O mundo mudou e muda mais a cada dia. As coisas que aquele tio solteirão ensinaram talvez não sejam mais válidas e as abordagens que você aprendeu com seus amigos também não. Agora, você se pega sozinho no carnaval e sem nenhuma pista de como se aproximar de uma mulher que te interessa.
Não existe uma fórmula: cada mulher que você conhecer na vida vai ser diferente da outra, se interessar por coisas diversas e gostar de ser tratada de uma forma única. Não existe aquele papo de “toda mulher gosta” disso ou daquilo e, a gente sabe, isso dificulta a hora da paquera.
É sempre bom lembrar que, resumidamente, os homens são educados para serem caçadores e mulheres para serem as presas e depois de adultas, muitas mulheres passaram a questionar esse papel e não aceitá-lo. É aí que as coisas ficam estranhas: homens e mulheres acabam não falando a mesma língua.
É por isso mesmo que eu, uma mulher, estou aqui pra dar uma ajudinha pros caras que gostam de minas e pras minas que gostam de caras e querem que você se aproxime. Preparado para anotar as dicas?
Entenda o que os gestos da mulher estão dizendo
Talvez ninguém tenha te dito isso, mas o primeiro passo para você ganhar o coração, ou pelo menos a atenção de uma mulher é observar se ela está aberta a isso. Tem dias em que estamos com vontade de apenas curtir a festa, as amigas, a diversão… Em outros sentimos que seria legal conhecer uma pessoa interessante. E tudo isso a gente fala com o nosso corpo.
O corpo vai contar coisas que a comunicação verbal poderia esconder. Ela está aberta para o mundo ou só para o grupo em que está inserida? Ela está olhando ao redor? Esse olhar é de quem busca pessoas ou de quem está observando a festa? Ela retribuiu seu olhar ou se fechou quando o notou?
Tudo isso vai dizer se você deve dar o primeiro passo em direção a ela. É só gastar três minutos observando, nada demais. É dar ao mundo um pouco de empatia e para isso você não pode atropelar as coisas.
Um dado assustador: mulheres também são pessoas
Eu sei, vários homens foram criados para enxergar mulheres como seres totalmente diferentes deles, mas essa não é a verdade. Quando vejo caras perguntando “mas o que eu devo falar com ela?” fico até sem entender… Oras, fale coisas que você falaria com um cara.
De novo:observação. Você está em um bloco, quais são as coisas que estão acontecendo ao redor que podem ser comentadas? Os músicos são bons? O DJ está tocando o set list mais incrível da vida? O bloco cresceu muito desde o ano anterior? As pessoas estão com fantasias incríveis? A fantasia da pessoa de quem você quer se aproximar é genial? Tudo isso é uma faísca de assunto.
Falar sobre o corpo dela, a beleza, dizer que você não consegue deixar de olhar pra ela… bem, nada disso é uma conversa. É você fazendo um julgamento de valor sobre ela, quase um jurado de concurso de miss. Nem toda mulher quer ser miss, nem toda mulher aceita ter sua aparência julgada, não importe o quanto você acredite que ela pensou em cada detalhe para agradar ao sexo oposto.
Fuja do senso comum sem olhar para trás
Quais são os xavecos que você usa sempre? Você tem pick up lines de dar vergonha? Pode ser sincero, ninguém está olhando! Faça uma listinha delas – coisas como “Tão bonita e sozinha?”, “Nossa, que gata”, “Se eu tivesse uma namorada que nem você não deixava sair sem mim”, “Com você eu casava” não são nada legais de se ouvir…
Essas formas de aproximação são o senso comum, elas não falam nada sobre você. É como se você criasse um distanciamento tão grande da outra pessoa usando frases de efeito (que acabam tendo um efeito negativo) que se torna impossível criar um laço. E interesse tem tudo a ver com laços.
Há algum tempo conversei com muitas mulheres para escrever um texto com as abordagens que tinham dado certo e aquelas que foram erros enormes. O resultado, que pode te ajudar muito a encontrar o seu estilo próprio, foi esse: “Raio X do xaveco: vinte abordagens boas e ruins que a gente viu por aí, explicadas”.
Existem também os ditados da (falsa) sabedoria popular. "Sim é sim, não é talvez, talvez é talvez", por exemplo, é um dos que mais são absurdos: note que não existe a possibilidade de um não, como se toda mulher estivesse só esperando um homem apontar seu valor para se jogar em seus braços. Sim é sim, mas pode mudar pra não a qualquer momento. Não é não e as chances de mudar são tão pequenas que é desrespeitoso insistir. Talvez é talvez, mas as chances de ir para o sim e para o não são as mesmas – fora que se a gente lembrar que mulheres são criadas para serem gentis, agradáveis e educadas, para não deixar o outro se sentindo mal, a possibilidade desse talvez ser apenas um não com roupa bonitinha é enorme!
Sempre tenha em mente que pode ser que aquela mulher não queria conhecer ninguém naquele dia. Ou que ela simplesmente olhou pra você e não rolou interesse. Não importa se você é bonito, feio, gordo, magro, rico, pobre, preto, branco ou oriental: pode ser que ela simplesmente não esteja interessada. E aí você faz o que? Segue a vida, irmão!
O que vem depois da aproximação é o que realmente importa
Você suou para encontrar uma maneira de se aproximar e aí acha que pode relaxar? Nada disso! É agora que as coisas se tornam decisivas. Sobre o que vocês vão conversar? Por mais que seja uma conversa de três minutos, no meio de um bloco de carnaval, é uma conversa.
Não seja invasivo, agressivo ou apressado, nem use a famosa conversa de elevador. Faça perguntas e escute as respostas dela com atenção para conseguir continuar a conversa. Comunicação é isso: ouvir o outro. A gente está muito acostumado a antecipar todos os passos e não aproveitar as brechas que são dadas: puro desperdício de tempo.
Como estamos falando de lugares cheios e barulhentos, uma dica: quando você fala perto do ouvido de uma pessoa não precisa gritar. Use o tom normal da sua voz e você já vai ganhar pontos por não deixar a garota muito surda.
Mas, Carol, como eu vou saber se ela gostou da aproximação?
Quando eu fico sem graça ao ponto de não saber lidar com as pessoas rio, mas não é o mesmo sorriso ou risada que dou com o resto do mundo, é um riso amarelo, nervoso, cheio de tensão. E tensão a gente sente no ar.
No começo pode ser difícil interpretar os sinais, muito mais porque você não quer enxergá-los do que por falta de capacidade para isso. Na prática, as mulheres deixam claro quando estão desconfortáveis tentando se afastar de você fisicamente, inventando desculpas, não continuando a conversa ou buscando as amigas com o olhar. O olhar da mulher também diz muito: se ele está como o de alguém sendo assaltada é um mal sinal, por exemplo.
Se uma mulher está interessada em você ela segue em frente com a conversa, encontra coisas em comum, tenta manter o papo e faz com que você se sinta alguém especial. Especial de verdade, não só como alguém que ela precisa manter sob controle porque é mais forte do que ela. Assim que você se permitir sentir de verdade o que está na sua cara vai ficar muito mais fácil entender quando alguém te olhar de um jeito diferente.
Mãos ao alto: cuidado com os limites
Mantenha suas mãos para trás, ao lado do corpo ou as utilize para falar, mas não toque a outra pessoa sem saber se você pode fazer isso. Ok, brasileiros são pessoas que tocam, fomos ensinados assim, mas somos seres inteligentes que se adaptam as novas regras e essa é uma delas: se você não conhece a pessoa ou não tem intimidade com ela, mantenha as mãos sob controle.
Nós, mulheres, somos tocadas sem nossa vontade o tempo inteiro. Desde um desconhecido que pede uma informação até alguém que tenta nos assediar passando a mão pelo nosso cabelo ou nos puxando pela cintura. Você não quer se igualar a essas pessoas, quer?
A expectativa é algo que pode jogar a seu favor: deixe que ela sinta vontade de tocar você e ser tocada de volta – nota importante: se ela encostou em você para te empurrar isso não quer dizer que ela queria tocar em você, mas que deseja que você fosse embora.
Chegou na hora de tentar um beijo? Pergunte! Parece bobo, mas a segurança que a mulher vai sentir se você perguntar “posso te beijar?” antes de fazer qualquer coisa é um afrodisíaco sem igual!
Ser um cara legal pode te render bons começos de conversa
Se tem algo que as mulheres têm reclamado cada vez mais é o comportamento egoísta dos caras. É como se só olhassem pro lado em busca de mulheres, sem nem se dar conta de todo o resto que está acontecendo. Ocupe esse lugar!
Olhe ao redor: tem alguma mulher bêbada passando mal e precisando de ajuda? Tem algum cara passando dos limites e aproveitando que a garota está desorientada pelo álcool ou outros aditivos? Tem algum cara precisando de ajuda porque não está parando em pé? AJUDE!
Não é sua obrigação. As pessoas deveriam conhecer melhor seus limites. Se todo mundo se cuidasse ninguém tinha que cuidar dos outros. Mas no mundo real as coisas não são bem assim. O sol está forte, a cerveja gelada, todo mundo está se divertindo… E de repente não está mais. É assim rápido que acontece e é por isso que é tão importante ter alguém pra ajudar: você nem se deu conta direito do que está rolando.
Seja o cara gente boa, que ajuda, oferece água. Seja aquele que pergunta pra amiga da garota bêbada se ela precisa de ajuda pra carregar a mana. Seja o que diz para o outro cara que aquilo não é legal e que ele tem que parar. Seja o diferente, sabe?
Mas faça isso com mulheres e homens. Não seja gentil porque busca algo em troca, seja gentil porque é o certo a fazer. Pode ser que você conheça pessoas legais, comece conversar e até conheça a garota que vai fazer seu carnaval mais feliz? Pode ser. Mas isso deve ser consequência e não objetivo.
Um exercício rápido antes de sair de casa
Você não vai conseguir mudar nada se não olhar com sinceridade para você mesmo. O que você tem feito que parece não deixar as mulheres felizes? Quais os “don'ts” que você descobriu que tem no seu repertório? O que você gostaria que fosse diferente?
Sai de casa já com a certeza do que você não quer fazer e pensando em maneiras interessantes de se aproximar das pessoas. Leve com você o mantra “mulheres são pessoas” e se você errar na aproximação, peça desculpas e comece de novo. Todo mundo está aprendendo o lugar que ocupa nessa nova configuração de mundo, nada mais justo do que tentar.
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Nota do Editor: todas as imagens são do Pequeno Manual Prático de Como Não Ser Babaca no Carnaval, da Prefeitura de Recife.
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De homem pra homem: como não passar vergonha nesse carnaval
Catuaba, suadeira, bate-tambor, marchinhas, beijo na boca e alegria pra todo lado. O carnaval é essa data maravilhosa na qual as pessoas põem pra fora suas fantasias e colorem as ruas com tudo o que há de melhor na vida.
Essa é a nossa série especial mensal de conteúdo, versão carnavalesca. São 4 textos ensinando como tirar o melhor do carnaval, da pegação à montagem de blocos para participar do rolê sob outra perspectiva.
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