Se Freud dizia que as mulheres invejam dos homens o falo, eu humildemente digo mais: digo que invejamos de vocês o jeito descolado, prático e leve em algumas ocasiões. Como, por exemplo, na amizade masculina.
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Vocês podem ainda não saber atender ao telefone enquanto digitam um email, ser firmes porém sensíveis, comprar presentes ou qualquer outra coisa. Mas certamente vocês foram compensados com o dom de manter elos duradouros, sinceros e profundos com seres do mesmo sexo. É bonito de ver uma amizade masculina.
É essa sinceridade com o amigo, esse jeito de dizer o que bem pensa sem que ele possa se ofender com melindres que me agrada. Que delícia poder dizer assim, na lata: “Vai casar mesmo, amiga? Será que não é só carência?” e então poder passar a noite falando sobre algo que não o relacionamento do casal. Porque em alguns casos, nós, mulheres, nos podamos tanto que, quando vemos, passamos uma noite supostamente divertida contando sobre como são ou deveriam ser nossos casos, nossos casamentos, nossos filhos. E por vezes nos podamos tanto na vida que o nos resta é falar sobre apenas isso mesmo. Triste.
Essa amizade feminina construída em uma base de areia fofa hora ou outra desaba. São poucas que se salvam. Amizade feminina exige mais tempo, mais ligações, mais explicações. Algo que não acontece na parceria dos homens. Porque, ora, são parceiros! Já está nas entrelinhas da amizade que ninguém ali quer o mal de ninguém, que se não ligou foi porque não quis, não deu, achou melhor assim e fim de papo. Descolados, leves e práticos.
Não entendo exatamente porque não conseguimos reproduzir essa parceria entre nós. Será inveja? Desconfiança? Recalque da relação mãe e filha? Quem explica: a psicologia ou a cultura? Será que ainda estamos reproduzindo a vida das nossas tataravós, colocando pais, irmãos, maridos em primeiro lugar, em detrimento da solidariedade feminina?
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Não tenho paciência para melindres femininos, cansei de dar satisfações e por vezes vejo amizades escoando pelo ralo. Não por falta de história nossa, por falta de papo ou de afinidade, mas pelo simples fato de não conseguir acreditar numa amizade que se baseia em pequenices cotidianas. Quero gente para agregar. Cultivo as relações saudáveis, quero mulheres de uma futura “Cabana PapodeMulher”. Interessadas, interessantes, parceiras no crescimento (não é isso que vocês fazem por lá, garotos?).
Por uma amizade que possa beber cerveja e ver futebol, que possa sair correndo pelo parque, por um amiga com quem a gente possa conversar sem cobranças: “Sumiu, não ligou no meu aniversário, tô chateada, pensei até que você não fazia mais parte do grupo”. Aliás, por uma amizade sem grupinhos, panelas fechadas, clubes da luluzinha e estas maneiras todas que não agregam.
Aqui neste espaço tão masculino, endosso este movimento por uma maior solidariedade feminina. Por amizades leves, práticas, duradouras, por solidariedade além do nosso seleto grupo de amigas.
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