Alfred Kinsey, cientista que dá nome a escala, foi um zoólogo e sexólogo que realizou uma das maiores pesquisas sobre sexualidade humana na década de 1940. Para agrupar as respostas de sua pesquisa, ele desenvolveu uma escala de 1 a 7 que expressa os diferentes níveis de atração de um sujeito por pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto.

A inovação de Alfred Kinsey foi entender que as orientações sexuais são um contínuo com variações que vão além de Hétero ou Homossexual. É menos preto X branco e mais uma escala de variações de cinza, ou seja: uma porcentagem das pessoas seriam estritamente heterossexual ou estritamente homossexual, mas que muitas pessoas estariam em uma variação entre essas duas possibilidades:

"O abismo entre o que nós achamos que as pessoas fazem e o que elas realmente fazem é imenso".

 

Segundo a pesquisa de Kinsey, a maioria numérica dos participantes da pesquisa estavam nas cinco categorias do meio e essa posição poderia variar ao longo da vida. A pesquisa foi feita a partir das respostas dos próprios participantes sobre seus interesse ou atração considerando diferentes etapas da vida. 

Alguns anos depois Kinsey também insere a possibilidade da pessoa não se sentir atraído sexualmente por ninguém, independente de sexo e gênero

Alfred Kinsey publicou este estudo estatístico em 1948,ou seja mais de 70 anos atrás. Nessa época, ele não considerou questões de identidade de gênero nem variabilidades não binárias do sexo biológico (como as pessoas intersexo que não nasceram nem XX, nem XY).

Quem quiser conhecer mais sobre a história de Kinsey pode mergulhar no filme de ficção sobre a vida do pesquisador

A Grade Klein sobre sexualidade

Em 1985, Klein propôs a utilização da escala Ksog (Klein Sexual Orientation Grid), que considerava aspectos combinados como:

  • Atrações sexuais
  • Comportamentos sexuais
  • Fantasias sexuais
  • Preferência emocional
  • Preferência social
  • Estilo de vida
  • Auto identificação
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Afinal, há quem não se sinta atraído sexualmente por ninguém, há quem se sinta atraído sexualmente por um gênero e afetivamente por outro, entre as infinitas possibilidade.

[Pra quem ficou curioso, aqui você pode responder as perguntas da escala Klein e entender qual seria sua posição nela.]

As duas escalas têm suas limitações, afinal a variedade do comportamento humano é imensa, mas ambas tem algo muito potente em comum: elas mostram, ancoradas em estudos, que o desejo e afetividade humana são complexos, variados e que isso não é, necessariamente, exceção. 

Somos seres complexos e, portanto, duas ou três caixas não dão conta de representar toda a população. 

É justamente por todos os tabus sobre a bissexualidade masculina (e feminina – e sobre as sexualidades que não são hétero no geral) que trazemos essa conversa, como um convite para ampliar nosso horizonte, nossos conhecimentos e nossa compreensão e empatia pelos afetos e amores de todas as pessoas. 

Essa conversa das escalas ainda traz um ponto que vale ressaltar de novo e de novo: ver que, em uma grande quantidade de pessoas, muitas, a maioria estatística tem desejos que vão além do sexo oposto, no mostra que estes interesses fazem parte da natureza humana, que o interesse por pessoas do mesmo gênero que você (seja ocasional, frequente ou temporário) não é um defeito, uma anormalidade e nem sequer uma exceção. 

Já conhecia a escala Kinsey? Já tinha parado para pensar onde você se enquadra nela? (não precisa nos dizer, o que vale a reflexão)

Gabriella Feola

Editora do Papo de Homem e autora do livro <a href="https://www.amazon.com.br/Amulherar-se-repert%C3%B3rio-constru%C3%A7%C3%A3o-sexualidade-feminina-ebook/dp/B07GBSNST1">Amulherar-se" </a>. Atualmente também sou mestranda da ECA USP