O texto a seguir, um pequeno desabafo pessoal, pode parecer completamente sem contexto. Não é. Sou promoter de festas há 30 anos, é virtualmente incontável a quantidade de pessoas próximas a mim que perderam a vida – seja a própria ou a de um amigo – no caminho de volta para casa após uma noite de diversão. Convivo constantemente com essa realidade.

Quantas vezes você já viu algum conhecido em uma balada ou barzinho vangloriar-se de saber onde estão as blitz da volta para casa, sentindo-se esperto e fodão com a garantia de que verá o sol nascer sem ser submetido ao bafômetro? Eu mesmo já fui esse cara. Não me orgulho disso.

É pobreza de espírito.

Graças à irresponsabilidade de alguns, pais, irmãos, namorados e amigos convivem com a possibilidade real de perder uma pessoa querida no próximo fim de semana. Isso é sério. Mais do que sério, é desesperador.

A Lei Seca está aí para tentar coibir isso (apesar da sua constitucionalidade discutível), mas para nós, apaixonados por festas, interessa mesmo falar sobre o fato: pessoas estão morrendo pela nossa própria irresponsabilidade alcoólica enquanto motoristas. Não é hora de se buscar culpados, mas de encararmos nossa burrice, nossa pouca civilidade, nosso provincianismo.

Se não estamos dispostos a parar de beber nas festas, ao menos sejamos mais espertos com o outro aspecto da equação álcool + direção = merda.

Playboys e gatinhas de plantão, entendam-se. Estabeleçam um novo roteiro de conquista e insinuação. Vocês são igualmente bonitos, charmosos, lindas e gostosas mesmo sentados em táxis. Deixem de buscar autoafirmação em carros importados ou motores potentes. Tesão não é movido à gasolina.

Fusca de pau grande

Se tiverem vergonha de chegar nos lugares guiando um Uno Mille branco, paguem o taxista pra dirigir seu carro ou contratem um motorista para aquela noite em que você quiser “quebrar tudo”. Vá de carona com seu amigo ou amiga que não bebe. Ou não saia de casa, porra, porque se é assim, você não está realmente preparado pra conviver em comunidade e se reproduzir.

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Por tudo que é sagrado, parem de morrer nas baladas.

Repito: basta vocês esquecerem esses critérios idiotas de atração física e de interesse sexual. Mulheres lindas e maravilhosas, por favor: declarem publicamente que vocês não têm nada contra beijar os caras que andam de táxi. Digam abertamente que a atração não passa pela potência do motor e que você admite a possibilidade de sair com ele da festa se pegando no banco de trás de um carro com placa vermelha.

Quanto a você, meu caro, acredite: o tamanho do seu pênis não é proporcional à potência ou preço do seu carro. Organize um “esquenta” na sua casa, contrate uma van, chame e rache alguns táxis, organize a segurança de todos e faça o bonito papel do cara responsável e seguro de si o suficiente para se preocupar com a segurança dos outros. Ao menos para as gatas mais inteligentes, você vai parecer muito mais interessante. E tudo bem, já que as burras, por mais que sejam lindas, você não quer.

Assim como você não quer morrer. Certo?

Autor Anônimo

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