Do clássico ao que você ainda não ouviu: o jazz em 43 obras geniais

Estilo musical estranho aos ouvidos da maioria, geralmente apreciado pelos mais velhos. Os mais alheios não sabem nem o que é, ou talvez arrisquem um “é aquilo que toca no desenho Tom e Jerry”. E é, em parte – obviamente isso não caracteriza nem uma fração do jazz, mas já é um começo.

Fato é que conhecer jazz é foda. Jazz é foda, jazz é cultura – por sinal, riquíssima. O problema é que não dá pra conhecer jazz ouvindo as músicas erradas. Salvo raras exceções, ninguém começa a ouvir metal sem antes passar por um rock mais brando. Com o jazz é a mesma coisa.

Assim sendo, ofereço aqui 43 músicas ordenadas cuidadosamente. Meu objetivo é compartilhar uma parte do meu conhecimento do jazz de forma a não assustar aqueles que nunca pararam para ouvir o estilo.

Seja qual for sua intenção ao querer adentrar o mundo jazzístico, espero que esta lista ajude a perceber o estilo – e a música, como um todo – de outra maneira, sob outra perspectiva, ou melhor ainda, sob perspectiva nenhuma.

Considerações iniciais:

1. Ordenei as músicas segundo o seguinte critério: para quem nunca ouviu jazz, eu recomendaria as de nível 1. Para quem já ouviu um pouco, mas não está muito familiarizado, nível 2 – e assim por diante. Isso não quer dizer que as músicas de um nível sejam superiores às de outro, tampouco que haja uma classificação desse gênero. Trata-se de uma criação minha, feita para (tentar) facilitar a vida de quem não conhece o jazz. Lembrem-se que todas essas músicas foram lançadas para quem quisesse ouvir e, apesar dessa classificação, eu também estou colocando aqui para quem quiser. Sinta-se a vontade para ir até o nível 4 e ouvir Mingus; eu só não recomendo que você faça isso se não tiver uma certa experiência.

2. Se você achou um absurdo o fato de determinada música – que você considera deslumbrante – estar em outro nível que não o 4, respire fundo e se acalme, eu sei que você provavelmente está certo. Os títulos que eu dei aos níveis não estão aí para mostrar que se referem só às músicas que estão no seu respectivo nível. Seria absurdo dizer que só as músicas que estão no nível 2 são agradáveis, não é mesmo?

3. Dê atenção exclusiva às músicas, evite tudo que possa te distrair. De preferência, ouça no escuro. Um exercício interessante para ajudar a manter a concentração é tentar dar o mesmo nível de atenção a todos os instrumentos envolvidos (é mais difícil que parece, principalmente nos solos).

4. Não tente ouvir todas as músicas de uma vez só. São 43. Vá ouvindo aos poucos.

5. Leia o Curso intensivo de apreciação de jazz. Se você leu e não se lembra, dê uma relida ou mantenha uma aba aberta para consultar em caso de dúvidas.

6. Tentarei não me ater às classificações de subgêneros de cada música  mas também não me absterei. Minha intenção aqui é apresentar as composições e seus respectivos autores, portanto se eu mencionar algum subgênero é para caracterizar melhor a música em tela. Não se preocupe com pormenorizações de classificação. Música é música, classificação é um rótulo que colocamos para tentar entender melhor o que estamos ouvindo.

7. Música é subjetivíssimo. Algo que eu considero nível 1 pode ser nível 3 para você, assim como o contrário também é possível. No geral, acredito que a ordem esteja mais ou menos coerente, mas se você discorda de alguma coisa sinta-se livre e convidado a postar nos comentários.

* * *

Assim sendo, vamos, então, ao nível 1 – Preliminares.

Moanin – Art Blakey

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Para abrir a lista, um bebop dos mais clássicos – e classudos –, cujo título pode ser traduzido como "gemido". A música traz uma aura de tristeza em tom relutante e ao mesmo tempo conformado. É como se fosse o gemido de alguém que cansou de lutar e entregou os pontos. Há uma versão letrada dessa música (particularmente, gosto dela na voz de Karrin Allison), mas optei por apresentar a instrumental para demonstrar que a letra nem sempre é tão necessária para a compreensão da história contada pela música.

Summertime - Oscar Peterson

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Oscar Peterson dá em seu piano uma roupagem interessante ao standard Summertime. Aliás, esta é uma excelente oportunidade para compreender o termo Standard: um tema conhecido (neste caso, percebido dos 0:33 aos 0:44 e naturalmente em vários outros momentos) que se repete ao longo da música abrindo espaço entre as repetições para as improvisações do intérprete. Vale notar a precisão de Peterson em suas improvisações, que sempre começam e terminam de maneira a permitir a repetição do tema de forma natural e intuitiva.

This Here – Bobby Timmons

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Título de um álbum de Bobby Timmons, esta música é um belo exemplo do piano no contexto do jazz. Com um compasso bem delimitado, a sincronização entre os instrumentos envolvidos é precisa e permite ao piano um destaque sutil, que não ofusca os demais ao convidá-los para acompanhar o virtuoso pianista.

So What – Miles Davis

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Primeira faixa do álbum Kind of Blue. Trata-se de um modal bem colocado, que esbanja qualidade e virtuosismo ao som do trompete de Miles. Não há muito que se falar desta música. Basta ouvi-la para entender o porquê de sua posição de destaque no que muitos consideram como o melhor álbum de jazz de todos os tempos.

Blue Train – John Coltrane

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Saxofonista de mão cheia, John Coltrane se posiciona ao lado de Miles Davis como um dos artistas melhores colocados no jazz. Coltrane apresenta nesta música uma variação rítmica única com elementos de improvisação característicos de seu jazz avant-garde. Vale ressaltar que Blue Train é a primeira faixa do álbum de mesmo título, considerado um dos mais influentes do jazz.

Waltz Limp – Dave Brubeck

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Dave Brubeck inovou ao adaptar um ritmo comum à valsa em seu jazz. Parte do álbum "Time Out", ao lado de pérolas como Take Five e Blue Rondo a la Turk, Waltz Limp faz um link entre a música clássica apreciada pela nata da sociedade e o jazz, gênero lançado pelos negros.

Let´s Face the Music and Dance – Nat King Cole

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Nat King Cole trouxe músicas dançantes e glamourosas que contribuíram bastante para o swing. Inserida em um contexto social de crise pós-crack da bolsa de Nova York, esta música traz uma perspectiva bem interessante dos eventos que marcaram a época. De quebra, também podemos contemplar no vídeo todo o talento do bailarino Fred Astaire.

Take Five – Dave Brubeck

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Uma das – se não a – músicas mais conhecidas dentre os que não estão familiarizados com jazz. Take five é um cool envolvente, com cara de trilha sonora de qualquer tipo de filme que envolva personagens fodões. Há um solo de bateria bem bacana com o piano ao fundo, inversão nada usual no jazz.

The Entertainer – Scott Jopplin

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A música não precisa ser erudita para ser clássica, como podemos notar aqui. The Entertainer é um tanto conhecida pelos cinéfilos: faz parte da trilha sonora do filme Um Golpe de Mestre (The Sting), e rendeu ao filme um de seus 7 Oscars.

Fever – Peggy Lee

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Fever é uma daquelas músicas que consegue ser sensual sem mencionar a palavra "sexo" ou gírias correlatas e , não obstante, sem abrir mão de certo romantismo. Uma ótima escolha para embalar um encontro que tenda a um final feliz.

Little Boat (O Barquinho) – Karrin Allyson

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Eu sei, isso é Bossa Nova. Ainda assim, se nos abstermos de dar nome aos bois podemos notar que Bossas Novas no geral se assemelham bastante com alguns Jazz. Os gringos já perceberam isso, haja visto o número de intérpretes de jazz que se arriscam no português para cantar Bossa Nova. Esse vídeo, por exemplo, faz parte de uma apresentação e é precedida de "Moanin", já exposta aqui na lista em sua versão instrumental.

* * *

Sem mais delongas, vamos subir ao nível 2 – agradáveis.

Rouge – Miles Davis

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Rouge é uma das músicas que encerram o álbum Birth of the Cool, e como tal ajuda a definir o cool jazz. Nota-se aqui um ritmo bem menos frenético que no bebop, com notas mais comedidas e espaçadas.

The Sidewinder – Lee Morgan

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Trata-se de um bebop fluente e bem ritmado, com um pezinho no blues. As improvisações do trompete de Morgan se encaixam como uma luva, deixando em dúvida se é o acompanhamento ou o próprio trompetista que está definindo o rumo que a coisa irá tomar.

Bird Feathers – Gil Evans

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Com uma melodia agradável, Bird Feathers se apresenta como um cool leve e descontraído. Apesar dos quase 7 minutos de duração, a impressão que temos ao final é de que terminou cedo demais. Não há muito que se dizer dessa música, ela já fala por si só.

When the Saints Go Marchin In – Louis Armstrong

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Louis Armstrong portava uma voz inconfundível. No trompete também não ficava para trás. Esta música é um belo exemplo de sua maestria.

Work Song – Nina Simone

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Composta por Nat Adderley e popularizada por seu irmão, Cannonball Adderley, Work Song se caracteriza como uma música Soul com uma pegada sutil de bebop/hard bop. Nina Simone empresta sua voz potente para a obra neste vídeo.

Liquid Spirit – Gregory Porter

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Com uma pegada de bebop, o soul de Porter remonta às raízes do jazz e desbanca qualquer um que diga que os contemporâneos se esqueceram de suas origens. O CD de mesmo nome, inclusive, rendeu a Gregory Porter o Grammy de melhor álbum de jazz vocal deste ano.

Cantaloupe Island – Herbie Hancock

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Para que ninguém duvide da versatilidade de Hancock, aqui vai uma música que passaria despercebida em muitos álbuns modais. O grupo britânico US3 fez uma releitura um tanto quanto famosa desta composição: Cantaloop (flip fantasia).

Tequila – Wes Montgomery

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Standard do jazz, apresentado por Wes Montgomery. Excelente guitarrista, Wes é inconfundível e merece posição de destaque dentre os melhores do mundo. Não apenas pelo virtuosismo, mas também pelo seu jeito único de tocar.

Is You Is Or Is You Ain’t (My Baby) – Louis Jordan

https://www.youtube.com/watch?v=m7M4thNT_EY

Essa já apareceu nos desenhos do Tom e Jerry. É elegante, tem um ritmo suave e a letra fala de um tema universal quando se trata de música – o amor. Sabe a Fever, da Peggy Lee, e a ideia de embalar o encontro que tenda ao final feliz? Coloque essa aqui pra tocar depois.

Puttin’ On The Ritz – Club des Belugas

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Club des Belugas é uma banda alemã que combina Jazz (mais comumente, swing) com elementos da música eletrônica, apresentando materiais de altíssima qualidade. Aqui, ouvimos uma versão modernizada da música de Fred Astaire, aquele dançarino fodão.

Stolen Moments – Oliver Nelson

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Um bebop brando, com uma pegada de modal e free, e uma melodia que soa como lágrimas e consentimento. Sem dúvida, uma música que eu usaria para responder a pergunta “O que é jazz?”.

* **

Agora, continuaremos nossa escala, rumo ao nível 3 – Interessantes.

Cousin Mary – John Coltrane

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Um standard lançado no álbum Giant Steps. Em se tratando de hard bop, é imprescindível recorrer a este álbum que de certa forma ajudou a caracterizar o sub gênero.

Straight no Chaser – Thelonious Monk

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Percebe-se aqui o uso firme e delimitado do prato da bateria substituindo o bumbo na demarcação do tempo da música. A progressão de acordes e a densidade de notas também ajudam na caracterização desta música como um standard do bebop.

Salt Peanuts – Dizzy Gillespie

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Dizzy trouxe ao jazz elementos da música latina e africana. Seu trompete não era convencional, era torto. Além disso, ele tocava com as bochechas cheias de ar – coisa que os trompetistas costumam evitar. Dá pra notar no vídeo. Seu carisma, porém, abriu os ouvidos das pessoas para as novidades que ele trazia. Traduzindo em termos gerais, a fala inicial é a seguinte:

" (...) se vocês não ouviram [salt peanuts], vocês não sabem como funciona. Eu estou aqui para ensiná-los como Salt Peanuts funciona, já que sou o compositor de Salt Peanuts. (...) '1, 2, 1, 2, 3 biribiridiran baranbaran BUM Salt Peanuts, Salt Peanuts'. Vocês acham que conseguem fazer isso? Vocês esperam pelo BUM e dizem 'Salt peanuts, salt peanuts'. E então, depois de esperarem pelo 'BUM', ressaltem o 'PEA'. Vocês não devem ressaltar o 'NUTS'. Vocês não devem dizer 'Salt peaNUTS, salt peaNUTS'. Vocês dizem 'Salt PEAnuts, salt PEAnuts'. Tem uma diferença. (...)".

Modal Mood – Dexter Gordon

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Como é de seu costume, Dexter toca com muita qualidade e enche os ouvidos de qualquer um. Esse é o tipo de música que se ouve no carro, à noite, de vidros fechados para pensar melhor na vida. Facilita a viagem.

Chamaleon – Herbie Hancock

https://www.youtube.com/watch?v=UbkqE4fpvdI

Hancock é (ainda está vivo) um dos músicos mais influentes da atualidade. Sua atuação no fusion e o uso que fez de instrumentos eletrônicos ajudou a atualizar o jazz e influenciou muitas das músicas que hoje são ouvidas no rádio. Chamaleon, primeira faixa do álbum Head Hunters, é belo exemplar dessa nova contextualização do jazz.

Bebop – Charlie Parker

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Domínio técnico, virtuosismo e uma alma quase que audível fizeram de Charlie Parker tudo que ele foi e representou para o jazz. Quanto à música, prefiro não comentar. O nome já diz tudo.

Cheese Cake – Dexter Gordon

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O virtuosismo de Dexter Gordon no seu saxofone fica bem claro neste hard bop. Dê uma atenção para o prato da bateria na demarcação do tempo, para o piano no acompanhamento e, é claro, para o saxofone como instrumento principal. O esqueleto aqui serve para muita música de jazz, admitidas pequenas variações de instrumentos.

King Porter Stomp – Gil Evans

https://www.youtube.com/watch?v=rERwHf8XaTo

Excelente cool com uma pegada de modal, essa aqui enche os ouvidos. Sabe aquela música que não dá pra ouvir sem imitar a batida com o pé, dedos ou qualquer outro membro? Então, é o caso.

Watermelon Man – Herbie Hancock

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Nota-se aqui a irreverência e versatilidade de Hancock, em um teclado explorado da melhor maneira possível. Watermelon Man faz parte do álbum Head Hunters, junto com Chamaleon.

Pick Up Sticks – Dave Brubeck

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Bem diferente de tudo que apresentei aqui, esta música é meio quadrada – no sentido de angular – e é aí que está a sua beleza. É o mais puro encanto apresentado na forma do simples. Perceba como o piano se porta, robusto e implacável na presença constante dos demais instrumentos. Na minha cidade, em um programa de rádio de excelente qualidade, essa obra toca ao fundo enquanto o apresentador apresenta a próxima música. Excelente escolha.

* * *

Cá estamos, então, no nível 4 – deslumbrantes. Preparem seus corações.

Moanin – Charles Mingus

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Essa é uma obra completa, no sentido de que nenhum instrumento envolvido seria muito coerente se fosse ouvido sozinho. Em destaque, percebe-se o contrabaixo fazendo papel de guia, juntamente com o estonteante saxofone barítono. Como é de seu costume, Mingus abusa da sua criatividade e mistura elementos comuns de diferentes subgêneros do jazz – neste caso, algo puxado para o hard bop misturado com o free e o retrato audível do autor –, dificultado sua categorização e apresentando um material agradavelmente inusitado aos seus ouvintes.

The Clown – Charles Mingus

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Tenha cuidado ao ouvir esta música. Se ainda não engoliu a Moanin (de Mingus), se tem o estômago muito sensível ou chora à toa, tome mais cuidado ainda: a intenção desta música não é ser bonitinha.

Ouvimos aqui a história de um palhaço cujo objetivo era fazer as pessoas rirem. Apesar dos mais diversos esforços, o palhaço não lograva êxito, não conseguia ser aplaudido. Um dia, durante a apresentação da peça, uma corda arrebentou e o pano de fundo (não tenho certeza se o nome técnico é esse, refere-se a uma parte do cenário; em inglês é "backdrop") caiu na parte de traz do seu pescoço.

Doeu bastante, ele tentou se levantar e nisso viu a platéia se acabando de rir. Ele finalmente tinha conseguido fazer a platéia rir, mas aquele foi o fim do palhaço. Essa música é uma crítica aos artistas da época que se deixavam levar pelos caprichos do público e se esqueciam que a música não é meramente comercial.

Lonely Woman – Ornette Coleman

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Standard de Ornette Coleman, Lonely Woman se apresenta como um free jazz robusto e angular, com traços de hard bop.

Locomotive – Thelonious Monk

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Dizem as más línguas que o bebop se originou na época em que os trilhos dos trens estavam sendo construídos. O ritmo constante dos martelos ao som do ferro, então, emprestaram ao jazz muito mais do que o nome do sub gênero. Não sei se procede, mas faz sentido. Locomotive endossa, ou pelo menos mostra porque isso faz sentido.

Will o’ The Whisp – Miles Davis

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Flamenco Sketches traz essa pérola, uma releitura da obra prima “Canción del fuego fatuo” de Manuel de Falla. Miles dá aquela roupagem azul a uma canção espanhola, colocando sua alma no saxofone e apresentando algo no mínimo interessante. O mais curioso aqui é que essa músic jazz como estado de espírito. Para quem não conhece a original, vou deixar aqui a interpretação do Mestre Paco de Lucia (que também participou de vários festivais de jazz com seu jazz latino).

Boogie Stop Shuffle – Charles Mingus

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Por um lado, as músicas dele são incríveis, excelentes para quem quer ouvir um bom Jazz para apreciar, no sentido mais pleno da palavra. Por outro, já coloquei duas dele só aqui no nível 4. Não pega bem ficar repetindo muito o artista. Mas é que o cara é genial... Bom, temos aqui um tema que se repete e abre espaço para as improvisações do trompetista. Em tese, nada muito diferente das outras canções. Na prática...

Nica’s Dream – Horace Silver

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Um hard bop deslumbrante. Em um primeiro momento, o piano e bateria curtos e comedidos se contrapondo ao trompete mais melódico. Depois, o piano se desenvolve e, na ausência do trompete, faz-se notar com mais força. Quando o trompete volta, o clima inicial retorna também. Horace Silver era pianista, mas sabia colocar os demais instrumentos em suas músicas.

Feeling Good – Nina Simone

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Essa música está aqui, em deslumbrantes, porque é o tipo de música que toca em momentos deslumbrantes. Note o piano. Note a tuba (se não me engano, isso é uma tuba mesmo. Parece com tuba.). Note a voz. Depois, tente decidir o que é mais poderoso.

The Face of the Bass – Ornette Coleman

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“A cara do baixo”. Note que o trompete não está seguindo como na maioria das músicas. Acontece que essas perambulações entre poucas notas são comuns ao baixo (ou contrabaixo), cuja função geralmente é acompanhar os demais instrumentos e ditar o ritmo da música. Preste atenção em outras e perceba isso. Interessantíssimo.

Dizzy Atmosphere – Charlie Parker e Dizzy Gillespie

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Que Dizzy era alegre e carismático, já sabemos. O que talvez vocês, leitores, não soubessem é que Dizzy tocava muito com Charlie Parker. Na verdade, é comum no mundo do jazz ver que um artista famoso tocou com outro. Não é como hoje em dia, que o vocalista faz mais sucesso que os outros. Claro, os álbuns e músicas levavam o nome de um ou outro, mas é difícil ver um artista que não tenha pelo menos um álbum em seu nome. Vemos, nesta música, uma transposição da alegria de Dizzy para o trompete e sax da dupla.

Caravan – Duke Ellington

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Caravan remonta à era das big bands, com um ritmo envolvente e fluido. Acabou se tornando bastante influente, interpretada por grandes nomes como Wes Montgomery e Brian Setzer. Recomendo ouvir as versões dos intérpretes supracitados. Especialmente a do Setzer.


publicado em 16 de Agosto de 2014, 15:43
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Lucas Soares

Estudante de tudo que considera útil ou aprazível. Gosta de frio, prefere a noite, mas não se opõe a dias quentes. Pode ser encontrado pelo Facebook.


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