O cara levou a sério o treinamento para controlar a ejaculação. E as mulheres reclamaram.

Caro Dr. Health,
Muito ouço falar por aí sobre camaradas que têm problemas em segurar o gozo durante o sexo. As estatísticas (ao menos aquelas que são divulgadas) afirmam que o homem médio “resiste” por cerca de 15 minutos antes do rojão explodir, algo que,
eu acreditava, deveria ser uma das razões para tantas mulheres frustadas existirem nesse mundo…
O sujeito que vos escreve, sabendo dessa realidade, se doutrinou desde adolescente no “princípio da resistência” e sempre seguiu o mesmo padrão. Exercício do músculo pubococcígeo, sexo tântrico… Pratiquei o quanto pude e li razoavelmente a respeito. Minha meta era durar ao menos uma hora antes do ápice, o que já acontece há uns 8 anos.
Tenho hoje 27 anos, heterossexual leitor de Playboy desde os 10, experiente com diversas nacionalidades (em particular europeias, mas a brasileira ainda é minha favorita), tomo minha cervejinha de vez em quando, complexo vitamínico 3 vezes por semana, exercícios físicos regularmente e meu urologista disse que tudo está nos conformes comigo.
Salvo 3 gatas que tive (que não brincavam em serviço), com todas as demais eu demorava no mínimo uma hora antes de gozar – e, como você deve bem saber, com um músculo PC bem exercitado é possível gozar sem ejacular, uma benção pois, nessa condição, nosso companheiro não precisa descansar.

Prática avançada para evitar ejaculação precoce

Meu nível de autocontrole chegou a tal ponto que se eu não quiser gozar, eu simplesmente relaxo. Gozar se tornou uma decisão minha mais do que uma consequência natural do ato (claro que a qualidade do sexo ainda é importante para esse resultado!). Eu chegava a brincar com algumas delas desafiando-as a me fazer gozar antes delas, o que algumas levavam a sério (questão de honra!) enquanto outras estranhavam (cara de “esse-cara-tem-algum-problema”). Não surpreendentemente estas últimas, sem exceção, proporcionaram fodas medíocres.
No entanto, salvo uma, todas as gatas reclamaram que eu demorava demais: “Isso não é normal!”.
Por mais que fosse bom pra elas, mesmo aproveitando sem medo da festa acabar cedo, elas não queriam “se preocupar em ter que, toda vez, se esforçar pra me fazer gozar”. A princípio a interrogação que aparecia sobre minha cabeça era pequena, mas hoje já é do tamanho de uma casa.
Será que eu entendi tudo errado? A ideia do sexo não é curtir o momento, fazer a parceira gozar adoidado e esperar certa reciprocidade da parte dela? Ou o que as mulheres querem mesmo é se satisfazerem e nós homens temos de nos virar? Será que eu que sou azarado por só pegar mulherem que não curtem sexo mesmo? Será que aquilo a que me condicionei na verdade é uma desvantagem mais que uma vantagem? Te peço uma luz nesse assunto.”

Olá, leitor.

Primeiramente, não acho que você tenha algo de errado, patologicamente falando. Não mesmo.

Pelo contrário, você está colhendo frutos de um belo treinamento. Muito se fala a respeito dos exercícios de músculo PC e seus benefícios, mas confesso que seu relato é um dos poucos que se vê por aí. É natural do ser humano não insistir em coisas que exijam muita disciplina; a imensa maioria dos que começam a exercitar o referido músculo simplesmente desiste após um tempo. A curto prazo, é notável a melhora da qualidade da ereção. Mas um relato de autocontrole como o seu é difícil de ver. Meus parabéns pela disciplina!

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Porém, seu “erro” foi mais para o campo da psicologia feminina: abrir-se demais para suas companheiras. Aqui já estou entrando no campo do Dr. Love, mas como o email foi para mim, vamos em frente.

Imagine uma mulher, com conhecimentos convencionais sobre sexualidade, encarando alguém que entra de sola e lhe mostra um mundo completamente novo? É uma bomba para uma cabeça, naquele momento, limitada, não acha? Experimente mostrar um iPad para um índio silvícola. Lembro quando o mágico David Blaine foi à Amazônia fazer mágicas para índios: ele simplesmente não conseguiu fazer mágica com baralho. Os índios não entendiam números e naipes. Mais ou menos isso.

Um outro exemplo semelhante? Estimulação anal. Uma mulher mente aberta saberá que o fato de o cara gostar de estimulação na região anal não necessariamente quer dizer que ele é gay… Mas não é o tipo da coisa que qualquer mulher topa sem consequências.

Ademais, uma coisa importantíssima pra mulher é ela fazer o cara gozar. O seu “desafio”, na verdade, fere a honra dela. Ela se sente incapaz de satisfazê-lo, e isso é frustrante. Por isso as reclamações que você ouviu. Parcela considerável da população feminina tem auto-imagem frágil. Qualquer ameaça a essa imagem vai gerar uma resposta muitas vezes defensiva – no caso, ofensiva, como foram os rótulos de “Isso não é normal”.

Lembram do site (hoje fora do ar) “Beautiful Agony”?

Minha humilde experiência com as mulheres, e a de outros amigos inclusive muito mais “rodados” do que eu, diz que é importantíssimo para elas se sentirem capazes de satisfazer um homem. Prova disso é que uma mulher é bem capaz de se satisfazer sem um orgasmo, desde que seja uma transa intensa e prazerosa.

Mas se o cara não gozou… Sai de baixo! Tragédia.

Outra coisa que você está privando as moças: a falta de controle! Imagine se um dia você faz amor* com uma garota, não consegue se controlar e goza rápido. Isso dá uma sensação de poder indescritível pra mulher. Ela é a poderosa e fez você perder o controle, ao contrário de quando você controla a situação e tira esse poder dela. Sacou?

Não há desvantagem nenhuma para você. Pelo contrário, você continuará colhendo os frutos do seu esforço, mas é só uma questão de entender como a cabeça feminina funciona e agir de acordo. Certo?

Dr Health, convocando eventuais leitores que já obtiveram os mesmos benefícios de um músculo PC bem treinado a darem seu depoimento nos comentários.

*O trecho em itálico é uma singela homenagem à minha digníssima namorada, aproveitando o recente Dia dos Namorados. Ela se enfurece quando escrevo termos machistas como “comer uma garota”… Tenho que fazer minha média, né?

Mauricio Garcia

Flamenguista ortodoxo, toca bateria e ama cerveja e mulher (nessa ordem). Nas horas vagas, é médico e o nosso grande Dr. Health.