Aos poucos o tema acessibilidade e inclusão vem ganhando mais espaço, não só em divulgação, mas em adeptos, apoiadores.
O que nem todo mundo sabe é que acessibilidade não se resume à superação de obstáculos arquitetônicos. Segundo compreendo, esta é apenas uma faceta do conceito, não sei se a mais importante ou apenas a mais sensível. Acessibilidade para mim é, antes, um conceito que exprime uma dimensão ética, de respeito e consideração pela pessoa com deficiência, seja esta qual for.
Não se trata de subserviência ou coitadismo, mas de igualdade na medida da igualdade. É de uma clareza solar que este que vos escreve, um cadeirante, é diferente da maioria de vocês, assim como o são os deficientes visuais, auditivos, mentais etc. No entanto, as semelhanças são ainda mais violentamente evidentes. Existe algo de essencial, para além da mera constituição e do funcionamento dos sentidos, que nos permite chamar a todos humanos, e é isso que me parece impor a paridade de direitos e possibilidades.
Por exemplo, um prédio público ou de uso coletivo, uma calçada, um funcionário, o transporte etc., tudo e todos devem estar aptos a receber qualquer cidadão da maneira mais satisfatória possível, se não pelo simples de fato de serem pessoas, de existirem e participarem da comunidade, também por serem cidadãos, agentes políticos e pagadores de impostos.
Com os olhos nisso foi criado o Movimento SuperAção, posteriormente transformado em ONG. Há anos essa galera realiza uma passeata em São Paulo, sempre próxima ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (3 de dezembro).
Trata-se de um lembrança:
“Vejam! Existimos e não dá para transitarmos pela calçada!”
Também é uma celebração, uma oportunidade para comemorar tudo aquilo que aos poucos nos é legitimamente reconhecido.
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