Criar o próprio negócio é um sonho ousado. Admiramos os que o fazem, lemos inúmeros livros a respeito, vamos a palestras, meditamos e se alguém inventasse uma seita para cultuar o empreendedorismo estaríamos lá em todas as reuniões quarta à noite.

Para preparar o avanço de nossa conversa nessa direção, convidamos para um papo o professor doutor da FEA-USP, James Wright — que também está à frente do Profuturo (Programa de Estudos do Futuro) ligado à FIA (Fundação Instituto de Administração). Além disso, ele representa a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP) que dá apoio técnico ao projeto SP 2040, cuja missão é planejar São Paulo daqui 28 anos.

James Wright e o futuro do Brasil, sem firulas

Selecionei e comentei algumas falas de destaque.

PdH | Entrevista com James Wright Pt.1 from Papo de Homem on Vimeo.

“Temos muitas soluções ineficientes e parciais, e poderíamos ter feito muito melhor com as oportunidades.”

Esta é uma crítica importante. Aproveitar este momento de pujança econômica para também fazer as reformas estruturais das quais o Brasil tanto precisa é fundamental. A criação de um ambiente institucional claro e seguro vai impulsionar nosso crescimento nos próximos anos.

“A globalização gera oportunidades muito grandes, inclusive para as pequenas empresas. Sem dúvida, hoje as pequenas podem atingir um público muito mais amplo e uma região geográfica muito maior, usando recursos da internet e investimentos internacionais.”

“Há uma importância muito grande no apoio do governo brasileiro para definição de acordos bilaterais e multilaterais que dêem suporte para as empresas brasileiras se desenvolverem.”

Este é um ponto chave. A pauta de exportações brasileira deve mudar ao longo dos próximos anos, produtos industrializados devem aumentar sua importância. Neste sentido, mercados abertos e acordos estratégicos com outros países vão favorecer consideravelmente nossos empreendedores na busca por novos consumidores.

“Há necessidade de uma aprendizagem formal (para o empreendedor). E também de arrojo, de ir pra fora. As empresas brasileiras estão muito acomodadas.”

Ousadia é o que se espera. Somos ridiculamente criativos, desenvolvemos soluções únicas e temos tecnologias de interesse global. Levar nossos produtos a mais mercados é, ao mesmo tempo, o principal desafio e oportunidade.

PdH | Entrevista com James Wright Pt.2 from Papo de Homem on Vimeo.

“Já morei e trabalhei fora muitos anos. O brasileiro claramente tem essa capacidade de inovação, de criatividade, de contornar problemas. Isso vem um pouco de nossa grande herança multiracial. Isso gera muitos biotipos, muitas visões diferentes, uma multiculturalidade nata para o nosso povo.”

“Precisamos juntar ao lado bom, habilidoso, do jeitinho brasileiro uma maior eficácia na execução das ações, mais constância, mais sequência, (…) na produção, nos resultados, na entrega, no atendimento, no pós-venda. Precisamos ter consistência nisso e construir, com arrojo, nossa competitividade mundo afora.”

Traduzindo, necessitamos disciplina de execução, no sentido amplo do termo. Cumprir prazos, alinhar planejamento, venda e pós-venda é matéria fundamental para forjar uma nova cultural empresarial, capaz de competir internacionalmente.

“No fundo o problema central do Brasil é educação. (…) Quando uma empresa brasileira enfrenta um problema, ela coloca mais gente para resolver o problema. (…) Nós precisamos aumentar a produtividade, isso só se faz com educação, começando lá embaixo. Criando uma força de trabalho criativa, mais qualificada.”

Educação é base para nosso futuro, já tivemos inúmeros nessa área ao longo saltos nos últimos anos. Necessitamos intensificar o processo, alcançar patamares de qualidade inéditos. E isso não depende só do governo, cada vez mais empresas e organizações privadas estão investindo no promissor nicho educacional. Temos muito a aprender, ensinar e lucrar nesse caminho.

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Mas quais os prós e contras de nosso momento atual?

Somos o país da criatividade, dos solucionadores de crise, o local onde se abrem mais franquias no mundo. Temos 14.600.000 de empreendedores, isso por si só seria outra nação.

No entanto, o jeitinho e a malandragem não deram conta do recado no passado e não há razões para crer que vão nos bastar para aproveitar o excelente momento vivido pelo Brasil hoje. Necessitamos ir além, com profissionalismo e trabalho árduo, acompanhados de olhar crítico.

Assim os demais mercados estão nos vendo. Hora de aproveitar!

Possuímos uma economia pulsante em meio a instituições e leis arcaicas, legislação tributária complexa e burocracia ineficiente. Empreender pensando no futuro significa possuir uma capacidade rara de entender o contexto atual e seus obstáculos, ao mesmo tempo em que se vislumbram as gigantescas possibilidades que vão se desdobrar nos próximos anos e décadas.

Desde de 2006, o investimento na economia tem crescido a taxas 3x superiores ao crescimento do próprio PIB, isto denota a confiança no futuro por parte dos empresários. Demanda interna está alta, consumo elevado e salários crescentes. Um movimento de entrada de executivos estrangeiros no país sem precedentes, à procura de trabalho, revela o quanto nossa realidade mudou. Balanço da Coordenação Geral de Imigração (CGig), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra que 56.006 profissionais estrangeiros foram autorizados a trabalhar no Brasil em 2010. Em 2009, foram 42.914.

O Brasil apresenta as taxas mais baixas de desemprego já registradas em nossa história e do outro lado do atlântico temos uma Europa em situação oposta, com altas taxas de desemprego e países em falência. Há motivos de sobra para sermos otimistas, ainda mais quando pensamos no potencial a ser desbravado. Vêm por aí Copa do Mundo e Olimpíadas, complementados por um sentimento de segurança em meio a um mundo em franca crise.

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Acredito que, com as considerações expostas, conseguimos mostrar o quão rico é o futuro disponível para o Brasil, desde que nossos governantes, executivos e empresários trabalhem com afinco. Construir pensando à frente e preparar nossos negócios para tanto não é fácil. A quantidade de oportunidades aumenta assim como a quantidade de variáveis, é um desafio pra gente grande.

Quero muito seguir a conversa com vocês nos comentários, esse tema vai bem mais fundo. Como pensam em suas empresas ou ideias para construí-las, tendo em vista os desdobramentos futuros para o Brasil e demais países do mundo?

Por fim, como enxergam o contexto atual, o futuro econômico de nosso país e a sua participação nesse sentido?

Mecenas: HSBC

Em 2050 a nação mais rica não será os EUA. A economia vai crescer 5x mais nos países emergentes, aumentando a renda per capita em 7x.

Isso é só o começo.

Descubra quem será a nação mais rica e como as influências vão se transformar nas próximas décadas assistindo ao vídeo abaixo – e visitando o estudo completo feito pelo HSBC sobre as oportunidades que o futuro reserva aos empreendedores.

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João Marcos

Economista por ideal; contador por praticidade, sempre inquieto, ainda acha que vai criar coragem para pular de parquedas. Ensinou a muitos clientes do Unibanco e do Itaú como investir em ações, engordando um bocado de contas bancárias.