"Como reaprender a pedir ajuda?" | Mentoria PdH #17

"Tenho filho pequeno e noiva em depressão. Como pedir auxílio com um manto de amargura e desconfiança que me envolve por completo?"

Pergunta da semana:

"Se alguém viesse aqui e me perguntasse para mim como eu estou me sentindo hoje, eu provavelmente responderia que me sinto como se não tivesse uma boca e estivesse com a necessidade urgente de gritar.

Olá, equipe e leitores do PdH.

Me chamo Marcelo, tenho 27 anos e inspirado por muitos que já passaram por aqui na Mentoria, decidi também deixar meu relato, afim de buscar um pouco de elucidação.

Atualmente, não posso dizer que sou uma pessoa que se orgulha do que é hoje. E ao ler o Mentoria PdH #5 – “Tenho 32 anos, mas uma autoimagem de 21”, percebi que assim como nosso amigo Douglas, eu hoje passo por um sério problema de autoimagem. No entanto, acredito que as raízes das minhas angústias tomam outro rumo.

Atualmente sou um pai de família que já se encontra formado, mas assim como muitos de nós, passo por dificuldades de carreira e financeiras. Nada que o seu esforço possa mitigar...

No entanto, tal esforço não se encontra presente em mim. Minha autoestima nunca foi das mais altas, e como esperado, as falhas e adversidades da vida tendem a ter um impacto emocional mais doloroso do que deveria ser.

Isso, somado a ânsia de cumprir suas responsabilidades, no que envolvem um pequeno filho e uma noiva no qual atualmente se encontra num quadro grave de depressão, fazem minha vida perder o sentido.

Nessas horas, o recomendado seria procurar ajuda, ter alguém para que ao menos amparasse suas dores... Mas não me sinto capaz disso, e é este o motivo de eu estar aqui. 

Eu simplesmente não consigo me abrir para mais ninguém, e eu acredito que um grande sentimento de amargura esteja por trás disso. Sabem, não posso dizer que sempre fui uma pessoa de coração aberto. Vindo de uma juventude tímida e reservada, minha relação com as pessoas nunca foi das mais amplas, e com o início da vida adulta, isso só foi se agravando.

Conforme as alegrias iam se esvaindo e o contato com os poucos amigos que eu tinha foi se estreitando, passei a construir uma visão muito cínica da vida. O mundo ao meu redor passou a ser encarado por mim de forma mais cruel, e quaisquer ações positivas que eu testemunhava eram vistas com desdém. Aos poucos, fui vestindo uma máscara de indiferença.

Nem ao menos minha família deve saber de tudo que se passa comigo, pois eu não consigo crer que eles possam entender minhas angústias. Atualmente, sou incapaz de encarar quaisquer ações de benevolência e ajuda como legitimas, e isso foi o que me fez afastar de qualquer tipo de ajuda por muito tempo.

Desnecessário dizer que isso está cobrando sua conta. Diante das adversidades atuais, eu necessito por minhas dores para fora e clamar por ajuda, visto que estou diante de uma vida de infelicidade e depressão.

Mas... Como pedir ajuda com um manto de amargura e desconfiança que me envolve por completo?

Poder ter um pouco de fé de que nem todo mundo está aqui para te ferrar e que você não é simplesmente alguém descartável, e assim reaprender que no fim das contas, seu cinismo não era tudo aquilo e assim deixar de ver o mundo de uma forma um pouco menos cinza e poder buscar por ajuda sem culpa, nem desconfiança.

Apenas peço um pouco de elucidação, antes que eu acabe por me tornar um misantropo completo. Desde já, agradeço."

— Marcelo

* * *

Como responder e ajudar no Mentoria PdH (leia para evitar ter seu comentário apagado):

  • comentem sempre em primeira pessoa, contando da sua experiência direta com o tema — e não só dizendo o que a pessoa tem que fazer, como um professor distante da situação
  • não ridicularizem, humilhem ou façam piada com o outro
  • sejam específicos ao contar do que funcionou ou não para vocês
  • estamos cultivando relações de parceria de acordo com a perspectiva proposta aqui, que vai além das amizades usuais (vale a leitura desse link)
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Então, quem tiver questões nessa linha, envie pra nós. Assim vamos construindo um mosaico mais amplo de assuntos com a Mentoria.

Essa série Mentoria é demais. Onde encontro as últimas perguntas?

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publicado em 30 de Julho de 2018, 00:09
File

Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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