“Vencer é ótimo, mas é na derrota que se cresce”. “Perder ou vencer, o importante é participar”. “O importante é competir”. São clichês repetidos aos quatro ventos, especialmente depois de uma derrota. Eu odeio perder, até par ou ímpar para ver quem começa o jogo eu gosto de ganhar, mas aprendi a reconhecer o valor de uma derrota.

Mas o que a derrota no esporte pode realmente ensinar?

O derrotado e o perdedor

Patterson é derrubado por Johansson

Em uma competição esportiva, a derrota em si não define ninguém, a forma como se reage a derrota sim. Mike Tyson mordeu a orelha de Evander Holyfield enquanto perdia a luta. Por outro lado, o pugilista norte-americano Floyd Patterson foi derrubado sete vezes pelo sueco Ingemar Johansson em uma disputa do título mundial, antes do árbitro interromper a luta.

Em uma entrevista, dias depois, Patterson disse: “Eles falaram que eu fui o homem que mais foi derrubado, mas eu também fui o que mais me levantei”. Patterson foi campeão olímpico, bi-campeão mundial dos pesos pesados e venceu Johansson duas vezes depois disso, ambas por nocaute.

A derrota do time é a minha derrota

No esporte amador, cada partida é o fruto do sacrifício e dedicação de várias pessoas. Os treinamentos, as viagens, as distâncias da família, os custos são sacrifícios que se faz pelo esporte.

Quando entro em campo para jogar pelo Brasília Rugby, mais do que capacidade física, dedicação e treino, o que está em jogo é o companheirismo que o esporte exige. Quando corremos, somos derrubados, levantamos não estamos fazendo aquilo por nós mesmos, mas pelo jogador do lado, que deixou a família em casa para encarar 20 horas em um ônibus sem ar condicionado.

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Nas vitórias exultamos as boas jogadas, aqueles que marcaram os pontos, nossa raça, o suor deixado em campo. E quando perdemos?

Nós perdemos juntos, não importa se eu joguei bem ou mal, se nossa equipe era melhor ou pior, que marcou e quem deixou de marcar. A derrota é um remédio amargo, mas te faz melhorar. A derrota aponta os erros e os detalhes, que uma vitória poderia esconder. Sempre procuramos saber onde perdemos, mas quantas vezes sentamos e refletimos onde ganhamos.

Imagino o que sentiu Oliver Khan ao ser eleito o melhor jogador da Copa de 2002 e não ter levado a taça.

Oliver Kahn caído após levar um gol do R9

A derrota ensina a ganhar

Quem já se preparou para uma competição profissional ou amadora e perdeu sabe: por mais que você reconheça a superioridade do adversário é impossível se preparar a derrota.

Já enfrentei adversários maiores e melhores, tão superiores que a vitória seria impensável, e perdi. Perdi o jogo, fiz menos pontos, mas eles suaram para vencer, a diferença foi pequena. Não tira o gosto amargo que toda derrota tem, mas se você supera seus limites, evolui a qualidade do seu jogo, dá o melhor de si há algo a se comemorar.

Diego Dubard

Jornalista nascido em Recife, vive em Brasília desde 2007 e quer se mudar em 2012, antes que o mundo acabe. Escreve porque precisa ganhar a vida e joga rugby por paixão. Twitter: <a>@ddubard</a>."