Pergunta: “Quando tinha 12 anos foi quando comecei a me masturbar. Como não conseguia me masturbar usando as mãos, eu usava um massageador, igual a um vibrador, e ai depois de um tempo começou a sair pouco gozo, mesmo dando um tempo, mas era muito pouco, porque a sensação era muito boa. Então, me masturbava quase todos os dias.

Quando eu tinha 15, em um dia eu estava assistindo TV e comecei a mexer no meu penis e aí gozei como na primeira vez e foi nesse dia que aprendi a me masturbar e fazia quase todos os dias. Às vezes dava um tempo mas era pouco, porque quando me masturbava de novo, saía muito pouco, e aí dava tempo para me recuperar, mas não conseguia parar. Isso é como um doença, um vício. Uma vez  consegui parar por um tempo mas logo voltei (17,18 e 19).Bem, todas as vezes,  logo, logo eu voltava a fazer de novo.

Agora tenho 20 e tentei não me masturbar, consegui mas, por pouco tempo, igual a quando tinha 18 foi quando resolvi parar de entra em site pornô,  por causa da masturbação, mas sempre voltava a ver e masturbar.

No mês passado eu consegui parar por um tempo mas quando paro, depois de um tempo,  eu me masturbo só para ver quanto gozo voltou.Então como estava falando, nesse mês parei, mas logo voltei.

Isso é um problema, tem como ter de volta o gozo que eu tinha quando tinha 12, o que devo fazer?”

– Anônimo

Olá, leitor.

Seu post é uma mistura típica de desinformação, auto-preconceito e furor sexual adolescente. Tendo isto em vista, resolvi trazê-lo para a minha coluna, até para desmistificar o bicho chamado masturbação.

Por definição, masturbação é a estimulação (auto ou hetero) do órgão genital, frequentemente até o ponto do orgasmo, que pode ser feita manualmente, por outros tipos de contato corporal (exceto a penetração), por uso de objetos ou uma combinação destes métodos. Portanto, aquilo que você fazia aos 12 anos é pura masturbação.

opa
ôpa, garotão!

Sobre o seu primeiro orgasmo

É mais do que normal a ejaculação sair um pouco mais clarinha no começo, e à medida que o organismo se desenvolve, adquire a consistência branco-leitosa do sêmen adulto. Agora, querer ter de volta a sua ejaculação como era aos 12 anos, é coisa de Peter Pan. Você está crescendo.

O normal seria querer ter uma ejaculação digna de um Peter North (ator pornô conhecido pelo alto volume e distância atingido pelo seu líquido ejaculado), mas cada um é cada um, né ?

A frequência com a qual a pessoa se masturba é determinada por diversos fatores:

– Resistência individual a tensão sexual;

– níveis hormonais circulantes;

– influências parentais;

– saúde atual;

– e a atitude individual perante a masturbação influenciada pela cultura.

Esta última, originária da moral judaico-cristã, gera uma culpa resultante em grande parte da condenação da vivência do prazer sem a finalidade da reprodução. Mas os tempos são outros.

Hoje sabe-se que a masturbação tem um papel específico na evolução sexual e no ciclo de vida do ser humano, podendo ser encarada como ensaio para o sexo adulto. Faz parte de um aprendizado sobre o funcionamento do próprio corpo, o que será importante para o desenvolvimento futuro. O que de forma alguma quer dizer que seja uma atividade imatura, que deva ser abandonada durante a vida adulta. A tendência é a diminuição durante a vida adulta, claro, até porque neste período ocorre o pico de atividade sexual propriamente dita, porém a necessidade varia individualmente, de acordo com fatores como as circunstâncias afetivo-emocionais da pessoa.

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Um fato concreto, caro leitor, será difícil você se masturbar com essa freqüência se estiver fazendo sexo regularmente.

Praticamente todos os homens já se masturbaram/se masturbam alguma vez na vida, e segundo estudos, 62% das mulheres já o fizeram. O declínio da masturbação durante a idade adulta é bem mais pronunciado no sexo feminino. E agora, leitor, a informação que mais concerne ao seu caso. O conceito de “masturbação excessiva”, é RELATIVO. Não há uma definição científica de masturbação excessiva, e cada um considera como excessiva, aquela freqüência maior que a sua. Portanto, você relata que fazia todos os dias. E DAÍ ? O problema é que você considera isso como anormal, e isto já está afetando sua psiquê.

ousadinha
Elas também entraram na festa…

Porque masturbação só faz mal à saúde quando a pessoa se sente carregada de culpa e remorsos por praticá-la, funcionando como gerador de angústia e diminuição de auto-estima. A pessoa se propõe a ser “boa e pura”, para logo depois cair novamente na tentação. E muitas vezes, a masturbação é conseqüência, e não causa de um problema maior. Temos como exemplo a masturbação compulsiva por ansiedade, que no caso funciona como tranqüilizante. Enfim, como qualquer coisa na vida, tudo o que é demais é ruim, mas no caso da masturbação, quando utilizada pelo prazer que propicia e sem sentimento de culpa, pode ser benéfica e positiva para o indivíduo.

Fisicamente, a masturbação apresenta aspectos benéficos:

– Aumento da fertilidade: pode alterar, na mulher, as condições de cérvix uterina, vagina e do próprio útero de uma forma que facilite a fecundação. Aumenta também a acidez do muco cervical, dificultando a infecção por DSTs; No homem, a masturbação elimina espermatozóides idosos e com mobilidade reduzida, aumentando a taxa de espermatozóides jovens e mais ativos;

– Alívio de stress psicológico

– Redução de pressão arterial (assim como o sexo)

– Homens que ficam muito tempo sem ejacular têm risco aumentado de câncer de próstata. A masturbação pode auxiliar em determinados casos.

Por último, sobre as lendas urbanas sobre a masturbação:

– Não, masturbar-se não vai fazer crescer pelos na mão

– Uma dúvida muito comum, se a masturbação influi na produção de testosterona : Os relatos científicos são conflitantes, ainda não se chegou a uma conclusão. Isto porque a produção de testosterona é contínua, e a variação sofrida com atividades sexuais acaba tendo pouca influência nos seus níveis (Não discuto aqui benefícios psicológicos do ato de não se masturbar, pois são individuais).

Enfim, caro leitor, provavelmente existem caras por aí se masturbando até mais do que você, e que não estão nem aí, vida normal. Como mostrei aqui, fisicamente não há nada contra o ato masturbatório. Creio que o problema todo está na forma com que você lida com isso.

Dr Health, que nutre extremo respeito em relação ao Peter North. Como ele consegue aquelas propulsões estratosféricas?

Mauricio Garcia

Flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico e o nosso grande Dr. Health.