Nota da edição: este texto foi escrito por José Roberto Castro e originalmente publicado em Nexo Jornal. Faz parte de uma nova parceria de republicações, fruto de uma visita nossa à sede deles e de uma conversa das boas. O Nexo é um jornal digital pra quem busca informações precisas e interpretações equilibradas sobre os fatos do Brasil e do mundo. O PapodeHomem reconhece valor no jornalismo de informações contextualizadas e generoso do veículo e recebe com alegria sua republicação por aqui.
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A ideia de que se bebe para esquecer os problemas, que antes era apenas uma desconfiança de muita gente, foi constatada estatisticamente pelo Ibope DTM. O desânimo com a economia faz o consumidor brasileiro comprar mais pinga. O instituto de pesquisa deu até um nome para o fenômeno e oficializou o “Índice da Cachaça”.
O instituto comparou, e encontrou correlação, entre o resultado do Índice Nacional de Expectativa do Consumidor e as vendas de cachaça em três redes varejistas.
Desde janeiro de 2013 a confiança do brasileiro na economia vem em trajetória de queda, enquanto o Índice da Cachaça faz o caminho inverso. No final de 2015, quando a confiança acumulava queda de 11,8% em relação ao ano anterior, o Índice da Cachaça, que mede em pontos a quantidade do produto vendida, alcançou seu maior nível.
Relação entre cachaça e otimismo
Evidências estatísticas
Para verificar a correlação entre a venda de bebidas e o pessimismo com a economia, o Ibope dividiu a população brasileira em 13 macrossegmentos e 42 segmentos de acordo com a renda e o perfil de consumo. Nessa divisão, descobriu-se que quanto mais pessimista está o grupo, maior sua afinidade com o quesito “sair para beber/ir a bares e restaurantes”. Grupos que tem o Inec (Índice de Expectativa do Consumidor) mais negativo são mais propensos a gastar em bares.
Pessimismo e disposição para bares por classe
A venda de bebidas alcoólicas não foi abalada pela crise econômica, que trouxe aumento do desemprego e queda na renda do brasileiro. O valor médio gasto com bebidas subiu 1,1% em 2015 na comparação com 2014.
Índice do batom
Nos Estados Unidos, desde o início dos anos 2000, os economistas olham para o “lipstick index”, ou índice do batom. As vendas do produto de beleza crescem junto com o pessimismo em relação à economia.
A explicação está nos hábitos de consumo dos americanos. Quando a economia vai mal, as consumidoras tendem a optar por produtos de beleza mais baratos e que proporcionam bem estar. Assim, o “índice do batom” se tornou um termômetro do humor do americano com a economia.
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