Empresas que Você Deveria Conhecer #2: Porto Social une amor à causa e profissionalismo

Incubadora de ONGs e negócios de Recife capacita empreendedores sociais e impacta mais de 300 mil pessoas

Chivas Regal acredita que vencer do jeito certo é ter uma atitude empreendedora que pensa no coletivo e compartilha suas conquistas.

Por isso Chivas e o Papo de Homem desenvolveram uma série de artigos de empresas com uma propostas diferentes dos modelos de negócio tradicional e que acreditamos que estão fazendo a diferença no mundo de forma positiva - fique de olho no nosso canal, estamos desenvolvendo uma série de artigos para inspirar você.

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Brilho no olho, vontade de construir um mundo mais justo e amor ao próximo são combustíveis que movem voluntários e ações sociais ao redor do planeta. Mas se a ideia é causar impacto e acelerar o processo de transformação, é preciso mais do que a mera vontade de ajudar.

Em um mundo burocrático e cheio de regras mesmo para as empreitadas mais românticas, profissionalismo é fundamental.

“Imagine um cara que faz uma ação com amor e atinge 10 mil pessoas. Se aprender a usar os mecanismos legais para captar recursos, fazer os processos de gestão direito ou criar um sistema de voluntariado, ele é capaz de triplicar o impacto do que faz”. É assim que Marcopolo Marinho, professor e mestre em gestão do desenvolvimento local sustentável, ilustra o trabalho realizado pelo Porto Social, incubadora de ONGs , projetos e negócios sociais de Pernambuco da qual é diretor educacional.

O Porto Social é um desdobramento de um projeto anterior chamado Transforma Recife, fundado há pouco mais de um ano e meio pelo com o objetivo de conectar organizações não governamentais e voluntários. Enquanto a iniciativa solidária deslanchava (reúne hoje 440 ONGs e 75 mil pessoas dispostas a serem voluntárias), os idealizadores do programa perceberam que muitas das organizações que aderiram ao Transforma careciam de estrutura e uma rede de apoio.

O Porto foi a resposta encontrada para pular das reuniões promovidas uma vez por mês para algo bem mais sustentável. Entre as 296 ONGs e negócios sociais inscritos, 50 foram selecionados para participar de um processo de incubação que inclui mentoria, cursos de capacitação, práticas e completará um ano em junho de 2017. “O Fábio, presidente do Porto Social, também é um dos idealizadores da Rede Brasileira de Empreendedores Sociais, e a gente consegue identificar panoramas muito semelhantes com nossos parceiros. No Brasil, o empreendedor social é um cara apaixonado, que faz muito por ter iniciativa. Mas por não ser profissionalizado, na maioria das vezes tem um problema muito grande em cinco áreas: contábil, jurídica, projetos, comunicação e gestão”, diz o diretor.

Contadores e advogados não costumam ser preparados para atuar com questões relativas ao terceiro setor, e são poucas as organizações que sabem elaborar projetos para captar recursos dentro da legislação vigente no País. E como boa parte das iniciativas sociais são criadas à imagem e semelhança de seus fundadores, é comum que encontrem um gargalo justamente nessa figura central. Um dos papeis do Porto é tentar fazer com que esses gestores percebam que precisam delegar funções para que a equipe em torno deles seja empoderada a fazer mais. O papel do líder é trabalhar estrategicamente, e não passar mais tempo brigando para apagar incêndios do que pensando como gestor.

“Aqui no Porto Social, entregamos uma série de serviços e produtos para cada organização. Cada incubado tem direito a um advogado cedido por um dos maiores escritórios de advocacia do estado e também recebe assessoria contábil. Temos uma rede com cerca de 200 mentores, fazemos a assessoria de imprensa e também oferecemos um coworking que serve de ambiente de trabalho para essas organizações”, explica Marcopolo. “Temos 40 ONGs e 10 empresas que têm impacto social trabalhando juntas, de forma criativa, em um único espaço de 700 m2. Em quatro meses de incubação até aqui, eles receberam 46 cursos práticos, em que vão aprendendo, executando e recebendo desafios para implementar”.

O levantamento feito pelo Porto apurou que as 50 organizações selecionadas impactam, actualmente, a vida de 310 mil pessoas. A ideia é que ao final do ciclo de incubação o impacto seja triplicado. “A demanda social existe e é muito grande. Por muito tempo, ninguém se preocupou com essas organizações. Governo e as universidades ficavam muito distantes do terceiro setor, e as pessoas estavam fazendo o bem sozinhas”, diz Marcopolo.

Convivendo no mesmo espaço e com o benefício social como meta comum, as organizações não operam sob o paradigma da concorrência e têm como parâmetro a evolução um do outro. Se uma organização de educação passa a captar recurso por Lei Rouanet, isso instiga todo mundo a ir em busca dessa expertise.

Não à toa, uma das principais atividades do Porto, que usa o slogan “Todo mundo junto”, é estimular essas conexões.

Alunos de universidades como a UFPE e a Católica desenvolvem planos de marketing para algum dos incubados e passaram a ser visita frequente na sede localizada no bairro de Ilha do Leite. Grandes empresários e grupos de empreendedorismo apoiam a empreitada financeiramente ou participam de rodas de negócio com os incubados; secretários de pastas como Educação, Meio Ambiente e Saúde são convidados para conversar e entender o que está acontecendo na outra ponta, que vive e movimenta outros espaços da cidade.

Foto retirada do Facebook do Porto Social: www.facebook.com/oportosocial

Do Recife para o Brasil como um todo

“O cenário econômico do Recife é igual ao de todo o País, e estamos vivendo um momento bem difícil. Ao mesmo tempo, a gente também vive um momento muito bom, de encontros, de muitas redes. Empreendedores estão se encontrando em diversos momentos, em diversos locais, e o Porto Social tem feito parte desse movimento”, diz Marcopolo.

A equipe do Porto já visitou vários estados e também oferece como um de seus produtos um programa de imersão em que as pessoas vão até Pernambuco para aprender e perceber a possibilidade de implantar sistemas como o Transforma Recife e o Porto Social em outros locais. Recentemente, receberam uma comitivas do Mato Grosso e fizeram ainda uma imersão em que estiveram presentes empreendedores sociais de referência do Amazonas, de Curitiba, de Porto Alegre, de Salvador e de Aracaju.

“Como nós somos uma associação sem fins lucrativos, o Porto vem com a visão de fazer com que a experiência criada em Recife seja um modelo para o País. Uma metodologia que a gente consiga replicar de forma sustentável para que surjam outros Portos Sociais”, diz Marcopolo.

Dividido em nove categorias que incluem temas como educação, saúde, igualdade de gênero, cidades inteligentes, idosos e esporte, o Porto Social divide seus treinamentos em três grupos com programações diferentes: um de organizações iniciantes, outro de organizações consolidadas e um terceiro de negócios sociais. O trabalho de desenvolvimento em si se baseia no diagnóstico e acompanhamento de uma escala com 110 variáveis, divididas entre aspectos estratégicos (filosofia, missão, valores) e operacionais (como se comunicam? Qual é a estrutura de marketing?).

Os princípios rumo ao profissionalismo são os mesmos, mas cada organização evolui de acordo com suas particularidades. A BeOne Tech, dedicada ao tratamento e desenvolvimento de equipamentos médicos para tratar feridas de diabéticos, já foi premiada em Harvard. Por sua vez, o Saladorama — dedicado à democratização do acesso à alimentação e à hidratação saudável — ficou em terceiro lugar em um prêmio voltado para cidade inteligentes.

Há também a preocupação com quem não foi selecionado. Às sextas-feiras acontecem cursos livres e abertos, e em eventos como o #BemCidadão (aconteceu nos dias 26 e 27 deste mês de novembro), os incubados serão responsáveis por compartilhar o que aprenderam em  palestras para a sociedade civil.

 

“O papel educacional de uma instituição como o Porto é mudar a mentalidade da nossa sociedade. A gente trabalha aqui quase 24h por dia em prol dessa mudança. Apesar de ser uma equipe enxuta, com nove pessoas, a gente vive hoje dentro de um ecossistema de mudança social. Não acreditávamos mais em um sistema em que cada um pensava sozinho, e hoje já conseguimos pensar junto. É um ambiente muito legal de trabalho, que merece ser replicado pelo País”, defende Marcopolo.

Mecenas: Chivas

A Série “Empresas que você deveria conhecer” foi criada pela parceria de Chivas com o PapodeHomem. Nas próximas semanas você vai conhecer a história de empresas com propósitos diferentes do tradicional.

Queremos trazer à tona empresas que querem fazer a diferença, vencer do jeito certo e fazer mudanças positivas no mundo.

Saúde.


publicado em 28 de Novembro de 2016, 08:55
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Ismael dos Anjos

Ismael dos Anjos é mineiro, jornalista e fotógrafo. Acredita que uma boa história, não importa o formato escolhido, tem o poder de fomentar diálogos, humanizar, provocar empatia, educar, inspirar e fazer das pessoas protagonistas de suas próprias narrativas. Siga-o no Instagram.


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