9 dicas valiosas para não ser enganado por uma oficina mecânica

Dicas de um mecânico para não ser enganado por um mecânico

Quando se diz que em tudo no mundo – música, religião, esportes, celebridades – existe uma banda podre, a afirmação é sempre sobre uma minoria agarrada nessas instituições. Em geral, porém, a maldade repercute muito mais do que os feitos da bondade e é por isso que temos a impressão de que a minoria de pessoas mal intencionadas é maior do que a quantidade de pessoas boas (vamos deixar a política de fora, ok? haha).

No meu ramo de atuação, reparação de automóveis, não é diferente. Na verdade, talvez nós sejamos os primeiros profissionais que ganharam a fama do famoso 'embromation'. Me recordo de uma propaganda já bem antiga onde um mecânico explicava para a dona de um carro o defeito com uma frase que se tornou famosa: "Dona... o pobrema tá na rebimboca da parafuseta...".

Talvez só os mais velhos se lembrem dessa. Talvez você só conheça a expressão. E talvez você não saiba que a propaganda servia para alertar as pessoas sobre não serem enganadas. Para isso, usavam justamente a figura de um mecânico e de uma oficina qualquer para retratar o risco disso acontecer.

A ideia do texto de hoje é dar algumas dicas para, assim como a propaganda, evitar que você caia numa roubada quando seu carro apresentar algum problema. Nós não pretendemos formar nenhum especialista e nem apresentar soluções mágicas, mas sabemos que ter algum conhecimento ajuda, mesmo que seja apenas para impressionar um pouco o mecânico e provocar a sensação de que você não é uma pessoa fácil de ser passada pra trás (pelo menos nesse assunto).

"Meu senhor, eu tô ligada que o problema é o fusível de freio e não a bobina do motor."

Antes de irmos para as dicas propriamente ditas, vale acrescentar duas coisas:

1. o ideal é que você construa um relacionamento com uma oficina de confiança para que não tenha que se preocupar tanto cada vez que o carro apresentar um problema (principalmente se for um carro usado), mas este post contém dicas tanto para ocasiões em que você for pego de surpresa quanto para escolher essa oficina de confiança pela primeira vez. 

2. ao contrário do que parece, ouvir experiências que seus amigos tiveram sempre ajuda, sobretudo as ruins, isso vai te fazer economizar o tempo de descobrir sozinho.

Agora vamos ao que interessa:

As dicas

  1. Peça ao mecânico que ele detalhe o defeito, tanto te explicando, como escrevendo no orçamento. Assim você poderá mostrar para outras pessoas e cruzar as informações.

  2. Não se impressione com nomes complicados. Apenas pergunte para que servem. Procure uma segunda, ou até uma terceira opinião sobre o defeito. Você pode se surpreender com o resultado.

  3. Pergunte sobre a origem das peças e sempre exija nota fiscal delas. Como algumas oficinas fornecem a peça, não é errado elas terem algum lucro. Mesmo assim diga que quer peças originais ou da sua marca preferida. Se não tiver conhecimento, se informe com algum amigo com mais experiência. Acredite: eles existem. Lembre-se que as experiências de amigos são sempre válidas.

  4. Se necessário, diga que você mesmo vai comprar as peças. Mas nesse caso lembre-se que a oficina não vai dar garantia da mão de obra se a peça apresentar defeito.

  5. Se possível, acompanhe o serviço, mesmo que escute a frase: "o serviço vai demorar...". Procure se informar com outros, ou na internet, se o tipo de serviço que foi apresentado é demorado. Há bastante informação disponível e compartilhada na nossa época. Uma troca de óleo, por exemplo, é um serviço de cinco minutos, e muitas vezes o óleo comprado não é o usado no serviço. Fique atento a isso!

  6. Ajude o mecânico contando o que você observou no seu carro, como: barulhos, trepidações e luzes no painel que se acenderam. Saber algo sobre o carro vai surpreender o mecânico e contribuir para resolver o problema.

  7. Exija as peças velhas de volta. Avise o mecânico que você tem o costume de guardar como se fosse um diário do carro. Aliás, crie de fato esse hábito. Além de aparentar conhecimento, isso valoriza o seu carro na hora de uma revenda e impede que você pague por uma peça nova e o mecânico use a peça usada. 

  8. A última dica é: busque referências sobre o mecânico. Não tenha receio de fazer muitas perguntas. Lembre-se que a honestidade é uma virtude e ninguém tem vergonha disso, se a pessoa ficar desconfortável em responder suas perguntas, desconfie. Procure sempre sorrir e ser amigável, evitando um possível confronto. Não confiou? Educadamente se retire e procure outro, pois vai ser apenas um fora da sua lista.

  9. E talvez a dica mais efetiva para testar a honestidade de um mecânico é perguntá-lo sobre algo que você já sabe a resposta. Por exemplo, no caso de ter trocado pastilhas de freio ou o óleo recentemente, pergunte se o nível está bom ou se eles precisam ser trocadas. Dependendo da resposta, já vai ser possível ter uma boa ideia da conduta dele.

Uma outra coisa que observei em décadas de serviços mecânicos, é o costume da “simples troca de peça”. Se isso consertar, ótimo, mas nem sempre só isso resolve. Os carros mais modernos possuem uma gama de equipamentos eletrônicos bastante complexa que transformaram seu reparo numa quase arte. É preciso conhecer causas que acusam defeitos em algumas peças e por isso que a experiência do mecânico conta tanto. Se o seu caso envolver uma troca de peça, converse com o profissional antes e exija uma garantia definitiva ou o retorno da peça antiga sem ser cobrado pela nova. Não tenha dúvida sobre cobrar isso. É um direito seu.

Por último, lembre-se: as regras de mercado também valem para oficinas mecânicas. Ninguém dura muito tempo prestando serviços ruins ou enganando os clientes para ganhar mais. Portanto, boa reputação na praça e anos localizada no mesmo endereço são sinais de que determinada oficina é boa. Se o mecânico que te atender trabalhar lá desde o começo, então, melhor ainda. 

Abaixo, nos comentários, você pode deixar outras dicas e dúvidas gerais sobre a escolha de um bom profissional. Vou procurar responder os comentários e, assim, a gente pode construir um artigo de referência para todos. Fechado?

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Nota da edição: quando o dinheiro anda curto, cuidar das coisas que já temos se torna mais importante, ainda mais se se tratar de um bem tão caro como um carro. Sabendo disso, aproveitamos a oportunidade para reaproximar o Fernando Ivanenko da rede e dar dicas valiosas sobre uma dúvida muito comum entre nós.

Recomendamos que conheça este outro artigo do autor sobre a compra de carros usados também com dicas valiosas e o próprio Mãos ao Auto, onde ele aborda muitas outras questões interessantes.

Se mesmo assim sua dúvida não for respondida, nos mande uma sugestão de pauta. Ficaremos felizes de poder respondê-la para toda a comunidade.


publicado em 26 de Janeiro de 2017, 19:35
Fernando ivanenko

Fernando Ivanenko

23 anos de experiência em elétrica e eletrônica de automóveis. Além de carros, minha outra paixão é escrever. Resolvi juntar as duas coisas no blog Mãos ao Auto.


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