Comunista x Sionista - Julian Assange entrevista o intelectual esloveno Slavoj Žižek | O mundo amanhã #2

Nota editorial: o PapodeHomem tem orgulho em ser parceiro da agência de jornalismo investigativo “A Pública” e ser um dos republicadores das 12 entrevistas da série “O Mundo Amanhã”, na qual Assange entrevista pensadores, ativistas e líderes políticos em busca de ideias que podem mudar o mundo.

Nesta entrevista, Julian Assange recebe o intelectual esloveno Slavoj Žižek na sua prisão domiciliar na Inglaterra. Ambos conversam, via satélite, com um dos líderes da direita americana, David Horowitz

O intelectual superstar Slavoj Žižek é conhecido por suas contribuições à teoria da psicanálise, à crítica cultural e à política, na qual sempre se engajou para além das discussões acadêmicas – ele foi candidato à presidência da Eslovênia nos anos 90. Cultuado pela jovem vanguarda intelectual europeia, esse notório provocador se define como leninista mas também como lacaniano.

Já David Horowitz é um soldado linha dura do pensamento conservador americano – e um sionista sem o menor pudor. Nos anos 60 e 70, foi uma liderança de esquerda na cidade californiana de Berkeley. Depois de colaborar com os Panteras Negras, começou seu caminho sem volta para a direita. Hoje, seu instituto faz campanhas contra influências islâmicas e de esquerda na mídia, na academia e na política.

Link YouTube

Este encontro entre mentes tão diferentes é, no mínimo, acalorado. “Você é um apoiador da coisa mais próxima que temos do nazismo”, diz Horowitz. “Você apoia os palestinos. Eu não vejo como diferenciar os palestinos, que querem matar os judeus, dos nazistas”.

Irritado, o esloveno dispara:

“Desculpe, você já foi à Cisjordânia?”

Em alguns momentos, Assange tem que segurar o exaltado Žižek, embora seu adversário esteja em outro continente.

“Nós, totalitários das antigas, deveríamos, nos juntar  e nos livrar deste liberal aqui!” brinca Žižek para Horowitz, referindo-se a Assange.

O tom da conversa varia entre o antagônico e o bem humorado; os três falam de personalidades que vão de Stalin a Obama, do conflito entre Israel e Palestina, do desejo da liberdade ao Estado de vigilância,– passando, é claro, pelo trabalho o WikiLeaks, considerado “perigoso” por Horowitz.

No final, Žižek conclui:

“Isso foi uma loucura!”

publicado em 10 de Outubro de 2012, 15:02
File

Pública

A Pública é uma agência independente de jornalismo investigativo sem fins lucrativos e livre reprodução de conteúdo. Tem a missão de produzir reportagens de fôlego pautadas pelo interesse público, visando ao fortalecimento do direito à informação, à qualificação do debate democrático e à promoção dos direitos humanos. Visite apublica.org. [Twitter | Facebook].


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura