Sou fã do Fábio Porchat. Credito a ele, embora todo o elenco seja muito talentoso, boa parte do sucesso do Porta dos Fundos. Como resultado, foi recompensado com um programa só seu, num horário em que compete com Jô Soares.
Mas na semana passada um caso particular tomou conta desse maravilhoso mundo chamado internet: a humilhação feita no programa do humorista com a ex-chacrete Rita Cadillac. Em poucas palavras: Ela concordou em participar do programa, porém não havia sido avisada pela produção que estaria em um quadro chamado “Sarjeta da Fama”. Indignada, foi embora.
A carreira de atores, cantores e outras profissões com o brilho das câmeras são bem imprevisíveis. Obviamente Rita Cadillac não fugiu a isso. Começou como chacrete na antiga TV Chacrinha, onde era uma das dançarinas, tal qual hoje temos as do Faustão.
Tentou uma carreira musical, que não deu muito certo. Participou de alguns filmes pornôs e, recentemente, de um reality show. Durante os últimos anos ela esteve em algumas festas como atração, inclusive no aniversário de um amigo meu no ano passado.
Só que, a exemplo de figurinhas carimbadas tais como Rita, que vivem em uma montanha russa, nossa vida também não está sempre no auge. Ela é feita de imperfeições, de paraísos, de sarjetas e fundos de poço.
E ninguém quer estar no fundo do poço. Ninguém.
De lá temos dois caminhos, invariavelmente. Adotar o conformismo, achar que aquela é a linha de chegada e que é o máximo que dá pra fazer. Ou tentar se levantar. Não vou entrar aqui na falácia da meritocracia ou dos livros de auto-ajuda que simplificam o “basta se esforçar que você chega lá”.
Mas querer sair do limbo é essencial.
Pode ser que não dê resultado nenhum. O ambiente à sua volta, o contexto em que você está inserido, ou às vezes o fato de você realmente não ser bom no que está se propondo a fazer (tudo bem!).
Mas o limbo tem suas particularidades positivas, até porque é como diz o ditado: “Quando se está no fundo do poço, o único caminho é pra cima”.
É hora de se dar uma nova chance para fazer tudo correr bem, de maneira diferente. Aprender com todos os erros já cometidos, com tudo o que o ambiente externo já te passou, com todas as peças que o universo já te pregou e dar um novo sentido à caminhada.
Hoje, Rita voltará aos estúdios da emissora, onde deve receber um pedido de desculpas. Tomara que sejam sinceros, até porque ninguém deveria se esquecer de um ponto muito importante: na “sarjeta da fama” cabe todo mundo. Inclusive eu, inclusive você, inclusive Porchat.
Mas a sarjeta não precisa ser o fim.
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