Não é de hoje que o tema desescolarização ganha as atenções de gente incomodada com o paradigma educacional predominante. Uma série de dúvidas paira sobre as cabeças de muitas pessoas, inclusive a minha. Contudo, um passo que – mesmo com medo – decidi dar foi empreender, na minha própria vida, os caminhos de aprendizagem que escolhi pra mim. Concretizar, na esfera do indivíduo, o formato de educação que se acredita é o primeiro passo da transformação educacional em larga escala que queremos ver.

Como acreditava Ivan Illich, a escola fabril é uma metáfora do mundo hierárquico que teimamos em reproduzir. A ideologia escolarizante, que povoa nossas mentes com crenças como "só os gênios farão uma real diferença", "o que eu quero aprender não importa" e "o conhecimento acadêmico vale mais do que os outros" segue firme nos dias de hoje.

Felizmente, há quem esteja propondo outros caminhos. Na verdade, uma concepção de educação baseada na liberdade – e que vê na liberdade a chave para as descobertas mais significativas – não é nada nova. O famoso escritor russo Leon Tolstoi conciliava suas histórias com uma escola livre que criou em pleno século 19. A escola Summerhill, na Inglaterra, vem desde 1921 propondo uma pedagogia emancipadora e realmente baseada nas vontades dos educandos.

Fundada em 1921, a Summerhill é uma das pioneiras dentro do movimento das chamadas "escolas democráticas".

Mas será que isso está longe demais da nossa realidade? Definitivamente não.

Foi assim que eu e a Camila Haddad nos envolvemos nos últimos anos em projetos que buscavam conjugar, na prática, autonomia e educação. Agora, nos juntamos para criar algo que há muito já estava vivo dentro de nós: uma comunidade de aprendizagem livre.

O programa Desaprender do UnCollege é um percurso desescolarizante de quatro meses para quem quer recuperar o gosto por aprender. Não há um conteúdo prévio: construiremos juntos os caminhos de acordo com os interesses e as necessidades das pessoas.

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As sete premissas a seguir ajudam a embasá-lo:

1. Desaprender é só o começo.

O aprendizado é uma dança entre não saber e saber, entre caos e ordem, entre reflexão e ação. Dura a vida toda e recomeçará sempre.

2. Tudo começa pela vontade.

O interesse genuíno e a necessidade real são os pontos de partida do aprendizado.

3. Aprender é fazer novos encaixes.

A aprendizagem sempre ocorre por meio da interação e o conhecimento só se constrói coletivamente. Estamos todos conectados e cada pessoa que acessamos nos revela uma nova realidade.

4. Não existe um único caminho.

Todos nós enxergamos o mundo diferente. Ao aprender, nós mesmos mudamos ao longo do tempo. Somos capazes de desenhar caminhos com nosso próprio traço, cor e ritmo.

5. Não é só mental.

Aprender envolve pensamento, sentimento e ação. Está no corpo tanto quanto na mente.

6. Tá tudo misturado.

Todas as esferas da vida – trabalho, família, amigos, relacionamentos, espiritualidade, sociedade, meio ambiente – são interdependentes. Aprender muitas vezes significa mudanças importantes em mais de uma delas.

7. É de sabedoria que estamos falando.

Toda aprendizagem deve servir para nos tornar pessoas mais sábias, capazes de fazer do mundo um lugar mais justo e sustentável.

Com base em todos esses pontos, eu, Camila e Luísa Módena, também facilitadora do Desaprender, fizemos um Hangout sobre comunidades de aprendizagem e disponibilizamos o vídeo da conversa no Youtube:

Link Youtube

Participe

Se você estiver afim de experimentar as possibilidades de uma educação que se faz por meio da autonomia e da colaboração, te convidamos para embarcar na jornada do Desaprender. Saiba mais e inscreva-se no nosso site.

Mundos novos são gestados um passo de cada vez.

Alex Bretas

Cofundador da <a>Multiversidade</a>