Quase todo mundo se culpa por preguiça em algum momento. Quase todo mundo tem alguma tarefa em modo de espera; algo que já poderia ter sido feito, mas que foi empurrado com a barriga.
E se eu te dissesse que você (e eu, e todo mundo) tem mais um tipo de preguiça com que se preocupar? A preguiça social.
Link YouTube | Não tem exatamente a ver com o assunto, mas esse é o melhor vídeo sobre preguiça do YouTube inteiro
O conceito vem de uma pesquisa realizada em 2007 e publicado no Journal of Personality and Social Psychology, sobre a qual eu li recentemente no PsyBlog. Diversas “cobaias” foram colocadas diante da seguinte situação: elas conversariam alguns minutos com suas namoradas/namorados, depois bateriam um papo igualmente curto com uma pessoa estranha do sexo oposto. Foi pedido que os participantes estimassem com antecedência o quão prazerosa seria cada uma dessas conversas.
O resultado foi que as pessoas geralmente acham que conversar com alguém muito próximo é melhor do que acaba sendo. E o contrário acontece com estranhos: os papos com as pessoas desconhecidas acabavam sendo melhores do que o esperado.
Segundos os pesquisadores (e um pouco também segundo o bom senso), a questão aqui é o esforço.
Quando conversamos com nossas namoradas ou com nossos melhores amigos, não nos esforçamos. Baixamos nossas guardas, somos nós mesmos sem preocupações. Isso é bom até certo ponto, porque é fácil. Não cansa. A vida é cansativa o bastante e às vezes precisamos relaxar. Mas essa falta de esforço também dá origem a papos xoxos, vazios, sem significado. Pouco marcantes e pouco prazerosos. Que saem do nada e vão a lugar nenhum.
Se há uma pessoa desconhecida na nossa frente, porém, imediatamente entramos no modo de gerenciamento de imagem. Queremos que a outra pessoa saiba o que há de melhor em nós. Nos importamos. Nos esforçamos. Colocamos a nossa melhor cara a tapa. E isso geralmente dá origem a papos mais prazerosos, mais memoráveis, mais inteligentes. Menos convencionais.
Você já havia observado isso acontecendo?
A mensagem que uma experiência como essa deixa é simples e direta, bem como a gente gosta: evite a preguiça social quando estiver falando com pessoas que já te conhecem. Faça de conta, às vezes, que sua mãe, seu melhor amigo ou a sua namorada não te conhecem completamente (até porque isso é uma verdade), e use na conversa com eles o mesmo tipo empenho que você teria ao conversar com aquela fofa na sua frente na fila do McDonald’s ou com o amigo do seu brother no barzinho. Depois nos diga se os papos melhoraram ou não.
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