Nosso relacionamento com a comida é complicado: não é possível simplesmente seguir sem dar atenção à comida e à influência que ela tem em nossa vida. Aqueles que de fato reconhecem o efeito da dieta sob cada aspecto da vida – e que agem de acordo com esse conhecimento – tendem a se sentir mais satisfeitos em vários níveis.
Podemos melhorar a ingestão de vitaminas e substâncias essenciais, o fazendo na forma de pastas ou pílulas, tal como sobreviventes de algum futuro distópico que comem o que conseguem. Ou podemos melhorar nossa apreciação pelas refeições, nos aproximando dos sabores que apetecem nossas línguas e nos invadem de substâncias químicas prazerosas, evitando completamente repercussões ligadas à saúde, porque ora, no final das contas, só se vive uma vez.
Podemos também completamente evitar prestar atenção ao que comemos, comprando o que for mais barato, ou estiver mais perto, ou apresentado nas embalagens mais coloridas. Podemos empilhar uma variedade aleatória de coisas em nossos pratos e jogar isso em nossas bocas, com as mentes absolutamente desfocadas com relação ao ato, só um pouco irritados com o fato de que até mesmo essa ação de comer qualquer coisa exige algo de nós.
A dieta intencional é diferente: ela encontra um equilíbrio entre os dois extremos apresentados nos exemplos – nos permite encontrar prazer no ato de comer, mas também aproveitar bem os benefícios de longo prazo do consumir de modo saudável. E contrário ao segundo exemplo, estar consciente com relação ao que se come reformula algo que seria uma atividade passiva e incomodativa, e a transforma em algo interessante, algo digno – a transforma em algo pelo que esperamos, algo que conseguimos melhorar com o tempo.
Da mesma forma que os relacionamentos com a comida, os relacionamentos com outros seres humanos também podem se mostrar complicados.
Podemos melhorar esses relacionamentos lendo autoajuda e reduzindo esse exercício a uma equação matemática com números e símbolos, com eles apenas tornando mecânica a complexidade de algo que é difícil de explicar em fórmulas e numerais.
Podemos nos jogar na experiência de conhecer alguém, talvez com até bastante intimidade, sem compreender como esse processo funciona, ou o que realmente estamos sentindo em primeiro lugar. Gozando o momento, mas sem nunca explorar como interagimos com os outros além do momento.
Podemos também ignorar os relacionamentos, aceitando que são um componente necessário de nossa vida até certo ponto, mas nunca os investigando para ver que papel essas conexões têm com relação a nossa felicidade, nossa educação, nossas personalidades, nosso crescimento e nossa estabilidade.
Intencionalidade significa prestar atenção: significa fazer as coisas com propósito – não de forma passiva, ou reativa, não apenas porque é nossa obrigação. Fazer algo com a intenção de obter o máximo possível, o que quer que isso queira dizer num dado contexto.
Com a comida, isso significa nos assegurarmos de que estamos comendo “bem” no sentido de que estamos ingerindo o que o corpo precisa, e que estamos aproveitando bem o processo de comer, sem considerá-lo uma provação, e que estamos comendo de uma forma sustentável: sem esgotar os recursos, sem comer de mais ou de menos, sem tomar a coisa como a mais importante de sua vida, e sem a relegar a um papel de coadjuvante no seu palco pessoal. Um relacionamento equilibrado.
A intencionalidade funciona de modo semelhante com as pessoas: significa encontrar um equilíbrio que é tanto sustentável quanto agradável. Significa colocar outras pessoas em sua vida de forma saudável – de forma que não seja codependente ou dissociada. Sem tentar enganar o sistema com gambiarras ou invenções, mas também sem ignorar como se pode melhorar o enfoque de conhecer e interagir com os outros. Melhorar as conexões, sim; mas o fazendo apenas de acordo com as instruções estritas oferecidas com alguém com necessidades e objetivos diversos, não.
Cada relacionamento é diferente, e da mesma forma são as necessidades de cada pessoa: algumas preferem um arranjo mais tradicional, arquetípico (o que quer que isso queira dizer na cultura em que foram criadas), enquanto que outros buscam algo ligeiramente menos convencional. E ainda há outros que preferem algo tão diferente do que é tido como normal que seu modelo ainda nem tem nome.
Qualquer que seja o seu caso, considere como os relacionamentos podem ser mais intencionais, mais customizáveis para você e suas necessidades.
E então, dotado desse conhecimento, aja de acordo com ele. Embora seja maravilhoso ser intencional, querer melhorar algo é só colocar o sapato – em algum momento você precisará sair pela porta e caminhar até o objetivo que você identificou.
O livro novo de Colin Wright, Some Thoughts About Relationships, é para pessoas que querem tudo no que diz respeito a relacionamentos: algo sob encomenda de acordo com suas crenças, objetivos, estilos de vida e desejos únicos. Também inclui um prefácio especial por Joshua Fields Millburn
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Esse texto foi originalmente publicado no blog The Minimalists.
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