Quem já não deixou a namorada em casa, juntou a rapaziada de fé e se lançou numa viagem só pra curtir o lugar, beber e rachar de rir? Esses caras fizeram isso. O destino da viagem? Europa.
O fato ocorreu em 2004. O grupo percorreu 11 países do Velho Mundo durante 30 dias com uma única meta: encontrar a cerveja perfeita. Afinal, no longínquo ano de 2004, o Ronaldinho Gaúcho ainda era ídolo em Barcelona, a preocupação do Brasil estava em “quem matou Lineu”? na novela Celebridadese não existia a enxurrada de cervejas importadas e artesanais brasileiras que hoje – graças ao bom Deus – invade as gôndolas de supermercados e empórios.
O grupo, assim que chegou, começou a experimentar as mais diferentes cervejas. E, literalmente, babaram pela qualidade dos produtos. As brejas eram muito mais saborosas, diga-se, do que as brazucas do boteco. Foi ali também que os caras sentiram a imensa diversidade de estilos existentes. A velha Pilsen do bar da esquina é apenas um tipo entre cerca de 120 estilos de cerveja, um mais diferente que o outro.
Logo no início da trip, um dos amigos resolveu anotar os rótulos consumidos. Foram mais de uma centena no total. As notas eram divididas entre zero a cinco a cada um deles. Já no Braisl, a rapaziada decidiu criar uma planilha com as informações das brejas. Outros amigos logo quiseram ter acesso ao documento. Foi quando a trupe resolveu criar um site simples para disponibilizá-la para download. Por acaso, sem nenhuma pretensão, nascia ali o site Brejas, no início com duas páginas somente: o botão de download da famigerada planilha e um blog com degustações e notícias cervejeiras.
Mais gente ficou sabendo da lista e os acessos ao site se multiplicaram. Só havia duas alternativas: investir no brejas ou deixá-lo ter seu minuto de fama. A primeira alternativa foi a escolhida, mas encampada por apenas dois dos sete fundadores “brejeiros”: O publicitário Ricardo Sangion e o advogado Mauricio Beltramelli, até hoje sócios do empreendimento.
A grande virada do brejas aconteceu só em 2008. A dupla conseguiu fazer funcionar um ranking de cervejas no qual todo mundo poderia se cadastrar e dar notas e comentários sobre o que estava bebendo. Tudo acontecia na época certa, já que as cervejas importadas e artesanais nacionais começaram a aparecer com toda força no mercado, gerando cada vez mais interesse.
O site cresceu em funcionalidades. Há dicas de melhores cervejas, quiz, guias cervejeiros, troca de mensagens entre aficionados e muito mais. Em 2010 o Brejas quase dobrou de tamanho, com quase 1 milhão de visitantes, um prodígio de audiência para um site direcionado.
Os “confrades” administradores ainda aprofundaram-se no assunto cervejeiro. Mauricio Beltramelli, por exemplo, é hoje uma referência quando se fala em cerveja. O cara é formado Sommelier de Cervejas na Alemanha e Mestre em Estilos de Cerveja nos Estados Unidos e corre o país conferindo concorridas palestras sobre o tema.
Se eles já encontraram a “cerveja perfeita” que buscavam naquela viagem europeia de 2004? “Nem queremos achá-la, porque ela não existe. E o mais importante é o caminho, não a chegada” diz, enigmático, Ricardo Sangion.
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