Pergunta da semana:

"Boa noite, pessoal.

Meu nome é Ariel, possuo 23 anos e não tenho certeza se esta história é atípica ou se algum de vocês conseguem se relacionar com ela, mas ela é a minha história e depois de ler todas as mentorias do PDH criei coragem para expor e pedir ajuda.

Primeiramente gostaria de avisar que consulta com psicólogo ou psiquiatra não me parecem uma opção em primeira mão.

Não por desmerecimento às profissões, mas mais especificamente por um caráter financeiro que acredito que só prejudicaria a situação atual, entretanto, não me oponho se acreditar que esse será um dos únicos caminhos.

Provenho de uma família de renda baixa, moro em uma casa pequena e com pouca privacidade com minha avó, meu pai e minha mãe, um irmão mais velho, um irmão mais novo e uma irmã pequena. Recentemente também vieram morar conosco um tio e uma tia que construíram um "sobrado" em nosso terreno.

Hoje admito e percebo o quão explosivo e emocional eu sou. Sou capaz de jogar um celular novo que levei meses para pagar no chão apenas por causa de mais uma briga familiar (perceba que usei o termo "mais uma", essa situação já se tornou comum e nada agradável).

É possível que isso tenha advindo de minha criação, não me orgulho muito em afirmar que meu pai é extremamente temperamental e agressivo, não que ele chegue a bater ou agredir algum membro da família, mas às vezes a situação já chegou ao ponto de ele praticamente expulsar minha mãe de casa (sim, isso aconteceu, mas ela está conosco ainda) e admito que em certos momentos tenho medo dele.

Devido à diversos aspectos do meu desenvolvimento, criei-me como um ser extremamente recatado, não no sentido de ser prudente e pensar bem antes de agir, mas no sentido de ser extremamente tímido e isolado, possuo de nenhuma a quase nenhuma habilidade social.

Por vezes, me sinto mal até próximo dos meus amigos de infância, como se eu fosse inferior a eles, mesmo que eu tenha toda a certeza que jamais eles pensariam assim.

Vejo-me incapaz de controlar minhas emoções, quanto menos ainda amenizar os conflitos familiares. 

Todas estas questões também me fizeram largar a escola e não cheguei a completar o ensino médio, embora eu entenda o tamanho da importância deste quesito.

À partir desta revelação, também afirmo que essas palavras escritas não são minhas, eu não seria capaz de auxiliar a mim mesmo dessa forma, talvez por timidez, talvez por medo, talvez por orgulho, talvez por achar que eu não mereça, talvez por um pouco de tudo isso misturado. Então, pedi auxílio a um colega para que redigisse esse texto em meu lugar, mas atesto que todas as informações aqui são verdadeiras e fazem jus à realidade.

Trabalho em uma função operária e ganho relativamente bem para alguém da minha idade sem formação educacional, cerca de R$1500 a R$2000 (em minha cidade, é um salário considerável, mas não para sustentar uma família inteira).

Quase todo o meu salário vai para pagar os custos da casa, muitas vezes sinto que sou um dos pilares dela e jogo parte da responsabilidade em cima de mim, visto que meu irmão mais velho não tem muito interesse familiar e meu pai é um tanto quanto volátil.

Porém, percebo o quão pouco tem de "eu" nessa vida e o quanto mais tem de "nós" (sou egoísta demais por desejar isso?).

Atualmente me sinto cada vez mais triste e sei que estou em depressão, já até desejei o pior durante três dias seguidos. Hoje a coisa que me dá mais prazer são os exercícios físicos, embora eu tenha me machucado pesado no ombro e não possa mais continuar da mesma forma.

Muitos dos meus planos futuros acabam sendo frustrados pela situação familiar e causam impedimento. Ao mesmo tempo em que quero ir embora, sinto-me membro indispensável e responsável da família, fora que não consegui ter coração suficiente para "abandonar" minha irmã pequena que foi uma das poucas coisas que trouxe um brilho de luz para nossa casa, uma lástima que em diversos momentos esse brilho é ofuscado por emoções intensas e desagradáveis na casa.

O mito de Sísifo: um homem carrega uma pedra até o topo da montanha, mas ela rola abaixo, e ele repete o esforço. Eternamente.

Me parece que minha família jamais será feliz mesmo com todo o meu esforço, e isso suga toda a minha alegria e vontade de viver. Parece-me que uma das poucas saídas é ir embora e ficar sozinho para tentar fazer essa dor toda passar.

O que vocês acham que eu deveria fazer?"

— Ariel

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Como responder e ajudar no Mentoria PdH (leia para evitar ter seu comentário apagado):

  • comentem sempre em primeira pessoa, contando da sua experiência direta com o tema — e não só dizendo o que a pessoa tem que fazer, como um professor distante da situação
  • não ridicularizem, humilhem ou façam piada com o outro
  • sejam específicos ao contar do que funcionou ou não para vocês
  • estamos cultivando relações de parceria de acordo com a perspectiva proposta aqui, que vai além das amizades usuais (vale a leitura desse link)
  • comentários grosseiros, rudes, agressivos ou que fujam do foco, serão deletados

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Queremos tratar também de dificuldades práticas enfrentadas por nós no dia-a-dia.

Então, quem tiver questões nessa linha, envie pra nós. Assim vamos construindo um mosaico mais amplo de assuntos com a Mentoria.

Essa Mentoria é incrível. Onde encontro as perguntas anteriores?

Basta entrar na coleção Mentoria PdH.

Nosso presente para o Ariel:

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Guilherme Nascimento Valadares

Fundador do PDH e diretor de pesquisa no Instituo PDH.