Gosto do fim de ano. Tem 13º na conta, recesso para ficar pela casa de cueca e Robertão na TV. A Simone sempre lança disco de Natal e o sítio do tio Dorival é enfeitado com bonecos infláveis do Bom Velhinho. Eu poderia dizer que gosto do fim de ano porque é uma época de fraternidade, de abraçar o mundo e desejar a todos muitas coisas boas, mas seria balela. Aprecio porque é o extremo oposto do resto do ano.
(No resto do ano eu não tenho dinheiro em conta, mal paro em casa e o Robertão só toca na vitrola da minha tia-avó. É quando Simone é apenas uma vaga lembrança.)
Nas firmas, acontece a mesma coisa. O que no restante do ano era apenas um sonho, no fim do ano se torna realidade. É quando aquele cara chato do RH esquece os 10 minutos de atraso e o novo gerente do financeiro, que sempre se acha o pica das galáxias, resolve ser mais bróder. Até o seu chefe abre um sorriso no rosto que, durante 11 meses, foi morada de tensão e testa franzida.
É um período de felicidade. Mas apenas até a página dois.
Verdades absolutas
E neste clima inverossímil, há sempre um incauto que sugere:
— Vamos fazer um amigo secreto?
Ele será alvo de olhares de desaprovação por todo o ano vindouro. Mas apenas se sobreviver ao bullying corporativo. É o senso comum odiar as festinhas da firma, mas eu adoro. Gosto especialmente porque, na época de Natal, até os conceitos mais batidos se tornam pífios. Por exemplo, amigo secreto de firma é uma sucessão de verdades absolutas, uma após a outra. Dizem por aí que isso de “verdades absolutas” é impossível, mas provavelmente quem disse isso é autônomo. Bancários, por exemplo, sabem muito que há absolutismo neste evento tão odiado por todos e tão amado por mim.
Sim, o escritório inteiro saberá quem tirou quem dois dias depois do sorteio dos nomes.
Sim, você vai tirar o papelzinho com o nome de alguém que não tolera.
Sim, haverá piadinhas infames que começam com “o meu amigo secreto é…”
Sim, o presente que você receber não será tão legal quanto o que você der.
Sim, alguém ficará deprimentemente bêbado. E talvez seja você.
Link YouTube | Há sempre a probabilidade de você ganhar um casaco usado
Mário Prata, ao contrário de mim, não gosta de Natal. E ele não gosta pelo mesmo motivo que eu adoro:
Quer coisa mais irritante durante o mês de dezembro do que ir a um barzinho ou restaurante, de noite, para tomar um chopinho e ter, ao seu lado, aos gritos, berros e urros, uma “festinha da firma”, com risos histéricos, discursos profundos e etílicos do “chefe”, gozações com a “gostosa” da firma e a indefectível troca de “amigos secretos?” Por que gritam tanto nas “festinhas da firma?” E quando você vai ao banheiro sempre tem um ou dois funcionários burocraticamente vomitando. Como se vomita no Natal! Principalmente os bancários.
O que Mário considera chatice, eu considero catarse.
Que venham as festas deste ano! Eu até já comprei o presente do meu amigo secreto: um DVD da Simone com o coral das Meninas Cantoras de Petrópolis cantando 25 mil músicas natalinas.
Link YouTube | E você achou que o resto do ano é que era ruim…
Mecenas: Pão de Açúcar
Obviamente que eu não posso dizer quem eu tirei, mas dou dicas: ele é o cara mais zuado aqui do QG. Vários posts falam dele. Eu mesmo já o aloprei muito. Ainda não pensei na cesta dele, mas provavelmente colocarei banana. É a cara do meu amigo oculto. Sabem quem é?
Promoção
O Pão de Açúcar, por meio dos votos dos cabrones no widget do artigo “Prometo parar de beber em 2012”, descobriu o que os leitores PdH gostariam de ter na ceia de Natal. Para saber quais foram os ingredientes mais votados, clique no widget abaixo.
Uma dica: não tem bacon. Vocês me decepcionaram…
Agora vamos abrir uma votação para a sobremesa natalina favorita dos nossos leitores. Qual é a sua preferida e por quê? O autor da resposta mais criativa ganha uma cesta completa de Natal do Pão de Açúcar.
Boa sorte, cabrones!
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