O futebol tem seus costumes e boa parte deles  — do vocabulários aos cantos, das "brincadeiras" às crenças  — estão entrelaçados a uma estrutura machista. 

Gritar "bicha" no tiro de meta do adversário é uma ofensa já naturalizada, assim como tantas outras. Repórteres mulheres, como a Regiane Ritter, e a árbitra (Edina Alves Batista), relatam as ofensas rotineiras que ouvem em dias de jogos.

Em uma grande reportagem da Vice, o jornalista Maurício Megale mostra como os torcedores encaram esse tipo de coisa como 'brincadeiras que fazem parte da graça do esporte'. Usa-se do espírito esportivo como justificativa para mascarar as discriminações. 

Do outro lado da moeda que tolera as brincadeiras, estão as violências e assassinatos. O Esporte Espetacular, em reportagem de 10 de janeiro de 2021, aborda crimes de violência contra mulheres que marcaram a história do futebol, terminando, inclusive, em morte. 

 Ainda nessa série de reportagem, o Guilherme Valadares — fundador do PDH e responsável por conduzir treinamentos pró-equidade de gênero trabalhando com homens em empresas e organizações — fala sobre o tema e possíveis gatilhos para a transformação.

 

Pirâmide desta cultura

Na base estão os atos que parecem inofensivos: repassar piadas num grupo de whatsapp, é um ato de mau gosto. O assédio seria outro nível da pirâmide. Então a gente vai subindo com atos que aprecem inofensivos mas não são, porque eles sustentam e validam essa cultura até atos cada vez mais graves até desembocar lá no alto: violência, feminicídio, morte. 

Algumas das propostas são:

  • Educação na base estrutural dos times, incluindo reflexão, debate e até assistência psicossocial aos jogadores
  • Começar por pequenas atitudes dentro de casa, conversando com amigos, colocar em pauta na mesa do bar, no estádio, no almoço de família, na empresa.
  • Não deixar passar, não se calar ao ver uma situação de abuso, racismo machismo ou violência
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Machismo desembocando em homofobia nos estádios

Há dois anos a Vice mergulhou nessa reportagem mostrando como o grito de "Bicha" no tiro de meta dos adversários vai além de uma simples brincadeiras.

Enquanto alguns torcedores alegam que essas "tradições" e "brincadeiras" dão graça ao esporte e que não são o principal problemas. Torcedores e jogadores gays precisam camuflar toda e qualquer evidência para não sofrerem represálias das massas. 

“Sou ativista mas não mártir: não quero morrer, não quero apanhar”

“Ele torce igual, mas ele não pode ser visto”

"O status de ídolo não garante estabilidade"

 

Uma das entrevistadas, ao falar sobre os setores LGBTQIA+ das torcidas, destaca um ponto:

"Não é só uma questão machismo, é sobre masculinidade. Como a mulher lésbica é vista como uma mulher masculinizada (o que é um grande erro) eles acabam tendo uma recepção dentro da torcida melhor que homens gays."

Nenhum problema estrutural é resolvido rapidamente. Se faz necessária uma reforma cultural que aconteça, também, a partir da massa de torcedores, revolucione a cultura do futebol com alegria e respeito.

Redação PdH

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