Esculpindo a sociedade

Ao longo da história, o homem sempre teve a necessidade de expressar seus sentimentos (raiva, amor, esperança, medo, devoção) em formas artísticas. Uma delas, a escultura.

Escultura tem um conceito bem amplo, mas, podemos defini-la como um objeto físico (não expressado em superfícies bidimensionais) e que possua relevo.

Os homens corriam pra se afundar nas carnes da Vênus de Willendorf!
Os homens corriam pra se afundar nas carnes da Vênus de Willendorf!

As esculturas se constroem tanto pela cultura da sociedade quanto pelos conflitos que afligem a vida do escultor. Já que, 20 mil anos atrás, as civilizações estavam em contato mais direto com a força da natureza, a escultura que mais representa este conflito é a Vênus de Willendorf. Uma mulher de formas volumosas, que, para alguns especialistas, representa a imagem da Mãe-Terra, ou a fertilidade.

As esculturas encontradas no Oriente antes da Era Comum (ou seja, antes do marco zero do calendário ocidental, o nascimento de Jesus) representam os motivos místicos dessa região. Grande parte das peças são referentes aos ritos praticados, ou representavam figuras mitológicas ou divinas do hinduísmo, budismo e jansenismo. Nas Américas, as esculturas dos povos astecas, maias e incas, entre outros, também se referem a crenças e a colheitas. Antes da Era Comum, a maioria dos povos necessitava expressar suas crenças a partir de objetos e, neles, apareciam conceitos ligados à natureza e ao transcendental. Já a sociedade grega, mesmo nessa época distante, adotava uma forma mais ampla, mais conceitual de ver o mundo.

"Cloud Gate" (2004-2006), de Anish Kapoor, em Chicago
"Cloud Gate" (2004-2006), de Anish Kapoor, em Chicago

Depois de séculos nos quais a religião era a principal inspiração artística, os movimentos vão adquirindo outras motivações - passando pelo Renascimento e o Neoclássico até chegar no Modernismo, que via as formas tradicionais como obsoletas e encarava o desafio de criar uma nova cultura. O período moderno é o estopim para criações se firmarem com mais conteúdos críticos, acentuando visões patrióticas e reformulando uma imensidão de outros contornos.

Hoje, no momento contemporâneo, cheio de novas técnicas e materiais inovadores, artistas como Jeff Koons, Anish Kapoor, Takashi Murakami, Henry Moore e Louise Bourgeois já abordam assuntos que antigamente não eram representáveis, como a crítica social, possibilitando uma maior amplitude da expressão artística.

"Maman", uma das muitas aranhas gigantes (sem piadas, por favor) de Louise Bourgeois (1911-2010)
"Maman", uma das muitas aranhas gigantes (sem piadas, por favor) de Louise Bourgeois (1911-2010)

publicado em 20 de Junho de 2011, 14:10
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Alberto Andrade

Estudante de ensino médio e apaixonado por cultura, escreve sobre expressões artísticas e soluções possíveis para o mundo no blog "Pra multidão". Não tem nenhum parentesco com o personagem de Chico Anísio, "Alberto Roberto".


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