Somos incrivelmente atrelados às nossas profissões.
Tome como exemplo uma reunião de pais, onde o grupo não se conhece. Cada um deve apresentar-se brevemente. Suponha que não sejam dadas maiores instruções. Cada um pode se auto-descrever da maneira que quiser, fornecendo ao grupo as informações que julgar conveniente.
Com certeza, grande parte dos discursos começarão com “Meu nome é Fulano, tenho 35 anos, sou engenheiro.” ou “Meu nome é Ciclano, sou professor.”. É um reflexo condicionado e bastante natural, uma vez que passamos grande parte do nosso tempo acordado desempenhando nossos papéis profissionais.
Involuntariamente, conceituamos o outro de acordo com o pequeno grupo de informações que ele fornece. Há uma grande chance de darmos mais ouvidos ao cara que se descreveu como diplomata, do que ao cara que se descreveu como auxiliar de escritório, ou qualquer outra profissão considerada mais humilde.
O mesmo ocorre em outras situações mais corriqueiras. Imagine agora uma mesa de bar, onde após as introduções habituais, aparece o tradicional: “O que você faz da vida?”. É nessa hora que o médico enche o peito, e o programador procura algum sinônimo mais bacana para descrever o ganha-pão de cada dia.
Considerando que nossa ocupação muitas vezes é a primeira e única coisa que muitas pessoas vão saber de nós, a preocupação em escolher uma profissão de prestígio nos é martelada desde pequenos.
“Meu filho vai ser pedreiro!” Dificilmente essa frase será dita com orgulho e peito cheio por nossas avós.
A verdade é que não somos muito criativos. O sonho de grande parte dos pais ainda é formar médicos, engenheiros, advogados e arquitetos.
Mas isso vai contra um mercado de trabalho cada dia mais volátil e flexível, onde profissões são criadas de tempos em tempos, para suprir demandas bastante originais, vindas de um mercado consumidor cada vez mais exigente. Consultor de viagens. Assessor de finanças pessoais. Designer de pratos. Contadores de histórias. O que sua avó diria disso tudo? Fato é que profissionais pioneiros e empreendedores certamente encontram satisfação mais facilmente.
Além da nova corrente de profissões, o velho tem ganhado um espaço mais que justo. São profissões antigas, mas vistas sob uma nova perspectiva — o que faz toda a diferença.
Link YouTube | “The Carpenter”, de Dimitris Ladopoulos.
Por mais que a industrialização tenha engolido grande parte do mercado, os profissionais se reinventam. Marceneiros, pintores, mestres de obras e tantos outros, continuam buscando espaço para seus produtos e serviços, tenham eles cunho artístico ou não. E o retorno financeiro vem atrás — talvez não com a velocidade merecida, mas certamente melhor do que há dez anos.
Por mais modernas e rápidas que sejam as máquina, algumas coisas merecem ser valorizadas, independente da época. Como os profissionais destes dois vídeos, abaixo e acima.
Link YouTube | Dia-a-dia de um carpinteiro marroquino.
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