nossa tendência a autojustificação é quase irresistível.
mais do que tudo, queremos nos inocentar.
estamos sempre buscando por razões para que aquilo que queremos fazer não seja tão ruim, tão errado, tão imoral quanto aquela vozinha em nossa cabeça diz que é.
* * *
várias vezes, antes de fazer algum comentário, eu pensava:
"hmm, acho que isso pode dar merda, ser mal interpretado, ofender alguém… hmmm… ah, besteira, vou falar!"
quase invariavelmente, meu primeiro instinto estava certo: dava merda.
hoje, a duras, duríssimas penas, aprendi a lição:
quando acende a luzinha vermelha da minha autocensura interna, eu não falo.
afinal, para quê falar?
* * *
com o tempo, aprendi que a lição vale para quaisquer hesitações morais ou éticas.
sempre que me pergunto uma variação de:
"será que essa coisa que eu quero fazer é imoral ou antiética?"
a resposta é sempre sim.
sempre.
* * *
a regra vale somente para coisas que
1) eu quero muito fazer
e, ao mesmo tempo,
2) desconfio que talvez possam ser erradas.
porque o fato de ser uma coisa que eu quero muito fazer já me predispõe enormemente a justificá-la.
se, mesmo assim, tenho uma vaga suspeita que essa coisa pode ser, quem sabe, talvez, errada…
…então é porque ela certamente é errada…
…e eu com certeza enxergaria isso com mais clareza…
…se não fosse uma coisa que eu quero tanto fazer e que estou tão ansioso para justificar.
* * *
então, em minha vida, já tomei como regra de conduta:
sempre que me pergunto se uma coisa que eu quero muito fazer é moralmente errada…
a resposta é sim.
e não faço.
sobre a sua vida, querida pessoa leitora, não tenho opinião.
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