Tipo um liveblogging, sei lá. Experimentemos.
Eu aqui começando o questionário do site “Quanto custa um filho?”, bebê Felipe tomando mamadeira enquanto assiste VH1, princesa Juliana no quarto jogando Wii, filhão Henrique na escola comemorando o dia das mães com a dita cuja.
Middle class feelings, e de repente é disso que a coisa toda se trata: descobrir se estou muito ferrado ou ferrado além das piores expectativas possíveis quanto ao peso financeiro da creche que montei aqui em casa.
De cara, três criancinhas nitidamente bem criadas: uma futura chef, um futuro engenheiro, outro futuro médico. Cirurgião plástico, prefiro pensar: vai ter mesmo que ganhar muito dinheiro pra sustentar os filhos que um dia pretenda ter.
Meus comentários enquanto respondo
Perguntas, respostas e comentários, ei-las:
“Qual a faixa de renda mensal da sua família?”. Pena, não encontrei a opção “insuficiente”.
“Sua família possui plano de saúde?”. Opção “Sim, mas pago pediatra particular”. Tentando, na verdade, me livrar dessa despesa, embora obviamente o convênio não me dê acesso ao crême de la crême. Não é decisão fácil, mas com três filhos é coisa que fere de morte o bolso: já chegam as vacinas que os postos de saúde não oferecem.
“Enquanto seu filho não tiver idade escolar obrigatória, ele:” Então, “parentes irão cuidar dele sem custo algum”. Ressalva quanto ao “sem custo algum”. Decisão nossa, aqui em casa: desonerar a patroa de ir batalhar num emprego aí fora. Assumimos esse “custo”, muito mais uma “ausência de receita”, mas que nos permite oferecer muito mais qualidade à vidinha que levamos.
“Para ir à escola, seu filho vai utilizar:” Então, “transporte público”, no caso “sola de sapato”. Morar perto do trabalho já é fodasticamente vantajoso, morar perto da escola revelou-se igualmente importante. Começo a pensar se não se é feliz no cotidiano quanto mais trechos a pé se pode fazer.
“Quando seu filho faz aniversário…”, outro dia mesmo eu cravaria a opção “procuro um buffet para não me preocupar com nada”. Hoje vou de “cuido de tudo pessoalmente e comemoro em casa mesmo”, e não por já ter feito (somados os três filhos) 10 festas em buffet: já fomos a umas 100. Enjoa. Muito. Fora o custo proibitivo da brincadeira, e que em 2011 estamos tentando reverter a uma viagem aos Estados Bonitos da Disney.
“Seu filho vai fazer cursos extra-curriculares?” Tranquilo, “Sim, mas vou procurar cursos gratuitos”. Quer dizer, “vou procurar”, não quer dizer que eu vá encontrar. Tem isso, também, de não abusar da agenda da criançada, que de outra forma estressa e entra na neurose dos pais.
“Você vai pagar a faculdade do seu filho?”. Futurologia pura, além das capacidades precognitivas da minha opaca bola de cristal. Provavelmente “Não, ele terá que trabalhar para poder arcar com essa despesa”. Justo, creio: salutar. Trabalho é aprendizado que não hei de negar aos filhos.
“Seu filho vai receber mesada?”. Vai. Aliás, quase já recebe, por conta da cantina da escola. Opção “Sim, até ele entrar na faculdade e começar a trabalhar”. Como poderia ser diferente? Queremos mesmo criar adultescentes parasitas que guardam pra si toda a grana que venham a ganhar, exigindo sustento paterno até um tardio e eventual enlace matrimonial?
Reflexões sobre o sentido da vida bruscamente interrompidas pelo resultado. Quanto? Quanto custa um filho?
O custo e a temperatura da piscina
R$ 671.807, até os 23 anos de idade. No meu caso, três filhos, mais de dois milhões de reais.
37% em educação, 18% em saúde, 15% em habitação e alimentação, 12% em lazer e entretenimento, 7% em vestuário, 6% em brinquedos e novas tecnologias, 5% em “reserva financeira”.
Menos mal, não se trata de despesa à vista, mas sim a perder de vista. Investimento sem retorno que não o de deixar no mundo gente pronta pra briga, pessoa humana da qual seja possível se orgulhar.
O valor assusta? Assusta. Tem um quê de medição de temperatura: olha, confesso que eu não imaginava tão gelada, a ponto de congelar, a água dessa piscina onde há quase uma década nado, e pra qual volta e meia convido a galera a entrar.
Vamos combinar? Tem custo. Mas não tem preço.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.