Respostas para as dúvidas mais comuns sobre a ejaculação precoce

Vamos bater um papo sobre o problema que assombra tantos casais no Brasil e no mundo?

Estamos, por incentivo de vocês, voltando a falar mais sobre a saúde do homem. Há quinze dias abrimos a série de artigos com entrevistas curtas falando sobre a infertilidade masculina, agora chegou a vez de esmiuçar outro assunto tema de muitos emails que recebemos: ejaculação precoce.

Conversamos com o doutor João Manzano, urologista do Hospital Moriah e especialista no assunto. Ele respondeu de maneira muito esclarecedora às principais dúvidas que reunimos e ainda deu uma dica: o segredo não é o tempo que você leva para ejacular, mas a satisfação sexual sua e de sua parceira.

Aqui vai o papo que batemos com o doutor.

Dúvidas frequentes sobre ejaculação precoce

PapodeHomem: Qual o percentual de brasileiros que tem ejaculação precoce e quais fatores contribuem pra isso?

Dr. João Manzano: Segundo a Sociedade Internacional de Medicina Sexual, ejaculação precoce (EP) ou rápida é a disfunção sexual masculina caracterizada pela ejaculação que ocorre quando o tempo desde a penetração vaginal até o orgasmo passa a ser insatisfatório para o homem ou para o casal. Essa dificuldade gera consequências negativas, tais como: sensação de incômodo, insatisfação e/ou desejo de evitar a intimidade sexual.

É importante dizer, que a EP é um sintoma e não propriamente uma doença. Sua incidência é alta, ocorrendo com cerca de 30% dos homens. O principal aspecto é a insatisfação sexual, envolvendo geralmente tanto o homem como sua parceira.

Trata-se de um problema comportamental, envolvendo um nível de ansiedade elevado, mas também pode ter causas orgânicas ou físicas como: prostatite, alterações relacionadas com a serotonina (hormônio que regula o humor, sono, entre outras funções), hipersensibilidade da glande e problemas da tireoide.

Quanto tempo é considerado normal para uma ejaculação e quanto tempo é considerado abaixo da média? Ejacular antes desse tempo é sinal de que o indivíduo tem EP ou pode ser outro problema?

Não existe uma classificação por tempo ou número de intercursos para se caracterizar corretamente a EP. O conceito mais aceito é o de que a EP está ligada à incapacidade recorrente de o homem exercer controle sobre a percepção da fase anterior ao seu reflexo ejaculatório. Ou seja, uma vez excitado sexualmente, com uma mínima estimulação ele atinge o orgasmo, antes ou logo após a penetração. O aspecto mais importante é definir se a precocidade ejaculatória acarreta desconforto ou angústia no paciente e na sua parceira.

O diagnóstico da ejaculação precoce é eminentemente clínico, ou seja, ele é feito por meio do relato do paciente, detalhando desde quando iniciou e como evoluiu, além do exame físico e, se necessário, algum exame complementar de dosagem hormonal.

Existe tratamento médico ou remédio para reverter o quadro de ejaculação precoce?

O paciente com EP possui um perfil psicológico de ansiedade. Neste sentido, praticar atividades que aliviem o estresse e conversar com sua parceira sobre o problema podem ser úteis do ponto de vista emocional. A ajuda de um terapeuta sexual também pode proporcionar excelentes resultados, inclusive a cura do problema. No tratamento, é fundamental que a pessoa aprenda a perceber a fase imediatamente anterior ao orgasmo. Para isso, a realização de exercícios masturbatórios, inicialmente a sós e posteriormente com a parceira ajuda muito.

"O que você está fazendo, sr. Coelho?" "Correndo da ejaculação precoce, minha senhora."

Já o tratamento medicamentoso da EP é realizado basicamente por antidepressivos. Alguns analgésicos de ação sistêmica ou local têm sido empregados com bons índices de sucesso. Quando existe disfunção erétil (impotência) associada, os inibidores da fosfodiesterase do tipo-5 podem ser igualmente utilizados. Também existe uma tendência de se utilizar a combinação da psicoterapia sexual com a medicamentosa, visando melhores resultados.

Além do tempo necessário para ejacular, há algum outro indicador notável pelo homem no dia a dia?

Como dissemos, o aspecto mais importante não é o tempo necessário até a ejaculação, o fundamental é definir se a ejaculação esta insatisfatória, desconfortável ou trazendo angústia ao paciente e sua parceira.

Qual a melhor maneira de acolher alguém diagnosticado com esse problema e como podemos contribuir para o debate público?

Uma grande parte dos pacientes acredita erroneamente que tem ejaculação precoce, quando na verdade não tem. É importante saber que ninguém tem controle ejaculatório todas as vezes e com todas as parceiras. É normal uma deficiência no controle em algumas situações: quando se é mais jovem e está iniciando a vida sexual; se a estimulação ou preliminares forem muito intensas; se houver um espaçamento muito grande entre as relações sexuais; ou quando existe uma parceira nova (situação que pode gerar mais ansiedade).

Deve-se desmistificar a questão do tempo necessário para a ejaculação e da crença de que os homens são responsáveis pelo orgasmo da mulher, ou da necessidade de chegar ao clímax juntos. Em geral as mulheres demoram mais que os homens a atingir o orgasmo e muitas não chegam através do coito, necessitando de estímulos diretos, manuais ou orais.

Deve-se sempre lembrar que trata-se de um problema comportamental na maioria dos casos, envolvendo ansiedade, e deve ser tratado como tal, dimensionando o impacto psicológico que a EP possa estar causando tanto para o homem como para sua parceira.

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Nota da edição: este texto faz parte de um novo formato de artigo que estamos trazendo para o PapodeHomem. A ideia é reunir as perguntas e dúvidas mais frequentes sobre determinado assunto e procurar um especialista que possa nos dar respostas esclarecedoras a respeito.

Para que o formato funcione e se torne interessante, nada melhor do que sentir o termômetro da comunidade, portanto, envie para o meu email qual tópico você gostaria de ver por aqui e nós vamos reunir as perguntas mais frequentes para produzir os próximos artigos.

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publicado em 27 de Outubro de 2016, 00:05
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Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a Jornalismo Júnior, organizou campeonatos da ECAtlética e presidiu o JUCA. Siga ele no Facebook e comente Brenão.


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