Nota do editor: Sergio Chaia é Ex-CEO da Nextel e da Sodexo, mas além disso é um executivo com passagens por Johnson & Johnson, Makro, Pzifer, Pepsi, Pizza Hut, KFC. Hoje é mentor de empresários. Já conversamos com ele uma vez onde obtivemos uma ótima fala sobre suas ambições, ego, família e alguns de seus fantasmas. É raríssimo ver alguém em sua posição abrir-se e falar de maneira tão direta sobre esses tópicos. Conhecendo sua franqueza, pedimos que ele escrevesse esse texto contando um pouco do que ele considera uma forma mais benéfica de definir seus parâmetros de sucesso, quais réguas podemos usar para não ficar apenas perseguindo uma miragem. Este texto é o resultado dessa reflexão e ficamos bem contentes em oferecê-lo aqui. Esperamos que gostem e que seja útil.
* * *
Quem nunca correu atrás do sucesso que levante a mão.
Eu já passei a minha vida inteira correndo atrás dele—de certa forma ainda corro. Busquei tanto quando tentei ser jogador de futebol e não consegui, como quando botei na cabeça que queria ser presidente de multinational aos 40 e cheguei lá aos 37 anos.
No fundo, percebo que quando buscava o sucesso, não buscava ele em si, mas o que ele traz. Cada um tem suas métricas. Às vezes é dinheiro, em outras é um apartamento em um bairro bonito, pode ser também um cargo importante em uma grande empresa. O mais comum é vermos pessoas que se pautam em bens materiais para medir o nível daquilo que considera “chegar lá”.
Para mim, no entanto, o dividendo mais relevante do sucesso é o reconhecimento.
Aprendi que ter reconhecimento é uma necessidade minha até hoje—e sei que de muita gente também.
Se não fosse essa necessidade, marcas não existiriam, a propaganda só destacaria atributos tangíveis dos produtos, sem se importar em demonstrar o lifestyle que quem compra ou consome pretensamente recebe.
Antes de seguir, é importante frisar que não estou aqui fazendo apologia ao sucesso e reconhecimento, nem desvalorizando a indústria da propaganda—que, particularmente, admiro.
O contexto aqui é outro. Quero trazer uma reflexão, quem sabe um balanceamento naquilo que a gente valoriza e coloca energia. Falo por experiência, pois se tem uma expressão que quase virou um mantra em boa parte da minha vida é “correndo atrás do sucesso”.
Quando olhamos para essa frase, é como se ele estivesse sempre à sua frente, seduzindo, deixando você chegar só um pouco mais perto. E, fazendo o maior dos charminhos, exatamente quando sabe que você se aproxima e está quase agarrando–o, ele escapa. Você, então, cego pelo que tanto deseja, acelera ainda mais.
No fundo, correr atrás do sucesso é uma busca contínua, insaciável. Na maioria das vezes nociva.
Esse alvo móvel pode torná-lo tão viciado que seu olhar não conhece outros focos, outras dimensões. Assim, você esquece de todo o resto e nem aprecia a viagem.
Esse é o conceito nocivo que aprendi a ressignificar.
Ninguém precisa mentir aqui. Eu quero o sucesso.
Porém, não quero correr desesperadamente atrás dele.
O que mais procuro, hoje, é inverter essa mão para além do que normalmente se ouve. Eu trabalho não para perseguí-lo, mas para que ele corra atrás de mim.
Pra isso, deixei de colocar o sucesso como objetivo. Ele passou mais a ser consequência daquilo que eu faço, daquilo que pratico.
A chave foi refletir sobre o que realmente importa, o que vim fazer nesse mundo , porque eu faço o que eu faço: meu propósito.
Aprendi que propósito é colocar o que se tem de melhor para o mundo.
No meu caso, ajudar, provocar, levar pessoas e organizações a outros patamares de performance.
Esse é meu objetivo, minha intenção em tudo, seja quando faço coaching de Empresários ou CEOs, quando realizo trabalho voluntário com jovens, em conversas com amigos ou mesmo escrevendo esse texto. É isso que eu faço.
Nem sempre dá certo, claro. Porém, vou aprendendo a usar melhor minhas competências e energia com os feedbacks que o mundo me dá.
O meu parâmetro de sucesso—ou seja, o reconhecimento—está correndo atrás de mim? Às vezes, sim. Às vezes, não.
Mas quando ele me alcança, recebo uma sensação plena de estar fazendo o certo, de estar saboreando a vida, ao invés de só correndo. O que eu sinto é esse tal de flow, que tanta gente estuda e persegue.
RENT, o musical, discute como podemos medir os 524.600 minutos de um ano de nossas vidas. O tempo, como unidade de medida limitada me parece uma boa régua para sabermos se estamos avançando rumo àquilo que verdadeiramente consideramos nossa medida de sucesso, o nosso propósito.
Dá uma pensada nisso. Pode estar aí o primeiro passo, para fazer o sucesso correr atrás de você.
Mecenas: Aramis (com um convite especial para conhecerem a Casa Aramis)
Se você dá valor a cada momento e gosta de viver intensamente. Se está sempre em busca do novo e sabe que suas escolhas definem sua personalidade. Se ser autêntico faz parte do seu estilo de vida, a coleção Primavera-Verão Aramis tem tudo a ver com você.
Mais do que combinar com sua maneira de vestir, combina com sua maneira de ser e pensar.
* * *
Por 6 dias durante Outubro, a Casa Aramis vai ser a sede do PapodeHomem e a casa dos homens. O PdH será co-anfitrião do espaço, articulando uma programação com vivências, rodas e conversas.
Vamos tratar de algumas das tensões chave do masculino: sucesso, trabalho, mundo emocional, sexualidade, dinheiro, indo muito além de estilo e guarda-roupa. Teremos convidados especiais e livestreaming de todas as atividades.
É uma preciosidade vermos uma marca acreditar em caminhos autênticos de transformação para os homens.
Esperamos vocês por lá!
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.