Uma pesquisa publicada na revista americana Obstetrics & Gynecology afirma que a chance de uma mulher morrer durante ou logo depois de um parto é 14 vezes maior do que ao realizar um aborto legalizado. Os pesquisares analisaram dados de partos e abortos realizados nos Estados Unidos entre 1998 e 2005 para constatar que a cada 11 mil partos uma mulher morre, enquanto há uma morte a cada 167 mil abortos legais.
O objetivo da divulgação da pesquisa, obviamente, não é convencer mulheres a deixarem de dar a luz e optarem pelo abortos, mas acabar com o mito, instaurado muitas vezes pelas precárias condições em que o aborto ilegal é realizado, de que o procedimento seria fisicamente perigoso para a mulher.
A questão da legalização do aborto no Brasil ainda é prototípica, guiada por religiões e entra na esfera política (onde realmente o debate precisa acontecer) com ares de chantagem. A primeira tendência seria escolher um lado, pró-escolha ou pró-vida, agarrar-se à sua ideologia e afundar com ela, mas lembrei que eu nunca vou fazer um aborto e que as minhas ideologias não são lá tão importantes.
No Brasil não estamos discutindo as milhares de mulheres que morrem em abortos ilegais todos os anos, não estamos discutindo o impacto da medida no Sistema Público de Saúde, não estamos discutindo as questões éticas envolvidas ou os efeitos psicológicos que o aborto pode ter na mulher.
Até quando uma questão tão séria, de saúde pública, será debatida por líderes religiosos e não por cientistas, juristas e pelas mulheres brasileiras, as mais afetadas pelo tema?
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