Quem vê o perfil sério, a pele marcada pelas tatuagens e a fala direta de Anthony Bourdain fica com a primeira impressão de que se trata de um cara obstinado.
Quem analisa seu currículo e vê a trajetória de sucesso desse chef, apresentador de TV e autor de bestseller cria a imagem de um cara acostumado com o sucesso.
Quem acompanha seu programa de viagens e entrevistas, lê seus artigos em diversos veículos americanos ou conhece seu restaurante pessoalmente pode imaginar um cara infalível.
Mas bastou mudar o foco da narrativa e perguntar a Anthony Bourdain sobre sua relação com o fracasso para que a conversa mudasse totalmente de rumo e surpreendesse a muitos.
Com mais de 30 anos de experiência em cozinhas profissionais e diversos títulos no currículo, não é exagero dizer que Bourdain está entre os melhores chefs do mundo. E sendo um restaurante um ambiente tão exigente e competitivo, esse histórico comprova que o nível de cobrança com o qual ele se acostumou é muito alto. Mas o que poucos sabem é que Bourdain não só erra, como estimula o erro.
Numa entrevista recente à Fast Company, o americano com descendência francesa explicou que não se considerava um chef muito bom. Pelo contrário, ele até achou que sua demissão seria justa em mais de uma ocasião por conta de erros que cometeu nas cozinhas pelas quais passou. Mas foram justamente esses erros que lhe fizeram melhorar e encontrar combinações novas ou até melhores:
"Os dias em que falhei, são simplesmente os dias em que eu tentei fazer algo e não fui bem sucedido. Mas eu prefiro falhar miseravelmente em algo que tentei fazer do que simplesmente não tentar. Muitas dessas vezes em que tentei fazer algo e não consegui, acabei descobrindo coisas muito melhores ou tão boas quanto as originais. E isso é ótimo."
A perspectiva de Bourdain não chega a ser inédita, mas perceber que um chef renomado consegue lidar com o fracasso mesmo lidando diariamente com milhões de espectadores e centenas de clientes que visitam seus badalados restaurantes nas ruas de Manhattam nos traz uma sensação libertadora: afinal de contas, a pressão de não poder cometer erros nunca faz bem pra quem?
Diariamente encontramos pessoas travadas demais para se relacionar, pedir por um oportunidade, lançar uma coisa nova ou simplesmente fazer algo diferente do que todos fazem. Muitas vezes, essas pessoas somos nós mesmos. É como se estivéssemos anestesiados pelo medo de passar vergonha em público, de ser humilhado ou qualquer outra coisa que nossos instintos nos trazem à cabeça.
O medo, em si, é uma proteção. É ele que nos impede de nos machucarmos, de assumirmos riscos grandes demais, mas parece existir um limite entre o medo paralisador e aquele que nos faz evitar os desastres/vexames. E racionalizar isso é a primeira maneira de procurar encontrar esse limite e se libertar de vez. Ainda que para isso seja necessário quebrar a cara algumas vezes.
Bourdain parece ter encontrado o limite certo dele. Já nós estamos constantemente buscando o nosso, no melhor estilo "ser feliz ou morrer tentando". E você?
Leituras Complementares:
- Alguns erros não foram feitos para serem corrigidos
- Por favor, deixe-me errar
- Pelo fim do medo de fracassar
Mecenas: Natura Homem
O homem que não erra não existe.
Explorar e entender os próprios limites, ressignificar a noção de sucesso e aprender com os nossos erros são algumas das maneiras de sermos homens cada vez mais à vontade em nossas próprias peles.
Seja homem? Seja você. Por inteiro.
Natura Homem celebra todas as maneiras de ser homem.
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