O goleiro italiano Gianluigi Buffon deu uma entrevista para o Player's Tribune falando sobre como enfrentou a depressão em 2005, no auge de sua carreira.

Aos 26 anos, Buffon percebeu que foi perdendo o ânimo para todas as coisas. A princípio achava que era algum cansaço, talvez associado a uma virose. Isso continuou até o dia em que o jogador começou a sentir as pernas tremerem de fraqueza, ameaçando sua performance no campo.

Depois de diversos exames, um médico indicou que ele estava apresentando os sintomas de uma depressão.

No vídeo abaixo, o goleiro italiano conta como sua rotina de jogador o levou a este estado e como ele conseguiu superar a depressão. (Como o vídeo só tem legendas em inglês, vamos traduzir algumas partes em português neste texto)

 

Buffon conta que estava levando a vida no piloto automático: treinava, ia pra casa, assistia à TV, comia e dormia. Foi se deixando de lado enquanto pessoa, enquanto indivíduo que tem hobbies, gostos, etc.

"Deixando morrer a mente, o corpo todo morre."

Quando o médico o diagnosticou com depressão, sugeriu que ele tomasse remédios, mas o jogador preferiu não tomar. Resolveu investigar sua vida e encontrar seus motivos sem a ajuda de fármacos. 

Foi num passeio por uma galeria de arte que ele viu um quadro bem simples e que trouxe uma nova perspectiva de vida pra ele: "Gigi, nesse momento você precisa de normalidade, coisas simples e provavelmente na normalidade estará sua felicidade."

O jogador fala que dedicar mais tempo e esforço em atividades criativas que o fizessem se entender enquanto pessoa única que tem algo a expressar, foi uma das ferramentas que o ajudam a manter a mente sã.

Ele também conta que saber pedir ajuda foi fundamental:"A minha sorte é que em um momento de dificuldade, não tenho vergonha de mostrar meu lado, digamos assim, fraco"

Ele também comenta que sente que saiu fortalecido da sua fase de depressão:

"Essa é uma prova difícil e pra superar essa prova é preciso ser um guerreiro. As pessoas tem medo de se colocar em jogo e pra mim se colocar em jogo é falar com as pessoas, mostrar suas fragilidades e saber que dessas dificuldades você pode verdadeiramente sair mais forte"

No site Player's Tribune o goleiro também publicou  uma carta emocionante para seu "Eu" de 17 anos.

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"Querido GianLuigi de 17 anos, (…) 

Em apenas alguns dias você será presenteado com três coisas que são muito muito inebriantes, mas muitos, muito perigosas: Dinheiro, fama e o trabalho dos seus sonhos. 

Agora, você deve estar pensando, "O que pode ser perigoso nisso?"

Bem, é um paradoxo. 

Por um lado, é verdade que um goleiro precisa ser confiante. Ele precisa ser destemido. Se você der a um treinador a chance de escolher entre o goleiro com a melhor técnica do mundo e o goleiro mais destemido do mundo, eu te garanto que ele vai escolher o maldito destemido toda vez.

Por outro lado, a pessoa que não tem medo pode, facilmente, esquecer que tem uma mente. Se você vive uma vida niilista, pensando só sobre o futebol, sua alma vai começar a definhar. Eventualmente você estará tão deprimido que não terá vontade de sair da sua cama.

Pode rir se quiser, mas é isso que vai acontecer com você. Vai acontecer no auge da sua carreira, quando você tiver tudo aquilo que um homem pode desejar ter na vida. Você terá 26 anos e será o goleiro do Juventus e da seleção da Itália. Terá dinheiro e respeito. As pessoas até o chamarão de  'Superman'.

Mas você não é um super herói. Você é apenas um homem como qualquer outro. E a verdade é que a pressão dessa profissão pode te transformar num robô. Sua rotina pode se tornar uma prisão. (…)"

Redação PdH

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