Até que ponto vale trocar a ambição pela ganância (ou a ganância por mais ganância)?
Um recente processo aberto na justiça norte-americana intensificou as discussões sobre o livre consumo do tabaco. Quatro fabricantes de cigarro decidiram confrontar em juízo a recente lei que os obriga a imprimir em seus maços imagens explícitas sobre as consequências do tabagismo.
As empresas reclamam sua liberdade de expressão, visto que as imagens são maiores que os próprios logotipos das marcas e também, segundo elas, são manipuladas para causarem maior impacto e sugestionarem seus consumidores a não buscarem seus produtos.
Os minimamente esclarecidos sabem que os Estados Unidos não vivem, sob vários aspectos, um cenário favorável. O número de pobres atingiu sua maior marca das últimas 5 décadas e sua tradicional moeda forte vem oscilando como uma montanha-russa.
Ademais, atualmente mais de 50 milhões de gringos não possuem plano de saúde. Tal fatia seria teoricamente aceitável – visto que os outros 5/6 da população gozam de um serviço de saúde privado – se as companhias de saúde não fossem tão burocráticas e gananciosas. Para ser aceito como segurado, há uma figura chamada de “condição pré-existente de pessoa prudente”, em que é realizada rigorosa investigação dos últimos 5 anos de históricos clínicos do candidato para aferir se há algo que o desaprove ou aumente seus encargos de forma que não suporte pagar pelo benefício.
Não é novidade que os EUA, quando se trata de saúde pública eficaz e gratuita, anseiam por um novo dia. A expectativa de vida por lá é menor que a de Cuba, aquela ilhazinha socialista comandada por um tirano, entretanto dona de um sistema de saúde gratuito e sem redundâncias.
Neste cenário, a postura adotada pelos fabricantes de cigarro se mostra ultrajante, descabida, capitalista e sobretudo desumana, visto que, com a prática dessas novas leis, estima-se uma economia anual por volta de 100 bilhões de dólares anuais com atendimento médico e, consequentemente, direcionamento desse montante a outros setores da saúde.
Ora, em qual período da humanidade os valores de sociedade foram deixados de lado, e o interesse individual sobrepôs o coletivo? Eu que não advogaria pra tais empresas de tabaco (mentira). Apesar dos comentários que sei que virão, não entrarei nesse mérito.
Obviamente que o julgamento é facilitado analisando a situação em terceira pessoa, contudo não podemos deixar a hombridade de lado em benefício puramente do empresariado sob a alegação de que os fins justificam os meios.
Link YouTube | Trailer do filme “Obrigado por fumar”
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