“Ola Dr.Love,
sou casado a 10 anos, e tenho uma criança de 9, bom antes da
minha esposa engravidar tinhamos uma vida sexual ativa (bem ativa), ela me
procurava sempre para ter relação e se mostrava sempre muito bem disposta
quando eu a procurava.
Pois bem depois que ela teve nene ela diz que todas
as vezes que temos relacao dói, ela já foi inúmeras vezes no ginecologista
ele também já me mandou para o urologista mais o resutado é sempre o mesmo, ele
não tem nada e vc passa essa pomada.
Ela já passou varias, eu até perdi as contas e nunca fica bom.
na hora do ato, eu faço tudo de acordo com o que manda o figurino, faço
oral até ela ter orgasmo, mais ai quando eu vou introduzir o penis ela diz
que esta doendo que parece estar cortando, o que eu faço?
Ela teve a criança através da forceps será que tem algo a ver? Será que os pontos
não foram dados corretamente?
Aguardo respostas.”
Esta pergunta foi feita ao Dr Love, que repassou à minha pessoa.
Olá leitor. Está bem claro aqui o que aconteceu para mim, mas antes vamos a alguns esclarecimentos gerais.
Trata-se de uma mulher com vida sexual ativa e satisfatória, que após um parto complicado, desenvolveu a chamada dispareunia (dor ao coito). Nem mesmo a preparação adequada a deixa fazer sexo sem dor.
Causas da Dispareunia
A dispareunia tem um bom número de causas. Muitas delas não estão relacionadas com condições físicas da mulher, como o vaginismo (leia-se a mulher não relaxa de jeito nenhum, é frequentemente complicação de uma primeira vez traumática). Outras podem ser secundárias a DSTs, ou mesmo falta de lubrificação. Mas não parece ser o caso aqui, por isso não ficarei me atendo a essas possibilidades.
Pois o fato é que sua esposa teve um parto complicado. Isso eu deduzi a partir do momento que você me deu a informação sobre o uso de fórceps. O fórceps é uma espécie de pinça metálica que é introduzida na vagina na hora do parto, e essa pinça pega na cabeça da criança e auxilia ao trazê-la para fora. Para chegar ao ponto de usá-lo, eu deduzo que o parto foi algo complicado.
Falemos agora sobre o procedimento em si : O parto se dá com a criança descendo pelo canal vaginal da mulher. Que em geral não tem como suportar todo o alargamento sem sofrer dano estrutural. Para facilitar a passagem da criança, é feito um corte na parede da vagina, procedimento chamado episiotomia, o que facilita não só a saída do bebê como a colocação do fórceps. Após o parto, a episiotomia é suturada. Cicatriza e a mulher segue sua vida normalmente. Apresenta uma recuperação muito mais acelerada em relação ao parto cesáreo, ou seja, a mulher retorna mais rapidamente á suas atividades normais.
Fato é que a episiotomia em si pode trazer complicações. Cicatrização deficiente ou hipertrófica, hipersensibilidade cicatricial, e todas elas se traduzem num sintoma: Dor ao coito. A colocação (necessária) do fórceps também pode esmagar tecidos locais, aumentando a chance de complicações.
A solução
Caro leitor, pela linha de tempo clara entre o parto e o início dos sintomas, a principal hipótese, a meu ver, é de complicação da episiotomia. Em alguns casos a dor ao coito pode se resolver sozinha, mas quando não acontece, a indicação é de revisão cirúrgica da cicatriz. Converse com o ginecologista sobre tal possibilidade, visto que medidas conservadoras não estão trazendo resultado adequado.
Abraços e boa sorte.
Dr Health, que nasceu de parto cesáreo justamente por sua mãe ser médica e morrer de medo dessas complicações do parto normal.
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