O corpo fala.

Provavelmente você já ouviu isso por aí, não é mesmo? Ou então, já viveu na pele. Sabe quando um amigo está com a cara amarrada, parecendo tenso e você sabe que há algo errado, mas a pessoa insiste em dizer que não? É a postura da pessoa que entrega a forma como ela está se sentindo, que transmite ao outro tensão, alegria, relaxamento, medo ou qualquer outra emoção. Isso se chama linguagem corporal.

No mundo corporativo, a linguagem corporal é um aspecto muito importante, e que você deve trabalhar. E se você precisar convencer seu chefe a aceitar sua proposta e apostar na sua ideia, mas transparecer insegurança? E se um cliente for muito chato e ele perceber que você está pensando isso sobre ele? E se você precisar motivar e inspirar sua equipe de trabalho e eles perceberem a tensão e preocupação por trás das suas palavras?

Na semana passada, publicamos um artigo que traz 6 dicas para uma negociação matadora. Entre elas, está a tal linguagem corporal:

É muito importante demonstrar confiança e se apresentar como uma pessoa amigável. Devemos evitar demonstrar insegurança e nervosismo, já que isso pode ser interpretado pela outra pessoa como uma fragilidade e uma oportunidade para avançar as questões de seu interesse. Já que nenhuma dessas questões são objeto da conversa em si, temos que procurar demonstrá-las com a sutileza da linguagem corporal.

Mas entendemos que este tópico merece um pouco mais de atenção, justamente porque ele pode ser muito útil para ajudar a alcançar seus objetivos dentro e fora do mundo do trabalho. Sendo assim, abaixo algumas dicas de como usar o tom da sua voz, seus gestos e expressões a seu favor. Como demonstrar entusiasmo, fazer contato visual e estar posicionado em direção ao seu interlocutor são técnicas que podem ser utilizadas por pessoas persuasivas. Tudo isso porque uma linguagem corporal positiva fará com que as pessoas acreditem no que você está dizendo.

Cuidado com as diferenças culturais

Este texto da Associação Brasileira de Coaching traz um panorama interessante sobre o assunto. O artigo frisa a importância de prestar atenção às regras culturais de cada local. Pode ser que um gesto que parece muito normal no Brasil seja ofensivo para uma pessoa de outra nacionalidade.

“Esse aspecto é extremamente influenciado por fatores culturais, sociais e psicológicos. O ambiente no qual o indivíduo está inserido irá determinar a forma como ele irá se comunicar. Gestos e expressões não verbais são interpretados de maneiras diversas em um país, região ou até mesmo em uma empresa. Por isso, é fundamental observar e se adequar aos locais onde precisará se fazer entender da melhor possível”.

Nota da edição: esta matéria do Nexo mostra como a simples distância considerada ideal para que duas pessoas conversem varia de país pra país.

Autoconhecimento: o primeiro passo, sempre, é se conhecer

Outro ponto que o artigo traz com destaque diz respeito ao autoconhecimento. É muito importante conhecer nossas competências e limitações. Só quando estamos cientes delas, conseguimos focar no nosso próprio desenvolvimento. O mesmo vale para a linguagem corporal. Somente tendo consciência de como você se mexe e se expressa é possível trabalhar isso.

“Ter consciência dos sinais que você emite é importante para saber o tipo de informação que se deseja partilhar. Para isso, também é preciso identificar qual postura é a mais ideal para cada situação. Estudos sobre a expressão corporal estão sendo intensificados nos últimos anos por profissionais das áreas de psicologia e sociologia, para identificar os sentimentos e expressões não comunicados por palavras”, traz o texto.

Quer uma dica prática de como melhorar isso? Comece a se gravar quando for falar em público, ou até mesmo em reuniões e depois se assista. Não tenha vergonha. Esse exercício pode te trazer muitos insights sobre a forma como você se posiciona em uma conversa.

Nota da edição: uma dica possível, mas que pode assustar é deixar a câmera do seu computador ligada gravando suas expressões enquanto trabalha. Deixe o aplicativo rodando em segundo plano por tempo suficiente para que você esqueça que ele está lá. Depois se assista e veja como você reage a emails bons e ruins, conversas paralelas, interrupções no seu trabalho, etc.

O que a ciência diz

Esta matéria da revista Galileu traz algumas dicas (todas embasadas cientificamente) de linguagem corporal. Eles entrevistaram a coach profissional e autora de diversos livros sobre interação humanas, Carol Kinsey Goman, e listaram 9 técnicas de linguagem corporais que servirão como um trampolim para sua ascensão profissional.

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1. Tenha uma boa postura

Ter uma boa postura não é bom só pelo jeito que os outros te enxergam. Isso também muda a forma como você lida com as coisas ao seu redor. Estudos já comprovaram que pessoas que sentam de forma correta recebem mais elogios ligados a profissão.

2. Segure um copo de café para parecer mais confiante

Parece brincadeira, mas não é. Um estudo descobriu que segurar bebidas quentes pode te ajudar profissionalmente. Os pesquisadores reuniram diversos candidatos e os separaram com bebidas quentes e geladas. Os que estavam com café ou chá demonstravam uma confiança muito maior do que os outros.

Isso acontece porque quando seguramos algo “perigoso”, que pode nos queimar ou machucar, tendemos a ser mais generosos e suaves. Portanto, se você for fechar negócio com alguém, nem pense em tomar água gelada.

3. Sincronize seus movimentos com sua equipe para aumentar a produtividade

Brincar de mímica parece infantil, mas é uma técnica que pode te ajudar bastante. Pesquisadores da Universidade de Stanford descobriram que pessoas que trabalham em equipe e fazem os mesmos movimentos com pés e cabeças encontram soluções melhores. É isso mesmo, sincronizar a linguagem corporal, pode ajudar a ter ideias inovadoras.

4. Aperte uma bolinha de borracha com a mão esquerda quando estiver trabalhando sob pressão

Essa é uma atividade importante para manter o foco. E sim, tem que ser com a mão esquerda: Goman realizou uma pesquisa com atletas e constatou que apertar uma bolinha de borracha com a mão esquerda trabalha as funções do hemisfério direito do cérebro – entre elas, está a capacidade de concentração.

5. Relaxe os músculos do seu rosto

Não estamos querendo acabar com suas feições, apenas tente relaxar os músculos faciais enquanto lê e-mails. Um estudo da Universidade da Califórnia descobriu que muitas pessoas “revelam” o conteúdo do que estão lendo pelo simples fato de franzir a testa. Além de causar rugas, isso pode criar situações embaraçosas dentro da empresa.

6. Cumprimente antes e depois de fechar negócios

Um simples cumprimento transmite a sensação de animação e cooperação. Pessoas que dão as mãos antes e depois de uma negociação fazem propostas mais justas do que pessoas que vão direto pro assunto. Além disso, um aperto de mão firme passa a confiança necessária para um acordo ser estabelecido.

7. Diminua seu tom de voz para ganhar mais

Um estudo da Universidade de Duke descobriu que 125 Hz é a frequência ideal para um som agradável e que pessoas que falam mais baixo têm mais autoridade em um grupo. Os pesquisadores analisaram 792 chefes executivos americanos. O resultado foi impressionante: uma diminuição de 22 Hz em nossa frequência vocal pode implicar em aumentos reais de salários.

8. Saiba interpretar

Pra quem fez teatro no colégio, esse não será problema. Ser você mesmo é importante, mas saber interpretar outros “personagens” também é necessário. Segundo um estudo da Universidade de Glasgow, nosso cérebro leva 200 milésimos de segundo para adquirir a informação necessária sobre o significado de uma expressão facial. Você tem, portanto, uma fração de segundo para frear uma reação natural indesejada e controlar o rumo da conversa.

9. Não tenha medo de dar um tapinha nas costas

Por último, é reconfortante saber que um tapinha nas costas pode fazer maravilhas. Um estudo, realizado pela Universidade de Cornell, revelou que o toque pode mudar as pessoas. Os pesquisadores analisaram clientes de um comércio americano e apenas 12% dos que não foram tocados deixaram gorjetas. O número aumenta para 14%, com os que receberam tapinhas nas costas, e para 17% os que receberam toques e apertos de mãos. Já nas relações pessoais, onde não existe gorjeta envolvida, o contato (desde que não seja excessivo) pode ajudar a desobstruir rotas de empatia por você.

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Nota da Edição: Este texto é fruto da parceria de conteúdo entre o PapodeHomem e a Endeavor Brasil. Desde julho, estamos republicando quinzenalmente às terças-feiras artigos sobre trabalho e negócios que interessem ao nosso público com a assinatura do portal com mais autoridades no assunto no país. O artigo de hoje contém alterações da nossa redação, mas pode ser lido originalmente aqui.

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