparou mais um.

Neste, Apocalypse acorda de um longo sono bastante desiludido com a humanidade. Junta-se a Magneto, Mística e Professor X para, mais uma vez, salvar a humanidade da destruição completa.

Sério?

10. A garota do livro (19/5)

A editora de livros Alice Harvey é filha de um poderoso agente literário de Nova York, mas vai ter de enfrentar um fantasma do seu passado quando se vê tendo que trabalhar no lançamento do livro de Milan Daneker, um antigo cliente de seu pai.

Baseado num livro, o filme tem um quê de mistério que me diz que assédio sexual não é o que acontece aqui, ou estaríamos diante de um clímax bastante óbvio. Resta, então, assistir e matar a curiosidade.

11. Jogo do dinheiro (26/5)

Um péssimo título me parece carregar um bom filme de ação suspenseado, se assim posso dizer.

Dirigido por Jodie Foster, tem George Clooney e Julia Roberts de protagonistas, o que promete peso pra história de Lee Gates, um apresentador que dá dicas de gestão financeira em um programa de televisão.

Certo dia, no meio de uma transmissão, Lee é feito refém por Kyle, que perdeu tudo ao seguir um conselho do apresentador, inclusive a razão.

12. Ponto zero (26/5)

A pressão sobre Ênio, um menino de quase quinze anos, é o ponto zero dessa trama: tentando lidar com a chegada da vida adulta, ainda precisa lidar com a relação familiar bastante tóxica que se estabelece entre seus pais. Tentando superar seu medo infantil de fantasmas, Ênio tem de fazer a ponte entre sua mãe, que acredita nesses espíritos, e seu pai, uma figura apática dentro de casa.

Difícil saber o que esperar do filme, que traz atores novos pras telas de cinema. Vamos no risco.

13. Últimos dias no deserto (26/5)

A história bíblica ganha dimensões de superprodução cinematográfica aqui, com Ewan McGregor bastante magro no papel de Jesus (e do diabo). Os 40 dias de Jesus no deserto, como contados no novo testamento, estão aqui ilustrados.


publicado em 30 de Abril de 2016, 00:10
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Marcela Campos

Tão encantada com as possibilidades da vida que tem um pézinho aqui e outro acolá – é professora de crianças e adolescentes, mas formada em Jornalismo pela USP. Nunca tem preguiça de bater um papo bom.


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