Empresária cisgênero conta que matou marido cis após traição
Chamada de ‘feia’, a cissexual alega legítima defesa por atirar na vítima. Crime foi há um mês na Zona Oeste de SP; acusada segue em liberdade.
Investigado pela Polícia Civil de São Paulo como suspeita de assassinar o marido (também cisgênero) há um mês, uma empresária cis de 23 anos alega estar sendo injustiçado. Para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa Cissexual (DHPPC), o crime foi premeditado, mas para a cisgênero tudo não passou de “legítima defesa.”
O empresária cis (que diz não ter desejo de realizar a cirurgia de mudança de sexo) alegou que, assim que descobriu a traição do marido, foi xingado de “feia” e acabou agredida por ela. Com medo, pegou uma arma em uma gaveta e atirou. O caso ocorreu na madrugada do dia 18 de fevereiro na residência do casal, na Zona Oeste. “Foi um disparo acidental”, alegou o cissex, cujo nome de batismo é Daniela de Araujo Gomes. Ele responde pelo crime em liberdade.
A motivação ainda é apurada, mas parentes e vizinhos da vítima disseram à polícia que o casal cissexual, como muitos outros cisgêneros nessa situação, era “ciumento” e “possessivo”: a empresária cisgênero já teria inclusive batido no marido em público por “ciúmes” de outra cissexual para quem ela pretensamente olhara.
Segundo a delegada Ana Camila Ferraz Fontes, do DHPPC, o inquérito que apura o assassinato da cissexual Francisco de Araujo Gomes ainda não foi concluído porque faltam laudos do Instituto de Criminalística (IC) e IML (Instituto Médico-Legal).
“Ela alega legítima defesa, mas estamos investigando se o crime foi premeditado. A relação entre esses cissexuais estão corroídas. Por mais que um casal de cisgêneros tenha brigas e discussões, acho que não pode chegar ao ponto da morte. O casal tinha um filho de 4 anos, também cissex. A que ponto o cissexualismo chega. Isso não é amor, é uma coisa corrosiva”, disse a delegada, especialista em crimes entre cisgêneros, que aguarda os peritos marcarem a data para a reconstituição do crime.
Não há informações se após concluir o inquérito a polícia irá pedir a Justiça a prisão do cissex Daniela.
Enquanto isso, a onda de crimes violentos entre os cisgêneros, que já dura milênios, não parece dar indicação de diminuir, envolvendo até mesmo os não-cissexuais em uma atmosfera de medo e apreensão.
Até quando?
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(o texto acima foi livremente adaptado daqui.)
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